
Três anos após o atropelamento que chocou a comunidade do Guará, o responsável pela morte do jovem Matheus Menezes de Assunção Nunes, 25 anos, será julgado pelo Tribunal do Júri nesta quinta-feira (20/3). O julgamento ocorrerá no Fórum Desembargadora Maria Thereza Braga Haynes, no Guará, a partir das 8h30. O réu, Vinícius Couto Farago, responderá por homicídio doloso, pois as investigações comprovaram que ele dirigia embriagado e em alta velocidade quando atropelou Matheus na faixa de pedestres da via contorno do Guará II, próximo à QE 30, em 16 de janeiro de 2022.
Apesar da gravidade do crime, Vinícius responde ao processo em liberdade. A defesa do acusado tentou adiar o julgamento, alegando uma viagem previamente marcada, mas o pedido foi negado pela Justiça. A expectativa dos familiares e amigos de Matheus é de que, após anos de espera, a Justiça seja feita.
O crime que abalou o Guará
Na noite de 16 de janeiro de 2022, Matheus Menezes atravessava a faixa de pedestres quando foi violentamente atingido pelo carro de Vinícius Farago, um Volkswagen New Beetle. Testemunhas relataram que outros veículos haviam reduzido a velocidade para Matheus atravessar, mas Vinícius, que estava na faixa do meio, não parou. Após o impacto, ele fugiu do local sem prestar socorro, abandonando o carro pouco depois. Matheus foi socorrido pelo Samu e levado ao Hospital de Base, onde permaneceu internado por três dias, mas não resistiu aos ferimentos.
A identificação da vítima levou dias, pois Matheus não portava documentos no momento do atropelamento. Sua família registrou o desaparecimento e percorreu hospitais em busca de informações, descobrindo apenas dias depois que ele havia falecido.
Histórico do acusado
As investigações da 4ª Delegacia de Polícia do Guará revelaram que Vinícius estava embriagado na noite do crime. Imagens mostraram o acusado em um bar do Núcleo Bandeirante, consumindo bebida alcoólica antes de atropelar Matheus. Outro vídeo, gravado por uma testemunha, o flagrou saindo do local com uma garrafa de cerveja na mão, o que, segundo a polícia, poderia ter sido uma tentativa de encobrir a embriaguez, alegando que havia bebido após o acidente.
Além do atropelamento fatal, Vinícius Farago tem um histórico de envolvimento em crimes. Em 2022, meses após a morte de Matheus, ele foi preso na Operação Huracán, que desarticulou uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar por meio de rifas ilegais de carros de luxo. O esquema criminoso movimentou cerca de R$ 20 milhões em dois anos e meio. Entre os presos estava o influenciador digital Kleber Morais, conhecido como “Klebim”, apontado como líder do grupo.
Vinícius era sócio de Klebim em diversas páginas de rifas de carros rebaixados e de luxo, utilizadas para captar dinheiro ilegalmente. Durante a operação, a polícia apreendeu vários veículos de alto valor, como uma Lamborghini Huracan e uma Ferrari 458 Spider, além de sequestrar uma mansão no Park Way avaliada em R$ 4 milhões.
Busca por Justiça
A família de Matheus Menezes nunca desistiu de lutar por justiça. Desde o crime, parentes e amigos se mobilizaram para reunir provas e acompanhar o caso de perto. Simone Assunção, mãe de Matheus, lamenta a demora no julgamento e a liberdade do acusado. “Ele não tirou apenas a vida do meu filho, ele destruiu nossa família. Não queremos vingança, apenas que ele pague pelo que fez”, desabafa.
O julgamento de Vinícius Farago representa um momento decisivo para a comunidade do Guará, que acompanha o caso com atenção e espera que a Justiça seja feita.