DENGUE – MOBILIZAÇÃO TOTAL

Força-tarefa integrada por órgãos do governo combate os focos e amplia o atendimento aos casos suspeitos. População é conscientizada do que precisa fazer para evitar a picada e manter os ambientes limpos

O aumento assustador dos casos de dengue no país tem provocado a mobilização de toda a sociedade e não apenas do governo, diferente do que aconteceu com a pandemia da Covid, quando a população se limitava a isolar os contaminados, se vacinar e aguardar as ações governamentais. No caso da dengue (da zika e chikungunhya, também transmitidas pelo mosquito), a reação é de maior responsabilidade da população porque a maioria absoluta dos focos está dentro das casas. Após campanhas de conscientização e massivo espaço dedicado ao assunto na mídia, o morador está se conscientizando que o combate ao mosquito transmissor, a origem da doença, depende muito mais dele do que do governo.
No caso do Distrito Federal, há uma mobilização do governo envolvendo praticamente todos os seus órgãos no combate aos focos, nas campanhas de conscientização, no reforço do atendimento nas unidades de saúde e agora na montagem de tendas de hidratação.
No Guará, essa mobilização está sendo coordenada pela Administração Regional, por determinação do governador Ibaneis Rocha, porque as ações envolvem principalmente o combate aos focos em depósitos de lixo e entulho em locais inadequados. Enquanto isso, a Superintendência da Região Centro-Sul da Secretaria de Saúde, onde está o Guará, montou uma estratégia própria para melhorar e agilizar o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e no Hospital Regional do Guará, que deve ser melhorada com a instalação da Tenda de Hidratação nos próximos dias (ver matéria ao lado). E a unidade da Vigilância Sanitária aumentou as visitas às residências, quadras e locais de maior incidência de casos, providências reforçadas com a chegada de um carro fumacê, que borrifa inseticida nos pontos mapeados pelas equipes.
“O governo está fazendo a sua parte, mas dependemos do retorno da população. Não adianta recolhermos o lixo e o entulho todos os dias e o morador continuar despejando novamente nos locais e em horários inadequados, passar o carro do fumacê se os focos continuarem dentro de casa. Felizmente, temos sentido essa conscientização por parte dos moradores do Guará, mas não ainda na forma e na quantidade necessárias para vencermos essa guerra”, afirma o administrador regional Artur Nogueira.

Mobilização
Numa ação parecida com a da Covid-19, o governo do DF resolveu arregimentar todas as suas forças para centrar fogo no mosquito Aedes aegytpi, operação que inclui todos os seus órgãos de atendimento à comunidade nas regiões administrativas. A primeira missão da tropa de choque é conscientizar os moradores da necessidade de ajudar no combate ao mosquito, sob pena dos esforços governamentais não surtirem os efeitos esperados. A segunda é identificar e combater os focos e ampliar o atendimento da rede pública de saúde. A missão foi repassada a todas as administrações regionais, que estão mobilizando todos esses órgãos para as providências.
No Guará, a força-tarefa começou a atuar em janeiro e envolve os órgãos setoriais da Vigilância Sanitária, das forças de segurança pública (Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros), da Secretaria de Educação, do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). Cada órgão está atuando com sua expertise e no auxílio às unidades de saúde no combate ao mosquito transmissor e no atendimento aos infectados.
A Administração Regional, O SLU e a Novacap atuam no recolhimento de lixo e entulho e na autuação a quem insiste em contrariar as recomendações de manter os espaços públicos e privados limpos e sem focos de mosquito. Os órgãos de segurança dão o apoio aos agentes de saúde nas visitas domiciliares, enquanto a Regional de Ensino promove campanhas de conscientização com os alunos. E assim por diante.

Dificuldades enfrentadas
pela força-tarefa
A chefe do Núcleo de Vigilância Sanitária do Guará, Herica Cristina Marques, afirma que a maior dificuldade encontrada pelos técnicos é no acesso aos terrenos vazios e cercados, imóveis fechados e até pela resistência de moradores em permitir a vistoria em suas casas. Segundo ela, a maioria dos moradores insiste no “fumacê”, acreditando que o inseticida é a única solução para evitar a proliferação do mosquito e da dengue. “Temos procurado explicar que não se combate a dengue com veneno, mas com prevenção. Os mosquitos que não forem mortos pelo fumacê vão continuar botando seus ovos. Além disso, o veneno acaba matando também as abelhas, que são muito importantes para o meio ambiente”.
Para o representante do SLU para a região do Guará, Emivaldo Batista Neto, a maior dificuldade enfrentada pelo serviço de recolhimento de lixo e entulho na cidade é com a circulação dos caminhões de coleta, principalmente na QE 38 e na QE 40/Polo de Moda, onde as ruas são estreitas e ainda ficam mais estreitas ainda com o estacionamento de carro dos dois lados. “Os moradores preferem culpar o SLU pela sujeira do que fazer sua parte. Muitas vezes o morador descarta o lixo logo depois da passagem do caminhão de coleta, para que seja recolhido no outro dia, o que atrasa o serviço e atrai mosquitos, roedores, cães e outros animais”.
O prefeito comunitário da QE 40/Polo de Moda, Ronaldo Silvestre da Costa, lembra que, além da falta de conscientização dos moradores, outro grande problema da quadra é a grande produção de lixo por dia. “Existem prédios de quitinetes com até 100 moradores, e se cada um produzir em média três quilos de lixo diariamente, serão 300 quilos, para um local que não previa moradia e ainda com as dificuldades de acesso dos caminhões do SLU”.