Uma das armas desenvolvidas para identificar e mapear o mosquito transmissor de dengue, zika e chicungunya está sendo sabotada por parte da população guaraense, por desconhecimento da sua importância e efeitos, ou por excesso de medo por sua segurança física. O Núcleo de Vigilância Ambiental do Guará está preocupado com a quantidade de recusas de permissão para que os agentes de vigilância ambiental entre nas residências e instalem um equipamento muito simples, que se consiste em pequenos baldes de plástico com pedaço de madeira áspera no interior, que serve para coletar os ovos do mosquito. Conhecidas como ovitrampas, essas armadilhas são fundamentais para o monitoramento da infestação do mosquito transmissor em determinadas quadras ou regiões com maior incidência de casos suspeitos ou confirmados de dengue.

Importância do monitoramento
O mapeamento das residências onde as armadilhas serão instaladas é feito com base em estatísticas do Ministério da Saúde, que identificam áreas de maior incidência de casos suspeitos ou confirmados de dengue. Segundo Roberta Mourão, chefe do Núcleo da Vigilância Ambiental do Guará, quando uma residência recusa a instalação, a equipe tenta realocar a armadilha em imóveis próximos, dentro de um raio de 300 metros. “Se a recusa persiste em toda a região, não temos poder legal para obrigar a instalação. Por isso, é fundamental que a população compreenda a importância desse trabalho e colabore”, explica.
O monitoramento realizado pela Vigilância Ambiental indica que a incidência de ovos do mosquito varia conforme a quadra. Algumas áreas apresentam altos índices de infestacão, enquanto outras estão sob controle. Entretanto, segundo Roberta, no momento não há casos confirmados de dengue no Guará, embora algumas suspeitas tenham sido investigadas, mas descartadas. “O sistema das ovitrampas nos ajuda muito a prevenir surtos de dengue na nossa cidade. A colaboração da população é essencial para manter a situação sob controle”, afirma.
A Vigilância Ambiental reforça que as ovitrampas não representam risco aos moradores e pede que a comunidade aceite a instalação para contribuir no combate à dengue.
De acordo com o biólogo da Vigilância Sanitária, Israel Moreira, as ovitrampas direcionam as ações de combate por meio de um melhor monitoramento da infestação de mosquitos. “As armadilhas permitem verificar onde há mais mosquitos na cidade. A quantidade de ovos coletados é utilizada na criação de mapas que indicam as quadras mais infestadas da cidade, e as ações de prevenção e controle são realizadas prioritariamente nessas áreas”, explica.
Como funcionam
As ovitrampas são compostas por um pote preto com água e levedo de cerveja, além de um pequeno pedaço de placa de fibra de madeira (o material das pranchetas). É nessa placa — chamada de paleta — onde os mosquitos colocarão seus ovos. Embora as armadilhas pareçam um criadouro de mosquitos, elas são seguras, pois recebem inseticida para impedir o desenvolvimento de larvas.
“Esse tipo de armadilha, diferentemente da coleta de larvas do mosquito, é bastante sensível. Ou seja, permite detectar baixas infestações nas cidades. Na estação seca, por exemplo, enquanto o agente de vigilância tem certa dificuldade em encontrar larvas, as armadilhas conseguem apontar a presença de mosquitos adultos”, explica o especialista. Além disso, a ovitrampa serve para indicar a quantidade de ovos produzida por área e ajuda a removê-los do ambiente.
Após sete dias, os agentes de vigilância ambiental retornam ao local onde as armadilhas foram instaladas, retiram a paleta, lavam os recipientes e inserem uma nova paleta. O material colhido é levado para o laboratório, onde é realizada a contagem do número de ovos.