Ele pode ser conhecido como pai da ginasta Soraya Carvalho, uma das maiores atletas da modalidade no país em todos os tempos e hoje dirigente do Flamengo (RJ). Mas, para o morador do Guará e os que acompanham a história das artes e marciais e esportes orientais (Judô é um esporte olímpico) no Distrito Federal, Luciano Sampaio é muito mais que o simples pai da ginasta famosa. Além de fundador da primeira academia de judô do Guará, em 1971, ele é considerado um dos principais expoentes do esporte no DF, como atleta e como dirigente. Faixa vermelha e branca, sexto Dan (kodanska), ele continua na ativa como professor de educação física e de judô … aos 79 anos!, em sua academia na QI 7 do Guará I, próxima ao MC Donald’s.
Para contar essa história de sucesso, Luciano está preparando o livro “O Samurai de Brasília”, que vai mostrar a biografia familiar, a vida esportiva como atleta e treinador e como empreendedor da Academia Judokan. “Vou mostrar os mais de 52 anos de vida profissional, fruto de muito trabalho, dificuldades e esforço, até conseguir representar o Brasil no Campeonato Mundial de Judô, em 1971, e levar uma filha, Soraya Carvalho, aos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996”, explica.
A saga começou em 1971, quando ele conseguiu ser campeão brasileiro na categoria sênior e representar o Brasil na Alemanha, na cidade de Luidcheifer, no Mundial de Judô, sem patrocínio e sem qualquer apoio de federação ou do governo. Luciano conta que, ao retornar do Mundial, que serviu de grande experiência para sua vida esportiva, estava com propósito de realizar o sonho de ser campeão mundial e olímpico de judô. Nesse mesmo período, montou a Academia Judokan. Dois anos depois, por meio de um amigo e aluno, o diplomata Mário Santos, ele conseguiu uma passagem para fazer um estágio no renomado Centro de Treinamento Kodokan, em Tóquio, com o professor sensei Isao Okano, campeão mundial de judô na época. Nos anos seguintes, recebeu na Judokan a visita dos amigos Campeões Olímpicos Shiaki Ishii, em 1972, e depois do Shinobu Sekine, em 1974, dentre outros judocas renomados.
Tudo conspirava para realizar seus sonhos, mas esbarrou na falta de um patrocínio, lesão no joelho, trabalho administrativo da Academia, contas a pagar, treinamentos e aulas com seus alunos. Essas dificuldades o levaram a abandonar os treinamentos que poderiam levá-lo à tão sonhada vaga olímpica.
Revelando atletas
A carreira vitoriosa, que lhe deu nove títulos brasiliense como atleta, ajudou Luciano a montar e treinar equipes de judô que se destacaram em Brasília e a revelar atletas de destaque, como Fábio Silva, Liane Silva, Caio Santana, Laiza Santana, Ricardo Moratto, Eduardo Moratto, Felipe Amorim, entre outros. Também revelou Manoel Medeiros Júnior, campeão brasileiro juvenil, peso pesado e um dos mais premiados judocas brasileiros.
Luciano Sampaio também foi treinador de ginástica artística, responsável pela formação de uma das três filhas, Soraya Carvalho, convocada para os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Como treinador de ginástica artística, foi campeão brasileiro infantil em 1989, em Ipatinga/MG; campeão brasileiro, no Rio de Janeiro, em 1990, e campeão da III Copa Elite, na cidade de Monte Rey (México), em 1990.
Modernizou a federação
Como dirigente, Luciano foi árbitro por mais de 20 anos na Federação Brasiliense de Judô (Femeju), onde ocupou vários cargos administrativos, incluindo o de vice- presidente e presidente, em 1981, quando promoveu uma campanha de regularização de academias, diversos eventos regionais de judô e modernizou o exame anual de faixas pretas. Em 1980, com a ajuda dos professores Koki Tani e Anelson Guerra, promoveu o campeonato Brasileiro Júnior de Judô, no Ginásio Nilson Nelson, com a participação de representantes de 19 estados.
Como presidente de Federação Brasiliense de Ginástica, organizou, em 1988, o campeonato brasileiro de Ginástica Rítmica, no Ginásio Cláudio Coutinho, com a participação de 14 clubes, o Festival Internacional de Ginástica Geral e a Copa de Ginástica Artística, com os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e o Distrito Federal, em 1989.
Todo esse vigor e essa disposição que o mantém esguio e saudável aos quase 80 anos, Luciano credita à luta pela sobrevivência na infância. Depois de perder o pai com 1 ano e a mãe com 6 anos de idade, ele foi criado por um tio numa fazenda no município de Boa Viagem (Ceará). Aos 6 anos, já era capataz (quem junta e cuida do gado) e, de vez em quando, cavalgava sozinho 40 quilômetros para fazer compras na cidade, no mesmo dia.
Em busca de crescimento na vida, ele foi para Fortaleza, depois para Vassouras (Rio de Janeiro), até aportar-se em Brasília em 1963. Ao Guará, chegou em 1970 e um ano depois criou a Academia Judokan, que hoje tem sede num moderno prédio de três andares na QI 7 do Guará I.