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União quer, finalmente, retomar e implantar o projeto do trem de passageiros Brasília-Luziânia e outros 5 trechos. Integração com o metrô terá estação no Guará

Governador Ibaneis durante "lançamento" da linha Brasília ao Entorno, em 2019. Estação integração com o metrê será localizada na entrada do Guará Park

No início do seu primeiro governo, em junho de 2019, o governador Ibaneis Rocha chegou a divulgar, com pompas, um teste do que seria o trem de passageiros entre o DF e o entorno, inicialmente até Valparaiso de Goiás. Ibaneis e o então secretário do Entorno, ex-deputado distrital Paulo Roriz, secretários do GDF e do governo federal, fizeram o trajeto de 35 quilômetros no que seria um dos vagões da nova linha.
Na ocasião, o governador e o secretário do Entorno garantiram que os testes seriam continuados até o final de 2019, e que a linha definitiva seria implantada a partir de 2020, quando chegariam as novas composições que estavam sendo encomendadas. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) inicialmente teria três composições com capacidade para 200 passageiros cada, no total de atendimento de 600 usuários por dia. O trem iria circular nessa fase apenas uma vez por dia, no sentido Valparaíso a Brasília de manhã e retornando no final da tarde. A intenção seria dobrar o volume transportado para 1.200 pessoas na segunda fase da implantação. A integração com o metrô seria feita numa estação que seria construída no cruzamento das duas linhas, entre a QE 24 do Guará II e o setor Guará Park.
Mas o projeto que prometia a solução para o transporte de passageiros entre o DF e entorno, ao criar um novo modal de transporte público na região central, bem mais prático, seguro e mais barato, não passou do anúncio e dos testes, porque, de acordo com o próprio governo local, a União, comandada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, havia desistido de assumir os custos de metade da obra, como havia prometido. A intenção foi mais esfriada com a extinção da Secretaria do Entorno, quando o projeto foi repassado à Secretaria de Mobilidade, que o engavetou. E não se falou mais no assunto.
Entretanto, três anos e meio depois, o projeto do trem do entorno volta a ser discutido, desta vez por iniciativa do Governo Federal, como uma das obras do Plano Nacional de Ferrovias, que está sendo elaborado pela Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário. Na semana passada, a Secretaria informou que havia elaborado uma minuta de proposta, que já havia recebido 246 contribuições em consulta pública aberta a cidadãos e organizações, finalizada neste mês de janeiro. Segundo o estudo, o objetivo do planejamento da União é contar com uma Política Nacional de Transporte Ferroviário de Passageiros (PNTFP) inédita. Os seis pontos com possibilidade de implantação passariam por sete unidades da Federação, sendo cinco deles dentro do próprio estado. A ligação interestadual ficaria por conta do trecho Brasília (DF)-Luziânia (GO), de cerca de 60 quilômetros.
O transporte de passageiros em trens está em fase de análise pela equipe técnica, que estuda as contribuições recebidas dentro da minuta de proposta. No fim, será apresentado e submetido ao presidente Lula o decreto com a versão final do projeto.
“Pela primeira vez, o Brasil incluiu no orçamento a possibilidade de fazer aporte público para viabilizar projetos da área de transporte privado que não sejam viáveis com recursos apenas privados. A União não fazia isso, nunca fez. É a primeira vez que está fazendo isso para rodovias e ferrovias, mas, especialmente, para transporte ferroviário de pessoas. Isso é fundamental”, afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho, em coletiva de imprensa no dia 10 de janeiro.
Segundo o ministro, a Política Nacional de Transporte Ferroviário de Passageiros busca ações em dois pontos, com a ampliação da operação na malha ferroviária já existente e com o desenvolvimento da infraestrutura que já é usada para o transporte de carga, como é o caso do trecho de Brasília ao entorno.

Estação no Guará

Embora o projeto anunciado agora ainda não esteja concluído, é certo que haverá uma integração com o metrô, como parte da viabilidade econômica da linha de passageiros. Como o único cruzamento da linha do futuro trem com a do metrô acontece no Guará, a estação integração terá que ser construída num dos acessos do Guará Park, abaixo da via contorno, na altura da QE 24.
Como o antigo, o novo projeto também deve prever a recuperação da antiga estação Bernardo Sayão, entre o Guará e o Núcleo Bandeirante, ao lado da via de acesso ao Park Way e Arniqueira.

Trem já existiu antes
Desde 1991, quando foi desativada a linha de passageiros Brasília–Goiânia, a malha ferroviária do Distrito Federal recebe apenas transporte de cargas.
Por 15 anos, o trem que chegava de Campinas e Goiás tinha como ponto final a Rodoferroviária de Brasília – mesma estrutura que receberá o VLT vindo de Valparaíso.
Com o encerramento da linha férrea, a Rodoferroviária passou a funcionar apenas para ônibus, se tornando o principal terminal rodoviário interestadual da capital.
Em 2010, a partir da inauguração da Rodoviária Interestadual de Brasília, o terminal também parou de receber esse tipo de serviço e acabou desativado. Hoje, o prédio abriga a Secretaria de Justiça, a Agência Reguladora de Águas (Adasa) e o Transporte Urbano do DF (DFTrans).