O anúncio da venda das primeiras projeções da QE 60, a mais nova quadra do Guará II, lançada pela Terracap no meio do ano, aumenta a preocupação dos moradores com o adensamento populacional da parte sul da cidade, o que seria compreensível e aceitável se esse aumento viesse acompanhado de projetos e iniciativas que minorassem os impactos da chegada de cerca de 20 mil novos moradores somente na área compreendida pelas QEs 48 a 58 (cerca de 12 mil moradores) e os 8 mil previstos para a QE 60, principalmente na mobilidade. Mas, por enquanto, a única providência anunciada é a duplicação da via Guará-Núcleo Bandeirante, já em obras, o que, pelo menos, vai retirar dos acessos à Epia e à EPNB boa parte do fluxo de veículos nas horas de pico. E só.
O que se vê, por enquanto, é a preocupação em comercializar terrenos, como foram feitos com os 1600 lotes das QEs 48 a 58 e agora com as 107 projeções da QE 60. Nenhuma outra informação sobre ampliação dos acessos a essas quadras novas e delas para as artérias próximas. Os únicos acessos que existem são duas improvisações estreitas entre a QE 46 e o Setor de Postos, Motéis e Concessionárias e outra entre o setor Iapi e QEs 48 a 58 à via Epnb, até o acesso ao viaduto do Núcleo Bandeirante. Nenhum dos dois projetos dos novos setores (QEs 48 e 58 e QE 60) vieram acompanhados de propostas para a ampliação dos acessos e melhoria da mobilidade para tanta gente que está chegando. Se nada for feito nos próximos dois anos, quando as quadras novas estiverem totalmente ocupadas – as QEs 48 a 58 estão atualmente com cerca de 70% da ocupação prevista – e a QE 60 começar a ser ocupada, vão se formar gargalhos ainda maiores dos já provocados atualmente. Hoje, quem entra e sai pelas QEs 38, 42, 44 e 46 a única opção de acessar a Epia no sentido Norte (Plano Piloto, SIA, etc) são os viadutos da Candangolândia ou o outro entre o Núcleo Bandeirante e Candangolândia, com suas pistas apertadas.
Em nenhum dos anúncios de investimentos em mobilidade do Governo do Distrito Federal, que borbulham aos montes por todas as regiões administrativas, constam melhoria dos acessos ao Guará II, que já começam a ficar visivelmente saturados e que podem piorar mais ainda com a conclusão dessas quadras novas.
Densidade da QE 60
será igual à do Sudoeste
A nova quadra, que vai ocupar cerca de 290 mil metros quadrados entre a QE 46 e o Setor de Postos, Concessionárias e Motéis, ao lado do Parque Ezechias Heringer (o Parque do Guará), será 100% vertical, com prédios de até 22,5 metros de altura, ou seja, 6 andares mais pilotis e cobertura. Serão 107 edifícios, sendo 92 deles para uso misto (comercial ou residencial) e cinco lotes institucionais (escola, posto de saúde ou algum outro serviço público).
O projeto da QE 60 prevê duas avenidas comerciais, onde se concentrará o comércio da quadra, permitindo que os moradores acessem os serviços a pé. De acordo com a Terracap, “a proposta é integrar novas unidades residenciais a uma variedade de comércio, serviços e opções de lazer, promovendo a vitalidade urbana. Esse tipo de empreendimento é projetado para atender às necessidades dos seus moradores, privilegiando os deslocamentos sem o uso de veículos automotores”. Os lotes de uso residencial vão ficar a menos de 200 metros de uma praça, ou seja, os moradores terão uma área pública a no máximo três minutos de caminhada. As estratégias de sustentabilidade ambiental incluem uma rede de ciclovias conectadas e a existência de calçadas largas e arborizadas, que privilegiam pedestres e ciclistas e desestimulam o uso de carros, reduzindo a poluição atmosférica e a emissão de gases de efeito estufa. O que chama a atenção é a alta densidade populacional da quadra, semelhante à do Sudoeste. Esses 8 mil novos habitantes vão ocupar uma área de apenas 29 hectares, ou 290 mil metros quadrados, correspondente a 40 campos de futebol. Todos os 107 lotes previstos no projeto são destinados a construções verticais, com exceção apenas de cinco lotes para equipamentos públicos.