Embora a culpa sempre recaia sobre o governo, não há dúvidas de que o próprio morador é o principal responsável pelo aumento dos casos de dengue no Guará, no Distrito Federal e no país. A maioria dos focos está nas residências e acaba fugindo da fiscalização das equipes da saúde pública, porque está em locais que somente o próprio morador tem controle. É nessa conscientização que o governo está investindo agora, principalmente antes da intensificação do período chuvoso. O que antes era feito apenas pelas equipes da Vigilância Ambiental, passa a ser feito também pelas equipes do programa Saúde da Família, formada por médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde, que passam a ajudar na orientação dos cuidados que o morador deve tomar contra o mosquito transmissor.
No Guará, além dos 14 Agentes de Vigilância Ambiental (AVA) que fazem as visitas domiciliares, as 24 equipes locais do programa Saúde da Família passam a ajudar na conscientização quando realizam as visitas com o objetivo de prevenir as doenças antes que seja necessária a busca pelos equipamentos de saúde pública.
Para ajudar nessa conscientização, a Secretaria de Saúde está mobilizando 636 equipes de Saúde da Família (eSF), multiprofissionais e de saúde bucal distribuídas pela rede de 176 unidades básicas de saúde (UBSs) em todo o Distrito Federal.
Atividades educativas para prevenir a proliferação do mosquito e reconhecer os sintomas da dengue passaram a acontecer em escolas e estabelecimentos comerciais, além de terem sido incorporadas à rotina dos atendimentos nas UBSs e nas visitas domiciliares.
“Com o esforço conjunto, vamos fazer a diferença e proteger a saúde de todos”, afirma a secretária de Sáude, Lucilene Florêncio, que cita o Plano de Contingência para Respostas às Emergências em Saúde Pública por Dengue, Chikungunya e Zika, com ações previstas para 2024 e 2025, conforme a evolução dos números da doença.
Em outubro, profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) receberam material informativo para ser distribuído em ações junto à população, como cartazes e cartilhas. “A educação em saúde é uma ferramenta essencial nesse processo, e os profissionais da Atenção Primária à Saúde têm um papel fundamental, orientando a população e incentivando a mobilização comunitária”, explica a gerente de Apoio à Saúde da Família, Simone Lacerda.
Vigilância epidemiológica
Apesar de o Distrito Federal ter registrado, em 2024, uma elevação de 873,5% no número de casos prováveis de dengue comparado a 2023 – no Guará foram mais de 8 mil casos confirmados e 18 mortes -, o momento atual mostra um cenário mais tranquilo. Agora, a cada semana, são cerca de 200 pacientes com suspeita da doença, mantendo a tendência de poucos números para outubro e novembro, de acordo com a Secretaria de Saúde.
“É preciso manter a atenção”, lembra o chefe da Assessoria da Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS), Victor Bertollo. “Neste momento, a nossa incidência de casos está dentro do esperado para este período do ano”, sinaliza. “É diferente, por exemplo, do que nós vivemos ano passado, quando nesta época já estávamos acima do esperado”.
Ainda assim, a Secretaria de Saúde (SES-DF) mantém a vigilância epidemiológica dos números, com novos boletins emitidos semanalmente. Mais ações de combate à dengue vão ocorrer para prevenir a doença. A pasta também oferece a vacinação de crianças e adolescentes de dez a 14 anos, conforme indicado pelo Ministério da Saúde (MS).
O que fazem a Vigilância Sanitária e a Saúde da Família
Enquanto as equipes do programa Saúde da Família, de atenção primária, tem o objetivo cuidar das pessoas antes que adoeçam ou agravem suas doenças, a Vigilância Ambiental cuida da preservação dos ambientes contra os causadores de doenças sazonais transmitidas por animais.
A chefe do núcleo da Vigilância Ambiental do Guará, Hérica Marques, explica que o agente comunitário inspeciona residências, comércios, terrenos abandonados e orienta os responsáveis a evitar a proliferação de insetos e animais peçonhentos (escorpião, cobra, aranha, abelha, mosquito e marimbondo), sinantrópicos (pombos e ratos), fazem controle da raiva (cães e gatos) e da leishmaniose (transmitida através principalmente do cão).
Para o diretor Regional de Atenção Primária à Saúde da Região Centro-Sul, em que a cidade do Guará está incluída, Luiz Henrique Mota Orives, a ajuda no combate ao mosquito transmissor também pode ser atribuído às atividades das equipes da saúde da família, “porque, de alguma forma, ajuda na prevenção das doenças e evita a procura pelos equipamentos de saúde e de internações”. “Qualquer reforço que possa contribuir com a redução da dengue, zika e chicungunya é bem-vinda”, completa a chefe da Vigilância Ambiental do Guará, Hérica Marques.
Dia 18 é o “Dia D” contra a dengue no Guará
Está marcada para 18 de novembro, sexta-feira, a grande ação contra a proliferação do mosquito transmissor da dengue no Guará, coordenada pela Administração Regional em parceria com órgãos de saúde, de segurança e com lideranças comunitárias. As providências do governo serão acompanhadas de uma campanha de conscientização dos moradores para que mantenham seus ambientes limpos sem focos do mosquito Aedes aegypti. Caso essa conscientização não obtenha os resultados esperados, o governo pretende voltar a multar e a tomar medidas mais enérgicas contra os moradores que não respeitarem as recomendações.
A primeira reunião da frente contra a dengue foi coordenada pelo administrador regional do Guará, Artur Nogueira, e contou com a presença da chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental do Guará, Hérica Marques, do tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), Vicente Parente, e do delegado-chefe adjunto da 4ª Delegacia de Polícia Civil, Filipe Campos. Representantes das áreas técnicas da Novacap, secretarias de Educação, Saúde, DF Legal e Serviço de Limpeza Urbana (SLU) também participaram, porque são órgãos fundamentais no controle e fiscalização das ações contra a dengue.
Ações conjuntas para a conscientização da população e o trabalho integrado para o reforço na limpeza da cidade foram assuntos discutidos entre os órgãos do GDF. Líderes comunitários presentes na reunião ajudaram a mapear as áreas mais críticas em relação ao descarte irregular de lixo no Guará.