Crochê como terapia e renda

Grupo de mulheres do Guará se reúne uma vez por semana para trocar experiências, ocupar o tempo, fazer amizades e até ganhar um troco

Muito praticado no passado como fonte de renda e de ocupação numa época em que as mulheres eram submissas e nem sempre podiam ou tinham a oportunidade de sair de suas casas para passear, praticar esporte ou qualquer outra atividade, não tinham TV e nem Internet, o crochê está voltando como moda, numa outra conotação, mais como terapia. É comum ver mulheres, inclusive joven – e até homens -, tecendo enquanto aguardam pelo ônibus, dentro do transporte coletivo, na sala de espera de clínicas e hospitais, enfim, em alguns casos substituindo o celular. Algumas praticam como fonte de renda, mas a maioria apenas pelo prazer e pelo passatempo.

Crocheteiras visitam o espaço de artesanato na Feira do Guará

Mas o crochê, nesse conceito de terapia ocupacional, passou a ser praticado também em grupos, como forma de promover a interação, novas amizades, a troca de experiência, o aprendizado, como acontece com uma iniciativa que cada vez toma corpo no Guará. O projeto Tece Desafios, que surgiu com o nome de “Caminho das Margaridas”, reúne cerca de 30 crocheteiras todas as quintas-feiras na praça ou no salão de festas do Bloco P, da QI 2 do Guará I, para uma tarde de muita conversa fora e, acima de tudo, muito produtiva no sentido material e emocional. Agora, o projeto, criado e coordenado pela goiana Heliane Barroso, passou a percorrer os espaço culturais da cidade, como o novo espaço artesanal da Feira do Guará, a Casa da Cultura e se outros tiverem. Mas a “sede” vai continuar sendo a praça da QI 2, para onde foi trazido pelo presidente da Associação de Moradores da quadra, Francisco Xavier, o Pequito, há dois anos, logo após a pandemia de Covid.
Retratado por emissoras de TV e pela imprensa, o projeto ganhou visibilidade no Guará e em Brasília ao revestir as árvores da praça da quadra com crochê, uma prática importada de capitais do Nordeste e do interior de Minas e São Paulo.

Mulheres em situação de vulnerabilidade

O objetivo do projeto é reunir, principalmente, mulheres em situação de vulnerabilidade – desempregadas, vítimas de violência doméstica, mães solteiras, dependentes químicas e solitárias ou mesmo aposentadas ou simplesmente artesãs por profissão, em torno do ofício do crochê, pelos benefícios que ele oferece. “São também mulheres que estão passando por processo de luto, aposentadas que procuram alguma atividade e até as que buscam apenas amizades ou algum motivo para quebrar a rotina dos afazeres domésticos”, explica Heliane Barroso.
Além do crochê, a coordenadora conta que o grupo também organiza rodas de conversa, piqueniques e outras atividades que ofereçam lazer às participantes.

Produzindo para fazer o bem

As mulheres também produzem enxoval para gestantes ou mães de recém-nascidos que não possuem condições de comprá-los, para carentes hospitalizados e moradores de rua. Quando é vendida uma encomenda confeccionada pelo grupo, a líder do projeto divide o valor entre as que participaram da confecção.

SERVIÇO

O projeto Tece Fios promove encontros semanais, com uma roda de conversa, troca de saberes, terapia ocupacional, café e crochê (inclusive aulas gratuitas para iniciantes)

Toda quinta, das 14h às 17h30

QI 02 Bloco P (salão de festas).

98141.9000, Heliane Barroso