O primeiro homicídio do ano no Guará foi provocado por ciúmes. Impedido de retirar a ex-mulher de uma festa por amigos dela, o chef de cozinha Getro Costa Silva (foto), 37 anos, matou um deles com uma facada no peito, na madrugada de terça-feira, 12 de novembro, no Guará I.
O casal estava em processo de separação após dois anos de convivência. A mulher passou alguns dias na casa de uma amiga, e na noite de terça resolveu ir a uma festa de aniversário na casa de amigos, também no Guará I. Depois de descobrir onde ela estava, Getro, que apresentava sinais de embriaguez, foi até lá e tentou retirá-la à força, mas foi impedido pelos amigos dela, preocupados com a possibilidade do rapaz agredi-la quando saíssem.
Assustada, a mulher decidiu ir embora e um dos homens que estava na festa se ofereceu para acompanhá-la, na intenção de protegê-la. No caminho, quando os dois passavam pelo conjunto Z da QI 12 do Guará I, o ex-marido apareceu novamente, desta vez com uma faca. Depois de discutirem, o rapaz que acompanhava a mulher, conhecido como Galego, acertou Getro com uma pedrada na cabeça, que revidou com uma facada certeira no coração do rapaz, que morreu no local antes da chegada dos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Câmeras de segurança da rua mostram a mulher e o amigo ao lado de um carro, quando o cozinheiro chega e avança sobre eles com faca na mão. O homem cai no chão e Getro parte para cima, na intenção de lhe desferir um golpe. Porém, a mulher intervém e o amigo consegue se levantar. A discussão segue para um beco e outra câmera de segurança mostra quando a vítima chuta o cozinheiro, que revida com a facada fatal.
De acordo com a mulher, a faca usada no crime pertencia a um jogo de facas que ela havia dado de presente para o ex. Mesmo tendo fugido do local do crime, Getro foi descoberto escondido na casa de um amigo e levado para a 1ª Delegacia da Asa Sul, quando foi autuado em flagrante e preso por homicídio. O dono da casa onde o criminoso estava escondido também foi levado para delegacia, prestou depoimento e, após assinar Termo Circunstanciado (TC), foi liberado com o compromisso de estar à disposição da Justiça.
Ex-patrões surpresos
No seu depoimento na 1ª DP, Getro alegou que a ex-mulher estaria usando medicamentos de uso controlado e drogas, e que ela estaria fora de casa havia três dias sem motivo aparente. Ele garantiu que havia sido espancado quando tentou tirar a ex-companheira da festa pelos amigos dela. Depois de ir em casa e tomado banho, voltou para tentar novamente retirá-la da festa, mas, no caminho se deparou com ex-companheira e o amigo na rua do Conjunto Z. O chef de cozinha confirmou que desferiu a facada contra o homem, mas disse que não teve intenção de atingir a vítima, apenas de afastá-lo.
Nas redes sociais do Guará, ex-patrões do chef de cozinha lamentaram o crime e ficaram surpresos com a atitude de Getro, considerado por eles como uma pessoa calma e ótimo profissional. “Ele trabalhou comigo há uns dez anos e era pacato e um ótimo cozinheiro, mas tinha problemas com bebida alcoólica”, afirma Marcone Amaral, do antigo restaurante Onda, que funcionava na QE 28 do Guará II. Mas, quem mais conhecia Getro é atual patrão dele, Adelson Soares de Oliveira, do Ceará Carne de Sol, na QI 6 do Guará I, onde o cozinheiro trabalhava há dez anos. “É um excelente profissional e era inclusive o chefe da cozinha do restaurante. É muito calmo, mas vinha sofrendo por causa dessa mulher. Infelizmente tomou essa atitude, que acabou com a vida do rapaz assassinado e com a dele”, lamenta. Tiago Lucena, do restaurante Mandaka, da QE 30 do Guará, também conhecia Getro, descrito por ele como “excelente profissional e de fácil trato”. “Fez uma grande besteira”, diz o também ex-patrão do cozinheiro.