Guaraense usa pouco seus parques

A estrutura dos três parques da cidade, Ezechias Heringer, Denner e Bosque dos Eucaliptos, ainda é pouco atrativa aos moradores

Embora seja a região administrativa fora do Plano Piloto mais contemplada em quantidade de parques no Distrito Federal, a população guaraense pouco usufrui do que dispõe. Os três parques da cidade, Ezechias Heringer, ou Parque do Guará, Parque Denner (entre o Polo de Moda e o condomínio Bernardo Sayão), e Bosque dos Eucaliptos (entre as QEs 38, 42, 44, 52 e 56) são pouco frequentados, em parte, entretanto por falta de melhor estrutura, por medo da falta de segurança, mas, principalmente, por desinformação sobre o que elas oferecem.
Muitos dos moradores da cidade ainda preferem se deslocar para o Parque da Cidade (no Plano Piloto), o parque da Água Mineral, ou caminhar no calçadão do Guará II, onde o risco de contaminação é muito maior por causa da quantidade de praticantes de caminhada se esbarrando, sem contar o gás carbônico ingerido, proveniente dos carros que circulam em volta.


A estrutura oferecida pelo Parque do Guará pode ser considerada boa e aos poucos está sendo usufruída pelos moradores, que estão aumentando o hábito de jogar na quadra de esportes, levar os filhos para brincar no parque infantil ou correr e caminhar na pista de caminhada, implantadas através de parcerias com a iniciativa privada. Além da pista com calçamento apropriado para o pedestre, existe também uma trilha por terra, onde pode se apreciar a vegetação do parque. Mas a quantidade de pessoas que usa essa estrutura ainda é pouca pelo que ela oferece e pela demanda da cidade por mais espaços de lazer e saúde.
Um dos frequentadores assíduos do parque é Luciano Lima, jornalista, radialista e um dos coordenadores da rede social Amigos do Parque do Guará. “Frequento o Ezechias Heringer há 35 anos e foi difícil acompanhar todas as crises enfrentadas pelo nosso patrimônio ambiental. Hoje, é muito emocionante acompanhar o ressurgimento, o renascimento e o redescobrindo de um dos parques ecológicos mais importantes do DF”, afirma ele, que é acompanhado nas caminhadas diárias pela mulher Mônica Penna.
“Encontramos no parque do Guará um ambiente aconchegante, onde podemos disfrutar dos benefícios de ternmos atividade ao ar livre. Não tem preço praticar atividade física ao som do canto dos mais diversos e raros pássaros, o encanto de um céu de azul singular, ar puro contribuindo para melhorar nossa imunidade, saúde física e mental”, conta a professora de dança Eliane Albuquerque, coordenadora do Projeto Divas Dance Guará, que leva o grupo para dançar no parque.
“O que a gente percebe é que a maior parte dos moradores da cidade desconhece a beleza desse parque e muitos deles preferem enfrentar os riscos de caminhar no calçadão ou mesmo não ir para lugar algum. Quem vem aqui uma vez vai voltar sempre”, garante Ludmila Loureiro, moradora da QE 17, que caminha no parque duas vezes por semana, na companhia da filha Isadora, de 14 anos. O Parque do Guará funciona das 6h às 21h, todos os dias. O parque Dener é cercado mas os acessos são abertos constantemente.

Fruto de compensação ambiental

Essa estrutura do Parque do Guará melhorou bastante nos últimos anos, fruto de acordos de compensação ambiental negociados entre o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e incorporadoras que construíram ao lado do parque, na área conhecida como Park Sul, ou Setor de Oficinas Sul, entre o Carrefour, Casa Parque e Viplan. Dinheiro público praticamente nada foi investido lá ainda.
Entretanto, a maior parte do Ezechias Heringer ainda não tem condições de ser usufruída pelos usuários, porque envolve a parte que era ocupada por cerca de 70 chacareiros que estavam lá há mais de 30 anos e que foram desalojados no governo Rodrigo Rollemberg depois de tolerados por governos anteriores. Com a retirada deles há seis anos, a mata está sendo naturalmente recomposta, mas o mato alto impede a circulação além das pistas de caminhada.
O Parque Ezechias Heringer teve sua área aumentada de 304 para 346 hectares como compensação pela liberação da Área 28-A, ao lado do ParkShopping, para que o governo pudesse vendê-la à iniciativa privada. A nova área do parque incorpora uma zona de amortecimento do impacto ambiental da cidade, próxima ao Cave, atrás do 4º Batalhão de Polícia Militar, e ao longo da via de acesso à QE 46, já cercada.

Parque Denner sofre com a falta de segurança

Com apenas 2,7 hectares, o Parque Dener foi criado para preservar uma nascente e um lago remanescentes da implantação do Polo de Moda e do condomínio Bernardo Sayão, e oferece boas opções para uso, mas o aumento do tráfico e do consumo de drogas dentro de sua área afasta os frequentadores, principalmente à noite, mas pode ser usado com segurança durante o dia. Embora pequeno, o parque oferece uma razoável estrutura, composta por uma pista de caminhada, equipamentos de ginástica e uma quadra de esportes.
A Administração Regional do Guará, responsável pela administração do parque, promete investir na construção de uma sede para abrigar vigilantes e pessoal de conservação, controlar o acesso, e construir uma trilha em volta da cerca, para estimular o uso pelo população em volta.

Bosque dos Eucaliptos ainda sem estrutura

Uma área de 30 hectares que deveria ter sido transformada num parque vivencial e ecológico para atender a uma população de cerca de 20 mil habitantes, ainda não oferece estrutura para uso. Por enquanto, o que existe lá é o que restou da degradação provocada por invasões antigas e ações de carroceiros e consumidores de drogas, e cerca de 1.200 mudas de plantas nativas, plantadas por voluntários.
Mas o governo promete finalmente investir na revitalização do Bosque dos Eucaliptos, começando pela aplicação de recursos disponíveis no Instituto Brasília Ambiental (Ibram), no valor de R$ 880 mil, que será usado para o cercamento – a cerca antiga foi toda furtada – e a criação de estrutura mínima para uso dos moradores.