DHI RIBEIRO – O sucesso além dos horizontes do Guará

Cantora, e agora também atriz, já é conhecida nacionalmente e não para de produzir

O vozeirão, o sorriso largo e a gargalhada gostosa são inconfundíveis e são as marcas da cantora guaraense Dhi Ribeiro, considerada a principal expoente do samba no Distrito Federal. Talvez seja também a cantora radicada em Brasília mais conhecida nacionalmente, até mais do que Ellen Oléria, vencedora de uma das edições do The Voice Brasil, da TV Globo. Aliás, a própria Dhi foi destaque do The Voice de 2014, que a projetou para o todo o país. Ela ficou mais conhecida ainda depois de estrelar o longa Maria, assistido por mais de 17 milhões de telespectadores em fevereiro deste ano, quando o filme foi exibido pela TV Globo no “Tela Quente”.
Edilza Rosa Ribeiro, nome de batismo, nasceu em Nilópolis (Rio de Janeiro), mas foi criada em Salvador e depois adotou Brasília para viver. E escolheu o Guará como sua casa. Dhi começou a carreira ainda em Salvador cantando MPB e axé music em bares e trios elétricos. Neta de um dos fundadores dos Filhos de Gandhy, um dos mais tradicionais blocos de Salvador, esteve, claro, desde pequena, em contato com a música. Até os 16 anos se considerava tímida. Então, descobriu o mundo artístico trabalhando como modelo/manequim, profissão que exerceu por dez anos. Ela garante que nunca pensou em ser cantora profissional e cresceu imitando Alcione, Gal e cantoras internacionais. Na noite, dava canjas com uns amigos que tocavam violão, até que em 1987 outro amigo a convidou para cantar em uma banda de axé. Na época, ainda era como hobby, porque ainda trabalhava como modelo. Mas, no carnaval de 1993, já no mercado, ganhou o troféu Castro Alves de “Cantora Revelação”. A partir daí, passou a viver somente da música.
Quando chegou a Brasília, foi convidada para ser crooner (cantora de bandas populares) da banda Trem das Cores e teve a oportunidade de expandir seus horizontes profissionais, ao conviver com grandes músicos que abriram as portas para o samba, onde fez parte também da Cia do Swing e banda Coisa Nossa.

Experiência internacional

Dhi também é produtora e conta que sua Inspiração é o samba de todos os tempos e estilos, e, eclética como é, também ouve muita música negra dos anos 60 aos 80, MPB, Whitney Huston, Donna Summer, Dione Warwick, Nina Simone, Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi entre outras. Cantando em vários idiomas, como Francês, Inglês, Espanhol e Alemão, viveu uma experiência de quatro anos na Itália onde trabalhou em uma Cia Circense Il Grand Esppetacollo Circo Di Lidia Togni, onde foi convidada para cantar no show que tinha como tema o Brasil. Com muito talento, logo começou a apresentar o espetáculo como mestre de cerimônia e cantora. “Foi uma grande experiência que mudou a minha vida. Sou muito grata aos meus amigos circenses e posso dizer que aprendi grandes lições ao lado deles, nunca desistir dos meus objetivos foi uma delas”, afirma, orgulhosa.
Em 2009, a cantora gravou o CD “Manual da Mulher” pela Universal Music que teve como carro chefe a música “Para Uso Exclusivo da Casa”, que fez parte da trilha sonora da novela Lado a Lado (Rede Globo), que abriu espaço para a carreira nacional e internacional. Essa música foi executada em países de língua portuguesa e levou a cantora a turnês pela África, e da trilha da novela Tempos Modernos com a música “Aula de Matemática”. Em 2013, juntamente com Félix Jr., gravou o CD “Uma voz e Sete Cordas” pelo projeto Casa do Som, com produção de Dudu Maia, com clássicos de Chico Buarque, Dominguinhos, Almir Guineto, João Nogueira dentre outros. Ela participou de vários CD’s, coletânea, como Canta Brasília e Nem todos Sabem, uma homenagem ao compositor João Tomé, e participação em DVD’s de vários artistas locais.
O sucesso do filme Maria rendeu a ela participação em outros curtas e foi chamada para uma novela, “mas um compromisso de longo prazo com a televisão não cabe ainda na minha vida. Quem sabe no futuro?”, deixa a dúvida.

Multifacetada

Aquela timidez que tinha até os 16 anos deu lugar a uma mulher que conversa com todo mundo no mercado, na feira, na padaria, sempre com um sorriso de bom dia e que não sofre com o mau humor. Gosta de reunir amigos em casa de ir ao shopping, ao cinema, ao teatro, tomar café na Feira do Guará no domingo de manhã e de vez em quando desestressar na Água Mineral.
Já participou do Domingão do Faustão e do Programa do Jô e foi tema da escola de samba Candangos do Bandeirante, em 2014, com o enredo “Dhi Ribeiro: para uso exclusivo do samba”.
“Hoje sou cantora, produtora, dubladora, cuido da minha equipe e, mais recentemente, comecei a atuar como atriz. Então, esse caminho pra mim se expandiu a partir da minha vinda para Brasília já como cantora, e tenho minha família aqui, minha filha é candanga e meu coração também”, revela Dhi, no auge dos seus 59 de vida, 43 deles dedicados à vida artística.
Na música, a rainha do samba de Brasília sobe aos palcos para cantar sobre sua ancestralidade, o amor, as recordações de sua infância, letras que chamam a atenção por descrever uma mulher forte e profunda, que não se deixa humilhar e sabe seu valor. “Fui criada por mulheres incríveis: minhas avós, mãe, tias são grandes exemplos para mim. Minha avó é umbandista; minha mãe e irmã, do candomblé; fui cercada de tradições contadas e vividas, que trago comigo para que nunca me esqueça de onde vim. E na minha música, tento homenagear as minhas matriarcas, com amor, respeito e admiração em tudo o que faço”, conta Dhi, completa Dhi.
Atualmente, Dhi Ribeiro tem desenvolvido vários projetos com a parceira Gisela Gama, como Festa Preta, Casa da Dhi, Falando de Amor, Purpurina Pura. E faz parte também da Sara e Sua Turma, dando voz à tia Dhi, o que dá A ELA oportunidade de falar sobre a temática afro-brasileira com as crianças.