Mesmo contra a vontade dos organizadores dos Jogos Escolares Brasileiros, que tentaram transferir a vaga conquistada na quadra para uma escola de elite de Brasília, o time de handebol infantil (12 a 14 anos) do Centro de Ensino Fundamental 10, da QE 46, sagrou-se vice-campeã brasileira da competição. E mais: foi a única equipe de escola pública do Distrito Federal classificada para a etapa nacional dos jogos.
A conquista, entretanto, foi precedida de duas dificuldades: a primeira foi a ameaça do time perder a vaga, sob o argumento de que a escola não dispunha de uma quadra que pudesse sediar seus jogos. Por causa disso, os organizadores queriam trocar a vaga da escola do Guará pelo Colégio Marista, que dispõe de um ginásio coberto e com capacidade para receber o público com conforto. A segunda dificuldade foi a falta de estrutura para a participação do time. “Como não tínhamos recursos financeiros para adquirir os uniformes e os jogadores também não, tivemos que fazer uma “vaquinha” entre professores da escola para comprar o material”, conta a diretora do CEF 10, Elizabeth Caetano Neves. Segunda ela, para a compra dos dois unifores nas cores escura e clara e os tênis, foram arrecadados R$ 2 mil na vaquinha.
O sucesso do CEF 10 não foi por acaso. Há três anos a escola vem investindo na formação de times para competição. Segundo o professor de Educação Física, Glauber Baptista de Barros, responsável pelo projeto, a escola já tinha se destacado na fase regional dos Jogos Escolares Brasileiros, ao conquistar troféus e medalhas no futebol masculino e feminino, voleibol infantil feminino, além, claro, do handebol masculino, que foi convidado para participar da etapa nacional dos JEBs por ter sido segundo colocado na etapa regional.
Luta pela vaga
Como sede dos jogos brasileiros, Brasília teve direito a mais um time da modalidade e, por lógica, seria o CEF 10, que havia conquistado esse direito na etapa regional. Mas, aí entrou o interesse político, com a tentativa de transferir a vaga para uma escola particular tradicional, no caso, o Marista. “Mas, batemos o pé, mobilizamos políticos e autoridades para não perder a vaga e conseguimos. Tivemos muito apoio também da comunidade guaraense e do administrador regional Artur Nogueira”, afirma a diretora Elizabeth Neves.
O próximo passo, segundo o professor Glauber Baptista, é criar na escola um Centro de Iniciação Desportiva (CID), para incentivar a formação de equipes para competição, com a participação de alunos de outras escolas da rede pública do Guará.
Para chegar à final dos JEBs, o time do CEF enfrentou representantes de Minas Gerais, Paraná e Tocantins, vencendo a fase eliminatória. Na final, perdeu para o representante do Pará. “Mesmo o vice teve um gosto de título, por causa das dificuldades que enfrentamos”, comemora o professor Glauber.