Morador do Guará há 15 anos, o novo comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, coronel Fernando Vítor Passos, 46 anos, conhece bem a realidade da segurança pública da cidade. Além de morador antigo, ele foi subcomandante do próprio batalhão por dois anos e chefe de Gabinete da Administração Regional do Guará em 2015/16. Portanto, nada para ele é novo, com exceção do cargo de comando, que nem vai precisar da adaptação de quem chega a um território novo. Sem tempo a perder, o novo comandante já começa implantando as ações que julga necessárias para aumentar a sensação de segurança pública no Guará, principalmente através de uma maior integração com a comunidade e os órgãos públicos da cidade.
Passos acredita que o combate à criminalidade passa, necessariamente, pela integração de esforços entre órgãos públicos e sociedade. Nesta entrevista ao Jornal do Guará, ele apresenta suas metas à frente do Batalhão e explica como pretende enfrentar os principais desafios da segurança pública na região.

Qual sua trajetória até assumir o comando do 4º Batalhão?
Sou da PM há 27 anos e moro no Guará há 15. Já fui subcomandante do próprio 4º Batalhão e também chefe de gabinete da Administração Regional na gestão do administrador regional André Brandão (2015/16). Então, conheço bem a cidade, suas lideranças e demandas.
Qual será o foco da sua gestão?
Vamos trabalhar com a política de segurança pública do programa DF Mais Seguro, com base na integralidade, ou seja, a segurança não depende apenas da Polícia Militar. É preciso integrar todos os órgãos: Administração, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, lideranças comunitárias, escolas, conselheiros tutelares, Ministério Público e Judiciário. Já estou com agendas abertas com todos esses segmentos.
Na prática, como funciona essa integralidade?
Por exemplo, a segurança em praças e parques depende da iluminação, do paisagismo, da limpeza, da ocupação dos espaços. Vamos reunir os atores envolvidos para discutir ações conjuntas. Também queremos aproximar o Batalhão da comunidade. Estamos recebendo muitos moradores e lideranças para ouvir as demandas diretamente.
O sr mencionou a criação de uma política de “policiamento de proximidade”. O que isso significa?
É uma polícia mais próxima do cidadão, que atua com base em inteligência e no mapeamento de áreas críticas. A ideia é posicionar os policiais nos locais e horários certos, atuando tanto na prevenção quanto na repressão. O tempo de resposta às ocorrências será monitorado. Nosso padrão é de até cinco minutos, mas vamos manter ou melhorar isso.
Quais são hoje os principais problemas de segurança no Guará?
Nosso maior desafio é combater o medo do crime. A maioria dos crimes no Guará é de furtos, roubos com faca ou arma de fogo e pequenos delitos ligados ao tráfico. O índice de homicídios é baixo. O Guará I, Lúcio Costa e áreas como a 40 e a 38 são os locais com maior número de ocorrências.
Há relação entre a criminalidade e o tráfico de drogas?
Sim. Muitas ocorrências estão ligadas ao uso e comércio de entorpecentes. Áreas como o Parque Ezechias Heringer, por exemplo, são usadas para esconderijo por pessoas em situação de rua e para práticas criminosas. Vamos intensificar o monitoramento dessas áreas.
Como está o projeto da Rede de Vizinhos Protegidos no Guará?
Atualmente, temos redes ativas na QE 40, QE 15, Park Sul e uma sendo retomada na QI 38 e agora na QE/QI 5. A ideia é expandir. Qualquer morador pode procurar o Batalhão para organizar um grupo. A rede usa o WhatsApp de forma estruturada para prevenir delitos — não é para denúncia após o crime, mas para alertas e observações da vizinhança.
E sobre o uso do 190, que ainda causa dúvidas entre moradores?
Sou defensor do uso do 190. É por ali que monitoramos nossos resultados e conseguimos mensurar a efetividade do atendimento. A Rede de Vizinhos é uma ferramenta complementar, preditiva. Mas a resposta rápida vem pelo 190. Vamos reforçar isso nas ações educativas.
Há previsão de ações contra poluição sonora e som alto, um das principais reclamações dos moradores?
Sim. Estamos elaborando um projeto piloto de combate à poluição sonora, envolvendo a PM, Ministério Público e outros órgãos. A ideia é aplicar a Lei Ambiental no contexto urbano, principalmente em locais como distribuidoras, quiosques e bares próximos às residências. A atuação será firme, mas com base em conscientização e legalidade.
Como os moradores podem colaborar com o trabalho da PM?
Participando das redes de vizinhos, ligando para o 190 quando perceberem algo estranho e, principalmente, usando os espaços públicos. A presença da população nas praças e parques ajuda a coibir delitos. Nosso objetivo é devolver à população a tranquilidade de viver bem no Guará.