Um cenário que antes era marcado por sombra fresca e frutas no pé, tem causado preocupação e revolta entre os moradores das QE 13 e QE 15, no Guará II. Nas últimas semanas, a comunidade percebeu mudanças drásticas em um antigo pomar comunitário: árvores frutíferas foram danificadas, galhos estão quebrados e folhas cobrem o chão. O responsável? Um morador, que segundo registros de câmeras de segurança, tem saído de madrugada para cortar as árvores com facão e serrote.
O pomar, formado por abacateiros, mangueiras, amoreiras, jaqueiras e outras espécies, é motivo de orgulho para a vizinhança. Plantado e cuidado pelos próprios moradores ao longo dos anos, o espaço serve como ponto de encontro, lazer e descanso. Mas, de forma silenciosa e sistemática, as árvores vêm sendo mutiladas, o que tem alarmado quem vive na região.
“Era um pomar bonito e completo. Agora tá tudo no chão. Não é justo. Elas estavam quietinhas, dando sombra, fruta. Isso aqui é espaço de convivência”, conta Maria do Socorro, uma das moradoras mais antigas da área, que já procurou a ouvidoria do GDF para denunciar os danos.
De madrugada
As câmeras de segurança instaladas em residências próximas revelaram cenas inusitadas: um homem, durante a madrugada, utilizando uma escada e um facão para alcançar os galhos mais altos. Em uma das imagens, ele aparece golpeando insistentemente uma árvore até parte dela ceder.
Além do prejuízo ambiental, há riscos à segurança. Galhos parcialmente cortados permanecem pendurados, prestes a cair. “Tem criança saindo do colégio, pode acontecer um acidente. Fora que esses galhos acumulam sujeira, atraem escorpiões e ratos. É um perigo constante”, alerta José Neto, outro morador.
Para tentar conter a ação, um vizinho chegou a colocar um cartaz numa das árvores com o aviso: “Você que cortou o pé de limão às 3 horas da manhã, vou dar parte de você.” A comunidade também passou a monitorar a área e documentar os danos. Edválcio Rodrigues, morador há mais de 40 anos na QE 15, lamenta a destruição de um espaço construído a muitas mãos. “Essas árvores foram plantadas por nós, com cuidado. A gente regava, adubava, cuidava. Agora aparece alguém que mal chegou e começa a destruir tudo”, desabafa.
Apesar das denúncias, os moradores relatam dificuldade para obter uma resposta efetiva dos órgãos responsáveis. “A ouvidoria disse que não é com eles. Então é com quem? A Administração do Guará não cuida disso?”, questiona Maria Divina Maia, inconformada com a falta de retorno dos órgãos públicos à denúncia.
A comunidade agora pede providências imediatas. “A gente não quer confusão, só quer preservar o que é nosso, o que foi feito com carinho. Essas árvores são parte da nossa história e do nosso dia a dia”, reforça a moradora Maria de Jesus Alves.