Guará tem seu time de futebol… americano

Após o desaparecimento do histórico Clube de Regatas Guará, em 2008, a cidade voltou a ter um time representando seu nome nos campos — mas desta vez, no futebol americano. Fundado em 2013, o Leões de Judá é atualmente um dos dois principais times da modalidade no Distrito Federal, com quatro títulos do Campeonato Candango e presença constante em competições nacionais.
O time guaraense surgiu dentro de uma igreja evangélica, o que explica o nome, que é uma referência bíblica à tribo de Judá. No comando está o fundador e presidente Adalberto Patrocínio Correa de Araújo, mais conhecido como Dadau, nascido e criado no Guará, 58 anos, e entusiasta do esporte da bola oval.

O time do Guará disputa as duas modalidades do futebol americano, o Full Pad, jogado por dois times de 55 jogadores e o uso de capacetes, e o Flag,
por apenas oito jogadores em cada time, mas sem equipamentos de segurança
O time do Guará disputa as duas modalidades do futebol americano, o Full Pad, jogado por dois times de 55 jogadores e o uso de capacetes, e o Flag,
por apenas oito jogadores em cada time, mas sem equipamentos de segurança

Apesar de pouco conhecido entre os moradores da cidade, o Leões de Judá é destaque entre os mais de 50 times brasileiros cadastrados na Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) – o clube disputa as competições nas modalidades Full Pad (com equipamentos e com 55 jogadores em cada time) e Flag (sem contato físico intenso, com 8 jogadores em cada time). O Flag Football foi recentemente incluído nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028, o que deve aumentar a visibilidade e o apoio à modalidade nos próximos anos.
Em 2025, o Leões de Judá participa da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol Americano, com início previsto para 6 de junho. Já a equipe de flag football, que inclui atletas de ambos os sexos, representará o DF na Copa do Brasil da modalidade e também em torneios internacionais no México, em junho, e outro na Suécia, em novembro.

O presidente, técnico e atleta Dadau é também o fundador do clube, que ainda enfrenta dificuldades de ser recohecido pela comunidade e de conseguir patrocínio para cobrir os custos de manutenção e de preparação

Estrutura e desafios
Com um elenco de mais de 80 atletas, o time treina atualmente no campo nas proximidades da Unidade Básica de Saúde (UBS) 2, onde treinava e jogava o time de futebol amador Maringá. Antes, passou pelo campo sintético da QE 38 e no gramado parcialmente reconstruído do Estádio do Cave.
Por se tratar de um esporte de contato, os jogos exigem infraestrutura mínima, como vestiários, arquibancadas e, principalmente, acesso para ambulância em campo, o que impossibilita partidas oficiais em alguns espaços públicos do Guará. Por isso, os jogos do time costumam ser realizados no estádio Bezerrão, no Gama.
O Leões de Judá, mesmo com tanto destaque regional e nacional, não conta com patrocínio fixo. As despesas com transporte, arbitragem, pintura do campo e alimentação são cobertas por doações dos próprios atletas. Em competições fora do DF ou no exterior, o time recorre ao programa Compete Brasília, da Secretaria de Esporte e Lazer, que subsidia parte dos custos em competições oficiais.
Além de bancar os custos com a estrutura necessário do time, os jogadores ainda assumem os custos do próprio equipamento, que, por questões de segurança, por ser um esporte de choque e contato, precisa ser reforçado e de boa qualidade. “É um esporte caro. Só o equipamento básico — capacete e ombreiras — custa cerca de R$ 1 mil, mesmo usado. Mas o flag (que não usa capacete) é mais acessível, exige apenas chuteira e cinto com bandeiras, que em média custa R$ 300”, explica Dadau.

Quer ser um jogador?
Diferente do futebol, basquete e outros esportes coletivos que exigem certa habilidade natural, o futebol americano mais preparo físico. Quem quiser, por exemplo, se integrar ao time do Leões de Judá, basta comparecer aos treinos do time e se candidatar a um teste. A seleção é feita por meio de testes físicos — não é necessário conhecimento prévio sobre o esporte. “A gente treina o atleta desde o zero. O futebol americano é muito democrático, tem espaço para todos os perfis: grandes, pequenos, rápidos, fortes… E até os gordinhos. Cada um se encaixa em uma posição”, garante Dadau.
Os treinos acontecem às terças e quintas à noite, e aos sábados pela manhã.