Um olhar especial para o autismo

Escola pública do Guará cria uma sala própria para o acolhimento de crianças com o espectro. É a única da cidade. Já são 32 alunos atendidos e uma lista de espera grande

Diferente da denúncia, a sala tem janela e foi preparada para acalmar a criança autista em crise
Monitora acompanha aluno durante desregulação

Quem convive com portadores do espectro autista sabe das dificuldades em lidar com eles, principalmente em situações de crises (chamadas de “desregulação”), porque demandam paciência, conhecimento e tratamento adequado. Principalmente quando se trata de crianças. Embora todas as escolas públicas do DF sejam obrigadas a receber alunos especiais, a Escola Classe 03, localizada na QE 42 mas que atende alunos da Região da Estrutural, é a mais preparada do Guará para o atendimento de crianças com espectro autista após a instalação de uma sala de acolhimento. A sala evita, por exemplo, a forma constrangedora da abordagem à criança autista em momentos de desregulação na frente de todos, inclusive dos colegas. E garante também a integridade física por ser silenciosa, sem estímulos visuais e auditivos, necessários para o reequilíbrio.
Segundo a diretora da escola, Lucélia Abreu, a EC 03 sempre teve como meta desde o início da sua implantação em 2022 outros projetos de inclusão de crianças com necessidades especiais. “A Sala de Acolhimento foi uma proposta eleita com quase 100% dos votos dos eleitores votantes no final do ano de 2023 nas eleições para Gestores Escolares”, explica.

“Com a sala de acolhimento, esse constrangimento não acontece, porque é um espaço exclusivo e confortável para a criança se acalmar”, explica a diretora da escola,
Lucélia Abreu.

Basta criatividade
Para a vice-diretora da escola, Arlete Martins, a vivência foi muito importante para se chegar ao foco da solução e não do problema. A sala possui revestimento até sua metade com emborrachado para proteção das crianças, luz elétrica, luz de cor azul que reflete no teto estrelas para acalmá-las, janela, ventilador, três puffs e brinquedos antiestresse para distrai-las. As crianças que utilizam a sala ficam com seus educadores sociais até se acalmarem para retornar à sala de aula.

“Percebemos nos anos anteriores que podemos desenvolver uma educação inovadora, mesmo tendo poucos recursos, bastando apenas sensibilidade e humanidade para acolher os estudantes com deficiência, porque eles reagem muito bem ao amor que recebem. E quando o estudante é devidamente acolhido, isso reflete na aprendizagem”, explica a vice-diretora da escola, Arlete Martins.

Outra novidade da escola começa a ser implantada na próxima semana, para o atendimento de estudantes “não falantes” (Quem não se comunica por meio da fala, mas utiliza outros recursos da na linguagem verbal para se expressar. Isso pode incluir a escrita, a digitação, a linguagem de sinais, entre outras alternativas). Em todos os ambientes – porta das salas, banheiro, refeitório, quadra, parquinho, sala de jogos, portão de entrada, bebedouro e salas de aula – estão sendo instaladas pranchas com as principais palavras para facilitar a comunicação delas com os colegas e os professores. A escola é, também, a primeira do Guará com adaptação visual de todo o ambiente escolar.