Nessa verdadeira pandemia em que tem se transformado o surto de dengue no Distrito Federal e no país, a primeira preocupação de quem sofre os primeiros sintomas é onde procurar atendimento. Quem tem plano de saúde pode usar a rede privada de hospitais, mas, quem não tem? A dúvida é como está a rede pública, formada por unidades básicas de saúde (UBSs), unidades de pronto atendimento (UPAs) e hospitais públicos.
Por conta da grande demanda da rede pública do DF, congestionada em parte pela procura de pacientes de outras regiões do país, essas unidades muitas vezes não conseguem oferecer atendimento rápido e tão eficiente como é imaginado por quem está com sintomas da doença. A situação piora em épocas de surtos, como foi na pandemia da Covid e como está sendo agora com a dengue. A sobrecarga, provocada pela quantidade de casos prováveis de dengue no DF, que já ultrapassou os 30 mil somente em um mês, está superando a capacidade de atendimento, inclusive das redes particulares. No Guará, em apenas um mês os casos passaram de 541 na primeira semana, 996 na segunda, 1.298 na terceira, para 2.328 na quarta semana, de acordo com a Secretaria de Saúde.
Entretanto, o morador do Guará pode ter menos dificuldades de atendimento na rede pública do que em outras regiões do DF. Além da estrutura física, formada por cinco UBSs e o Hospital Regional (HRGu), a rede montou uma estratégia que garante atendimento e encaminhamento dos pacientes com dengue no menor tempo possível. “Criamos, desde a pandemia da Covid, um grupo de referência, formado por representantes de todas as unidades, para entrar em ação e trabalhar integrados quando o paciente necessitar de mais cuidados, conforme sua classificação de risco”, explica o superintendente da Região Centro-Sul da Secretaria de Saúde, Ronan Araújo Garcia.
Na prática, segundo ele, funciona assim: as unidades básicas fazem o primeiro atendimento a quem estiver com sintomas de dengue. Feita a triagem e comprovada a doença e, conforme o seu estágio, o grupo de referência é acionado para encaminhá-lo à uma unidade de pronto atendimento (UPA), ao Hospital Regional do Guará ou a outros hospitais da rede no DF, sem que esse paciente precise se preocupar em buscar atendimento por conta própria. E no menor prazo possível. Segundo ele, o primeiro atendimento não dura mais que 30 minutos, até o diagnóstico do estágio da doença, média menor do que até na rede privada.
Ampliação do atendimento
O superintendente garante também que a estrutura da rede no Guará está preparada para atender a demanda, pelo menos por enquanto, mesmo com números de casos de dengue bem acima do que poderia ser imaginado. “A estratégia começa na atenção primária, através das UBSs, com atendimento e acompanhamento domiciliar de pacientes, e o atendimento físico nas UBSs, que foi ampliado com o engajamento das equipes através do incentivo do pagamento de horas adicionais em até 50% da carga horária dos profissionais”, completa Ronan.
A estratégia criada pela superintendência da Região Centro-Sul para redução do tempo de atendimento inclui a ampliação do funcionamento da Unidade Básica 01, a que funciona ao lado do hospital, no Guará 1, também aos sábados e domingos, das 7h às 19h. “Por ser a de melhor acesso, pelas linhas de ônibus e ou de metrô, a UBS 1 é a mais procurada da rede, inclusive por moradores de outras regiões. Por isso é que está com o atendimento ampliado”, explica o diretor de Atenção Primária à Saúde (Diraps), Luiz Henrique Mota.
“Recomendamos, entretanto, que a pessoa que estiver com sintomas leves de qualquer doença, procure inicialmente as unidades básicas de saúde, de preferência a mais próxima de sua residência, ou as UPAs, para o primeiro diagnóstico, e não os hospitais, que precisam estar liberados para os casos de classificação de risco, que exigem atendimento mais urgente”, alerta Mota.