A pista de bicicross do Guará II vai receber nos dias 19 e 20 de agosto, sábado e domingo, uma das etapas do Circuito Centro-Oeste de Bicicross, a maior competição da modalidade da região. Para receber o evento, a pista foi toda reformada pela Administração Regional do Guará. A pista entre a Abrace e a Unidade Básica de Saúde 2, atrás do posto de combustíveis, recebeu cerca de 300 metros quadrados de asfalto, obra realizada pela Novacap a pedido da Administração Regional do Guará.
A etapa vai reunir os principais pilotos da Região Centro-Oeste (Goiás, Tocantins e Distrito Federal), entre eles o guaraense Welington Fernandes, que vão disputar pontuação no ranking da Confederação Brasileira de Ciclismo. O encerramento do evento será marcado por performances musicais das bandas Jah live e Os Cabeloduro (do Guará).
Formação de atletas
Para o guaraense Martin Barreiro, integrante da Associação Brasiliense de BMX do Distrito Federal, os trabalhos são importantes tanto para o evento, que é organizado pela associação, quanto para os esportistas da cidade. “Nós, moradores do Guará, sempre nos mobilizamos para cuidar da área com bastante empenho. Esses reparos são necessários para dar melhores condições de uso aos atletas que frequentam o local há muitos anos. Essa é ambiente que nós temos e a reforma dará a atenção que esse lugar merece”, acredita o morador.
Atualmente, 23 atletas utilizam a pista de bicicross para treinamentos, que são ministrados gratuitamente pelos profissionais da associação em diversas categorias, do infantil ao adulto. As atividades ocorrem às segundas, quartas e sextas-feiras, das 19h30 às 21h30, no próprio complexo esportivo. “Temos alunos federados e filiados que participam de campeonatos brasileiros, do Centro-Oeste, goianos e local. Então, é uma área que merece apoio e cuidado, pois retiramos os jovens das ruas e da violência através do esporte”, completa Martin Barreiro.
Guaraense destaque
Vice -campeão da Copa Latino-americana de Bicicross em março deste ano em Buenos Aires, nas categorias, Cruiser, 45 a 49 anos, e Expert, 35 anos ou +, o guaraense Wellington Fernandes é considerado um dos maiores atletas da modalidade no Brasil. Embora tenha sido a sua maior conquista internacional, vencer no bicicross não é novidade para Wellington, terceiro colocado no ranking nacional do bicicross. Um mês antes, ele já havia sido vice-campeão da Copa Brasil, em Salvador.
Campeão brasileiro por 16 vezes, e brasiliense e do Centro Oeste por quantidades que ele mesmo perdeu as contas, Wellington Fernandes trava uma batalha permanente com os adversários e com a falta de apoio ao bicicross. Mesmo com tantos títulos e tanto destaque, ele reclama da falta de incentivo do governo e dos empresários ao esporte. Na maioria das vezes, arca do próprio bolso com os custos para competir, mesmo quando representa o Distrito Federal e o Brasil em competições nacionais e internacionais, como aconteceu na Copa Latino-americana de Buenos Aires. Ele chegou a recorrer ao programa Compete Brasília que apoia atletas em competições nacionais e internacionais, mas a Secretaria de Esporte e Lazer alegou que o pedido não foi feito dentro do prazo para a liberação dos recursos. “Nos últimos anos, o Brasil ficou entre os três melhores em competições de bicicross no exterior. Mesmo assim, recebe pouco apoio do governo e menos ainda da iniciativa privada”, lamenta.
Os custos para participar das competições saem do próprio bolso de Wellington, fruto do seu emprego no Sindicato dos Propagandistas de Produtos Farmacêuticos e de patrocínios pontuais.
Ídolo entre os praticantes
O bicicross é uma daqueles esportes que não tem muita visibilidade no Brasil. Se tivesse, Wellington Fernandes seria um ídolo brasiliense e até nacional, porque ele é, há mais de 35 anos, um dos principais destaques da modalidade aqui e no país. Mas, pelo menos ele é um ídolo entre os praticantes do bicicross.
E o bicicross não é um esporte barato e talvez esteja aí a explicação para ter no máximo 120 praticantes do esporte no DF que participam de competições oficiais – a quantidade foi reduzida durante a pandemia da Covid e está sendo retomando agora aos poucos. Uma bicicleta de competição custa no mínimo R$ 1 mil, mas pode chegar a R$ 20 mil. A bicicleta do próprio Wellington, em fibra de carbono, custou R$ 18 mil.
Por causa da idade, 47 anos completados nesta quarta-feira, 29 de março, Wellington compete nas categorias Expert (35 anos ou mais) e na Cruiser (45 a 49 anos), mas já foi campeão em quase todas as outras categorias.