“Guará continua sendo uma cidade muito tranquila e segura”,Lorisvaldo Chacha, delegado titular da 4ª DP

Após seis meses no comando da 4ª Delegacia de Polícia do Guará, depois de ter trabalhado no Gama e em Brazlândia, o delegado Lorisvaldo Chacha Rosa em parte se surpreendeu com o comportamento do morador do Guará, considerado por ele como tranquilo até certo ponto em relação à segurança pública.
Nesta entrevista ao Jornal do Guará, dr. Chacha, como é conhecido, conta que a maioria dos crimes registrados na 4ª DF são casos de injúria, calúnia, difamação, lesão corporal (briga) e estelionato. Nenhum homicídio em seis meses, índice considerado por ele como surpreendente para uma população de 150 mil habitantes.

 

Que balanço o sr. faz nesses seis meses à frente da 4ª Delegacia de Polícia do Guará?
Mesmo com um efetivo reduzido, temos feito um trabalho intenso para a comunidade. Nossa resposta é rápida para todos os tipos de crime. Fico muito satisfeito em perceber que, nesse período, o Guará tem se mostrado uma cidade tranquila, principalmente em relação aos crimes violentos.

Quais são os crimes mais frequentes no Guará?
A maioria dos crimes no Guará é de menor potencial ofensivo, ou seja, aqueles cuja pena não ultrapassa dois anos. São casos de injúria, calúnia, difamação, lesão corporal recíproca, ameaça, estelionato, entre outros. Esses crimes são comuns em qualquer sociedade, pois fazem parte das tensões da convivência social.

Os índices de criminalidade no Guará te surpreenderam para mais ou para menos em relação às outras regiões do DF em que o sr. trabalhou?
No geral, o Guará é uma cidade com poucos crimes graves. O que me chamou atenção foi o número de crimes de menor potencial ofensivo. Acredito que, se as pessoas tivessem mais empatia umas com as outras, muitos desses problemas poderiam ser evitados. Uma convivência mais harmoniosa e respeitosa certamente reduziria esses tipos de conflitos.

Como está o tráfico e o consumo de drogas na cidade?
O consumo de drogas é uma realidade no Guará, o que naturalmente atrai pequenos traficantes para as conhecidas “bocas de fumo”. Esses pequenos pontos de venda incomodam bastante a comunidade, e estamos atentos a isso. Fazemos, em média, quatro prisões de traficantes por mês. No entanto, o que dificulta nosso trabalho é que, em muitos casos, esses traficantes são presos com pequenas quantidades de drogas, o que acaba resultando na soltura rápida deles nas audiências de custódia da Justiça.

Como a 4ª DP está atuando em relação ao tráfico de drogas?
Nosso foco é combater esses pequenos traficantes que afetam diretamente a comunidade. A investigação sobre a atuação de grandes traficantes cabe a uma outra delegacia especializada.

Aconteceu algum homicídio este ano no Guará?
Não tivemos casos confirmados de homicídio recentemente. Investigamos alguns casos que inicialmente pareciam homicídios, mas acabaram sendo mortes naturais ou acidentais, como no caso de uma pessoa em situação de rua que morreu queimada. A investigação ainda está em andamento para determinar se foi acidental ou criminoso.

O sr. citou o estelionato como um dos crimes mais verificados no Guará. Quais os mais comuns?
O crime de estelionato tem aumentado não só no Guará, mas em todo o Brasil, especialmente após a pandemia. Os golpes mais comuns são aqueles em que os criminosos se passam por familiares no WhatsApp, pedindo dinheiro. Também temos visto muitos casos de golpes bancários, onde o criminoso liga se passando por gerente e induz a vítima a realizar procedimentos que acabam liberando o acesso à conta bancária.

Como está o efetivo da 4ª DP? É suficiente?
Há um déficit de cerca de 60% de servidores na Polícia Civil do Distrito Federal. Isso afeta o atendimento e a capacidade de resposta. No entanto, estamos na expectativa de que o governador nomeie cerca de 800 policiais civis que já passaram no concurso e estão prontos para atuar. Isso traria um grande alívio para nós.