Por Raphael Costa/Metropoles
Multicampeã de kung fu wushu, a atleta guaraense Paula Amidani, 42 anos, enfrenta um dos embates mais complicados de sua carreira. Prestes a disputar uma competição no dia 23 de agosto nos Estados Unidos, ela busca incentivos para continuar na disputa de títulos. Recentemente, Paula acabou perdendo um de seus principais patrocínios e tenta driblar a dificuldade, enquanto mantém o foco nos treinos intensivos.
A atleta conta que perdeu o apoio depois de a empresa que a patrocinava decidir destinar a quantia voltada aos esportistas para as vítimas das tragédias que assolaram o Rio Grande do Sul. “Nenhum dos atletas que tinha esse patrocínio achou ruim. Todos entenderam a decisão do patrocinador. Mas tive que correr atrás de novos patrocínios, porque já estava com projetos engatilhados”, explica.
Paula conta que, ao procurar empresários durante o período das Olimpíadas de Paris 2024, encontrou mais dificuldades pelo fato de sua modalidade não integrar a grade de disputa dos jogos. “Me questionavam se o kung fu é olímpico, se poderia ser. Quando eu mencionava que a primeira participação olímpica será nos Jogos da Juventude do ano que vem, as pessoas acabavam priorizando os esportes olímpicos, que estão mais em evidência”, completa.
Corrida pelo patrocínio
Ela mantém o planejamento para a disputa do Pan-Americano de Kung Fu, que será realizado na Califórnia, Estados Unidos. O torneio só é disputado por quem está no ranking. Paula conta que precisa de ajuda de marcas para custear passagem, hotel, hospedagem e outros gastos para a disputa da competição. “Fui chamada para o processo seletivo desse campeonato em fevereiro. Passei por duas peneiras e fui convocada por ser a primeira no ranking no país”, conta.
Paula Amidami pratica kung fu desde os 10 anos de idade. De lá para cá, empilhou títulos nacionais e internacionais. Ao todo, ela já venceu seis Pan-Americanos de Wushu, seis Mundialitos, seis campeonatos internacionais de Wushu, entre outras condecorações. A trajetória da guaraense também é marcada por vitórias em competições de prestígio, como o Campeonato Mundial de Kung Fu, realizado na China, em 2023, quando conquistou duas medalhas de ouro.
Paula integra a Seleção Brasileira de kung fu wushu há 27 anos, sendo a 1ª colocada no ranking nacional e pan-americano, além de estar na 5ª posição no ranking mundial. Conquistou mais de 600 medalhas, foi a terceira melhor atleta do Mundo e entroi para o Hall da Fama do Wushu. Foi membro do Comitê de Atletas da IWUF, do Comitê de Atletas Nacional de Kungfu Wushu – ANAKW e da Comissão Organizadora do Campeonato Panamericano – 2022.
Paulinha CoachPink
Mãe de Gabriel, 13 anos, ela é conhecida também como Paulina CoachPink, em referência à cor preferida que usa no cabelo e pela experiência esportiva como atleta, treinadora, árbitra de campeonatos de artes marciais e crossfit, gestora de academia e autora do programa Quarenta Melhor que Vinte, que oferece treinamentos persnaloizados online em tempo para grupos ou alunos individuais.
Além das conquistas, Paula se dedica ao trabalho social e utiliza o kung fu como uma ferramenta para abrir oportunidades a jovens e crianças carentes, em um projeto viabilizado pela Lei de Incentivo ao Esporte. A medalhista é professora voluntária do projeto Jovens Talentos, apoiado pelo Ministério dos Esportes. “Minha missão vai além das competições; quero transformar vidas através do kung fu. Acredito que as artes marciais têm o poder de promover o desenvolvimento pessoal e social”, afirma.
Além do sucesso nas competições, Amidani é uma defensora fervorosa do kung fu no Brasil. Ela desempenha um papel ativo na Associação Nacional dos Atletas de Kung Fu Wushu (ANAKW) e faz parte do comitê internacional de atletas da International Wushu Federation (IWUF). O impacto da atuação da atleta também se estende à mídia, com participações em grandes veículos e emissoras, como SBT e Rede Globo, canais onde chegou a ser entrevistada por Hebe Camargo e Jô Soares, além do apresentador Carlos Massa, o Ratinho, por exemplo.
Com 32 anos de dedicação ao kung fu, Paula Amidani diz que os maiores presentes que a arte marcial lhe proporcionou foram além do das centenas de medalhas recebidas no decorrer da carreira esportiva profissional. “Hoje, percebo que as medalhas são importantes, mas o que realmente fica são as experiências e as pessoas que conhecemos ao longo da jornada. O esporte me deu amigos para a vida toda e me proporcionou vivências que carregarei para sempre”, reconhece.