Ele é um considerado um dos maiores restauradores de móveis do Distrito Federal. O guaraense Wagner Flores é requisitado por órgãos públicos, museus, embaixadas, colecionadores e por quem não quer perder aquele móvel antigo, mas que poucos conseguem recuperar. A demanda é tão grande que ele aceita encomenda para entrega em no mínimo seis meses.
Pioneiro do Guará II como morador — recebeu uma casa da Sociedade Habitacional de Interesse Social (SHIS), atual Companhia de Desenvolvimento Habitacional de Brasília (Codhab), em 1972, na QE 34 -, foi um dos primeiros contemplados com lote empresarial na QE 40, onde ainda continua e está ampliando e modernizando a empresa.
A paixão de Wagner por móveis começou ainda na infância, quando fabricava cadeiras infantis para vender na rua na sua cidade natal, Montes Claros (MG). Aos 13 anos, foi trabalhar na marcenaria do irmão, mas acabou fazendo o curso de torneiro mecânico, que exerceu quando veio para Brasília trabalhar na antiga Companhia Telefônica de Brasília (Cotelb), que passou se chamar Telebrasília e que depois foi privatizada. Mas a paixão pela fabricação de móveis continuava e a profissão voltou a ser exercida nos fundos do lote da casa onde morava, na QE 34, até que a foi descoberto pela Associação Comercial e Industrial do Guará (Acig) para ser contemplado com um lote na QE 40, criada para dar oportunidade às pequenas empresas de fundo de quintal que existiam no Guará.
Paixão pela restauração falou mais alto
Na época, Wagner Flores já era formado em Economia, mas o que queria mesmo era trabalhar com a madeira. Resolveu enveredar pela restauração de móveis antigos. Curioso, passou a estudar arte e história, para melhor conhecer as origens das peças. Deu certo. “Quando recebo um móvel, sei quando foi fabricado, quem o desenhou e qual sua madeira original”, garante. Essa expertise o transformou num dos mais confiáveis e requisitados restauradores do Distrito Federal e permite que ele consiga recuperar qualquer móvel como ele era antes, inclusive com madeira original. Para conseguir isso, Wagner formou um estoque de restos de móveis antigos, tudo catalogado, pronto para ser usado quando necessário.
O restaurador guaraense garante que qualquer peça que recebe é restaurada, mesmo que demore mais tempo até encontrar a matéria-prima semelhante ou original. Parte do serviço, como entalhe em palha, é feito manualmente pela equipe de oito funcionários, treinados por ele, incluindo sua esposa Maria.
Chegada do filho
A demanda pelos serviços do Ateliê Wagner Flores passou a exigir a modernização e ampliação da empresa, que passou a ser conduzida pelo filho Gustavo Flores, 33 anos, que deixou o emprego de sete anos numa empresa de telemarketing financeiro para ajudar o pai. É ele que cuida da divulgação, redes sociais e toda a parte estratégica.
É Gustavo que conduz o próximo passo do ateliê, que está sendo ampliado e se prepara para receber o serviço de venda de móveis antigos recuperados, próprios e de clientes. “Já temos mais de 800 peças para venda, por enquanto, em loja virtual”, conta Gustavo.
Mas, se o leitor se interessou pelo assunto e tem um móvel antigo e considera recuperá-lo, Wagner já avisa que a demanda é muito grande. “Claro que não vamos recusar serviço, entretanto, no momento não temos condições de ampliar um serviço que requer conhecimento e habilidade. É importante esclarecer que não fazemos conserto, mas restauração de móveis antigos”, explica Wagner.