CosBands – Guaraenses unem cosplays e apresentações musicais

Nos palcos os mais variados e famosos personagens de quadrinhos, desenhos animados, filmes, animes japoneses e figuras da cultura pop com um repertório musical inclui pop rock, metal, rock nacional, aberturas de animes, séries nipônicas e mais

A banda Kerberos – com nicho em anime e pop rock, rock moderno, anos 90 em diante e filmes relacionados a essa nova geração – tocou, inclusive, no CarnaGeek que aconteceu no Teatro de Arena do Guará

por Vinícius Neves

Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante um grupo de amigos – orgulhosamente autodeclarados nerds – se reencontrou, durante o evento Hackacity que aconteceu no Guará, e eles decidiram unir forças para dar um fim às identidades secretas e assumir um caminho profissional mais heróico, em multiversos muito mais lúdicos e fantásticos. Quando não tem que ser o Superman, Clark Kent se disfarça de humano sendo um repórter de jornal chamado Clark Kent; já Peter Parker ganha seu sustento sendo fotógrafo freelancer para um exigente editor que é obcecado por uma única manchete e só tem um pedido em mente: uma bela foto do Homem Aranha cometendo algum flagrante comprometedor. Ex-veterinário, o brasiliense – radicado guaraense – Luiz Carlos Ferreira da Silva Júnior é cosmaker, há mais de dez anos, e também produtor, cenógrafo e agente de cosplayers. Ele é um dos integrantes do time por trás do projeto Cosbands Guaraenses. Após abandonar a carreira cuidando de animais, ele decidiu mergulhar de cabeça (estilo Aquaman), no universo dos personagens ficcionais, especificamente aqueles rostos conhecidos da cultura pop, nerd e geek.

Um ponto de encontro frequente de muitas reuniões desse time é A Caverna @acavernadf, uma hamburgueria e luderia que fica no Polo de Modas do Guará II – uma espécie de bat-caverna cuidadosamente decorada com itens que deixam qualquer fã de cultura nerd de olhos brilhando, boca salivando e barriga cheia. Foi lá que a Werry (esquerda), Meliza (centro) e Luiz (direita) encontraram a reportagem do Jornal do Guará

A dedicação é tamanha que ele tem que acompanhar os lançamentos recentes enquanto trabalha na confecção das fantasias realistas – há mais de 1.600 figurinos para se escolher. Destaques seriam os personagens da franquia Star Wars, super heróis, lançamentos da Disney e animes japoneses. Com uma década mexendo com cosplay, fabricando os itens e organizando eventos geeks aqui em Brasília, Luiz conta que a ideia surgiu após observar que não via bandas fazendo esse tipo de trabalho: “É uma coisa que eu sempre vi, a necessidade de focar em bandas dentro dos eventos”. Ele faz uma ressalva: “Existem bandas que tocam músicas geeks, mas não vestidos de cosplay ou que sejam cosplayers. A maioria dos músicos das nossas bandas são cosplayers mesmo, casos raros de um ou outro que não são”.
Luiz e sua agência de cosplay Cos and Makers – referência brasileira na área – trabalham na confecção de todos os tipos de trajes, armaduras, cenários e props (objetos) que se observam nas telinhas e telonas: sabres de luz, armas heróicas, árvores gigantes e até uma armadura com ar-condicionado embutido. Ele encarou seu maior desafio quando teve que construir uma complexa armadura do herói Homem de Ferro, fartamente abastecida de lâmpadas LED e recursos tecnológicos que tornou o resultado final uma versão bem fiel ao tecnológico traje criado pelo bilionário Tony Stark – que, nos quadrinhos e filmes, constrói o primeiro protótipo da armadura enquanto é mantido prisioneiro, dentro de uma caverna, por inimigos.

A união
Luiz Carlos Ferreira da Silva Júnior é cosmaker, produtor, cenógrafo e agente de cosplayers. Ele é uma das pessoas que encabeçam o projeto de cosbands.

“Foi uma união como cosmaker com as bandas, como a do Daniel, para formar essas bandas novas. Uma ideia, um novo conceito, que é o cosband, que já existe nos Estados Unidos e outros países também mas, no Brasil, não há nenhuma banda que fizesse referência a isso, somente bandas que apenas tocam músicas geek”, conta Luiz. O Daniel que ele menciona é o Daniel da Costa Rodrigues, que é produtor musical, filmmaker, roteirista e produtor executivo. Como bom fã de super-heróis, Daniel também tem um codinome e atende por um nome artístico: Werry Durangos. Eles dois são amigos há mais de 20 anos e Daniel é o braço musical – e mente audiovisual – do projeto, agregando com as bandas que conhece e forma pela cidade. Sobre as cosbands, Werry diz: “É legal porque traz a energia interativa de misturar dois mundos: cosplay e os músicos. Levar isso pro palco é incrível e o público recepciona isso muito bem”. E diz mais: “A gente viu o festival do Japão, quando a banda Kerberos entrou, o público foi para cima e também fomos procurados por Diogo Miyahara (cantor oficial da série japonesa Jaspion) e conseguimos trazer tudo para o mesmo palco”. Já Luiz acrescenta que o cantor japonês (que mora no Brasil) procurou a banda um dia antes, após escutar os sons e querer tocar junto. “Imagina o que dá para fazer nesse universo, dá para se unir a diversos dubladores e cantores de aberturas e trilhas sonoras famosas. Uma cosband pode fazer um mundo infinito de coisa, é um conceito que estamos trazendo para o Brasil, para o Guará – esse nível de interatividade maior nos shows”, contam com entusiasmo.
É Werry quem mantém o site da produtora audiovisual bandasderock.com.br junto com sua equipe, que inclui a produtora audiovisual Maria Eliza “Meliza” Mendes. No melhor estilo Dragon Ball, foi feita uma fusão de empresas que se tornaram um resultado ainda mais forte e poderoso. O bandas de rock é uma referência nesse contato de agenciamento de bandas, como explica Meliza: “O bandas [de rock] faz produção de videoclipes e eu venho com a visão audiovisual das bandas: video clipes, fotos promocionais e materiais de divulgação das bandas”. Ela acrescenta que eles estão produzindo vídeos das cosbands que serão disponibilizados, em breve, no Youtube.


Novidade no Brasil, a ideia é colocar cosplayers, que também são músicos, para apresentar músicas – ao vivo e a cores – que remetam ao público aos seus personagens favoritos da cultura pop, nerd e geek. Eles anunciam algumas novidades que estão por vir: “A gente tá montando uma [banda de] pirate songs, uma de tema viking, games 8-bits e uma banda exclusivamente feminina com o tema Suicide Girls (modelos sensuais com tatuagens, piercings e visual alternativo), com trilha sonora de Evanescence e músicas mais góticas.
No palco, as bandas realizam apresentações que vão de temas de animes japoneses a versões clássicas de canções da cultura nerd, algumas delas levadas para um lado ‘pink floydianamente’ mais sombrio , como é o caso dos shows da cosband DarkSide, que, apesar do nome, não é temática exclusivamente de músicas ou cosplays de Star Wars, e sim uma banda que leva músicas da Disney e outros clássicos dos anos 60 a 2000, com foco em anos 80, para um lado que as “metalizam”: deixam mais sombrias, tocando-as no rápido, sonoramente agressivo como no estilo metal. Sobre isso, Luiz disse: “A ideia é sair da magia Disney, como em “A Bela e a Fera”, e trazer para uma pegada mais metal-rock – a gente faz essa brincadeira com as músicas” e esclarece ao exemplificar: “Não estamos presos ao tema de Star Wars – a maioria é fã da franquia, tocamos as músicas – mas a banda pode mudar de trajes, como uma temática de Halloween, por exemplo”.

Criatividade

A força (criativa e empreendedora) é forte neles, que estão com agenda aberta para novas bandas temáticas e alguns eventos já marcados – que eles pediram para não divulgar com antecedência no jornal, o que seria como contar um spoiler (termo usado quando alguém revela o enredo de uma história e acaba com o fator surpresa) sobre uma série ou filme e acabar com o suspense da trama. Segundo Luiz, a prática de cosplay no país cresceu 800% durante a pandemia de Covid-19, incentivado pelo grande consumo de mídias proporcionado pelo período de isolamento social. Aproveitando esse boom, o cosmaker Luiz foi convidado a fazer uma parede cenográfica de Star Wars – a primeira autorizada pela Disney no Brasil – para a inauguração de uma loja de camisetas em Águas Claras, o Piticas.
Eles também levam a magia de suas criações para hospitais, creches, abrigos e projetos sociais, onde usam os personagens da ficção para alegrar a vida daqueles que estão passando por um momento de sofrimento. Nem todo herói usa capa — às vezes os heróis podem muito bem ser aqueles que fazem a capa.
O filósofo prussiano Friedrich Nietzsche uma vez disse que nós “temos a arte para não morrer da verdade”. Mas e quando a arte imita fielmente a verdade? Para responder a isso, só acompanhando os novos capítulos dessa saga que está sendo criada por todos eles envolvidos nesse projeto genuinamente guaraense. Quem quiser acompanhar essa jornada, as contas no Instagram são @agenciacosandmakers, @thedarksidebandbrazil, @bandasderock.com.br e @kerberosbr.