Curso no Guará ensina as pessoas a encontrarem-se ao procurar o palhaço interior

Palhaço e pedagogo, Cláudio Moraes, ministra curso intensivo de palhaçaria terapêutica todos os sábados, no Lúcio Costa

Rir é o melhor remédio. A máxima é repedida à exaustão em inúmeras situações. Igualmente comum é a presença de grupos de palhaços em hospitais e casas de repouso. A presença de quem alegra é muito eficaz no tratamento de pacientes de doenças graves. Mas, o que defende o palhaço, professor e pesquisador Cláudio Moraes é que quem faz rir também se cura. Pensando nisso, desenvolveu um método para auxiliar as pessoas a encontrarem o seu Palhaço Interior, liberando o ridículo de cada um e proporcionando uma jornada de autoconhecimento muito divertida. “O curso propõe uma iniciação na arte da palhaçaria, possibilitando aos participantes uma imersão técnica com uma abordagem sensível, estudos críticos, práticos e teóricos sobre o tema, aprendizagem sobre jogos cômicos, autoconhecimento dos participantes e guiando intervenções artísticas”, resume o professor.

Os novos palhaços

Na varanda de uma casa na quadra Lúcio Costa, reúnem os aspirantes a palhaço todos os sábados, de 14h às 19h. Entre exercícios cênicos, estudos teóricos e muita conversa, vão desnudando o palhaço que habita em cada um deles.

As professoras Denise Mafra Gonçalves, Elisângela Conceição de Santos e a assessora jurídica Ana Carolina Dias Ribeiro

A professora aposentada Denise Mafra Gonçalves atua há 10 anos. Com a pandemia, precisou se afastar do ambiente hospitalar e agora planeja ampliar a atuação voluntária para outras áreas, como creches, abrigos e casas de repouso com a sua palhaça, a Vovó Corujinha Maluquinha Osteoporótica. “Ser palhaço é aprender a liberar o seu próprio ridículo”, ensina.

Elisângela Conceição de Santos, apesar de ser professora, decidiu acompanhar as aulas de palhaçaria para se livrar da timidez. “É uma forma de encontrar meu tom, de me sentir mais segura. Nunca me imaginei em uma aula de palhaçaria, mas estou aqui e estou adorando”.  Ana Carolina Dias Ribeiro é assessora jurídica e também procurou o curso em busca de perder a timidez. “É preciso entendermos as nossas dificuldades para podemos nos cuidar melhor. Acredito que é possível nos redescobrirmos se aceitarmos correr alguns riscos. Para uma pessoa tímida, aulas de palhaçaria parecem inalcançáveis, mas tem sido muito prazeroso até agora”.

O contador de histórias Edson Cavalcante

Entre os alunos está o contador de histórias Edson Cavalcante é um velho conhecido da cultura guaraense. Ele e sua companheira Megr Neres são contadores de histórias e no último sábado do mês reúnem as crianças da quadra Lúcio Costa debaixo de um abacateiro na praça para uma tarde de histórias e aprendizado. É a segunda vez que Edson participa da oficina de Cláudio Moraes com seu palhaço Franjinha, em busca de aperfeiçoar as técnicas circenses.

 

Líderes e palhaços
Líderes comunitários do Pôr do Sol

Parte da turma vem do Pôr do Sol, uma das mais recentes Regiões Administrativas do Distrito Federal. São justamente os líderes comunitários daquela região, em busca de aprender e replicar a parte da palhaçaria em sua comunidade.  Eles vêm de longe, todo sábado, com o prefeito comunitário Eduardo Carezolli. Um dos intuitos é formar uma trupe para atuar em eventos e ações sociais, porém há quem procure algo mais na oficina. “Com os anos se passando fui perdendo a vontade de viver. Me tornei uma pessoa sem humor, sisuda. Sinto falta de sorrir, de me divertir mais. E aproveitei a necessidade da população do Pôr do Sol para também me curar”.

O prefeito comunitário leva outros quatro alunos para as aulas todos os sábados: a professora Elizabeth de Souza Lúcio, Denailson Amaral de Almeida, o Galego, e sua filha de 13 anos Ingrid Sousa Almeida, e também o pintor José Brito (que já batizou seu palhaço como Cheiroso).

A intenção dos líderes comunitários do Pôr do Sol é montar o grupo Balaio de Gato para apoiar os próprios projetos sociais. Ali, na periferia da capital da República, as associações comunitárias têm um papel fundamental na gestão do espaço urbano e na prestação de serviços para a comunidade. São eles que cobram o governo, buscam apoio para melhorar o local onde vivem e, agora, vão levar também alegria aos seus vizinhos.

“É preciso reviver as tradições, manter viva a arte da palhaçaria e alegrar a nossa comunidade. Além de ser uma excelente atividade para fazer com minha filha”, explica o Galego, ao lado da filha Ingrid, de apenas 13 anos, mas muita clareza no que quer. “Vir aqui com meu pai, aprender uma arte nova, é maravilhoso. Melhor será quando pudermos replicar isto em nossa região”, conta Ingrid.

 

Informações

(61)98190-7524

@escoladepalhacaria