As brigas e discussões entre integrantes dos dois grupos que disputam o poder na Feira do Guará está preocupando outros feirantes, que temem o afastamento de clientes, principalmente os que tem presenciando essas querelas nos corredores entre as bancas e nas redes sociais. Em grupos de WhatsApp do Guará e em reportagens na imprensa guaraense, circulam vídeos de brigas com agressões verbais e físicas entre representantes dos dois grupos, principalmente depois que a Justiça suspendeu, liminarmente, a eleição realizada em outubro do ano passado para a renovação da diretoria da Associação dos Feirantes.
Como a diretoria eleita não conseguiu registrar a ata da eleição em cartório, por causa dos questionamentos da chapa perdedora, em tese a Associação dos Feirantes está sem comando, porque a gestão da diretoria anterior venceu no dia 31 de dezembro, de acordo com o Estatuto. Mas, como a eleição está suspensa, que teria eleito Vadinei Lima para a presidência da Associação, o ex-presidente Cristiano Jales voltou a assumir o cargo por conta própria, sob a alegação de que, com a suspensão das eleições, a diretoria anterior permanece até o julgamento do mérito ou até que sejam convocadas e realizadas novas eleições, o que está sendo contestado pela oposição.
Esse imbróglio está provocando insegurança e irritando feirantes que não tomam partido na disputa. “As brigas e provocações tem sido presenciadas pelo consumidores, inclusive em horários de grande movimento, que provavelmente não retornarão à feira. Se o momento já tem sido difícil para os feirantes, pior ainda se continuarmos perdendo clientes por causa disso”, reclama Nalva Gomes, dona de uma loja de assessórios femininos na Feira há 23 anos. “Quem chega aqui e presencia brigas e a presença da polícia fica preocupado com sua própria segurança e vai embora”, acrescenta Sandra Silva, dona de uma loja de bijuterias há 14 anos. “Essa disputa tem outros interesses, políticos e financeiros, que não dizem respeito à maioria dos feirantes, que querem apenas trabalhar”, completa Vandelson Arantes, dono de uma banca de uniformes esportivos.
Eleição contestada
Presidente da comissão eleitoral que apurou a votação das eleições para a renovação da diretoria, Adeilson Macedo, dono de uma banca de castanhas, também critica a disputa, que, segundo ele, provoca insegurança entre feirantes e consumidores. “Posso garantir que não houve irregularidades no momento da votação, como está sendo alegado pela chapa de oposição, porque conferimos toda a relação de votantes que chegou em nossas mãos. O grupo de oposição alega que o voto deveria ter sido por CPF e não por comprovante de concessão, mas neste caso ninguém poderia ter votado, porque a filiação à Associação dos Feirantes é pela banca e não pelo CPF do concessionário”, esclarece.
Para tentar promover a paz na Feira, está circulando um abaixo-assinado entre os feirantes, para solicitar o fim do que chamam de “politicagem absurda, regada de interesses ocultos”. Ainda de acordo com o cabeçalho do documento, “os feirantes querem trabalhar dignamente sem ter que deparar com brigas, ameaças e medo”.
Governo ainda não sabe o que fazer
O secretário adjunto de Governo do DF, Valmir Lemos, e a subsecretária de Mobiliário Urbano e Apoio às Cidades, Ana Lúcia Melo, receberam na quarta-feira (27 de março) representantes Administração Regional do Guará, DF Legal, Polícia Militar do Distrito Federal e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Em pauta, a segurança jurídica e a garantia de serviços de qualidade prestados à população na Feira do Guará.
Em nota, a Administração Regional do Guará informou que “O Governo do Distrito Federal (GDF) acompanha o processo jurídico que suspendeu liminarmente a eleição da nova diretoria da feira. A Administração do Guará, por meio do chefe de Gabinete, José Manoel Neto, tem dado todo o suporte e ouvido todos os lados envolvidos em busca de uma solução pacífica”.