Cancelado julgamento de atropelador de Matheus Menezes

Defesa do acusado Vinícius Couto Farago apresentou laudo técnico com supostas provas de que a vítima não estava na faixa de pedestres e entrou na pista apressadamente. O juiz do caso cancelou o júri popular que aconteceria nesta quinta-feira, 8 de maio

Matheus Menezes chegou a ficar internado por cinco dias sem que a família soubesse, mas não resistiu

Um dos casos que mais comoveu a comunidade guaraense ainda não teve seu desfecho, como estava previsto. O julgamento do acusado pelo atropelamento e morte de Matheus Menezes de Assunção Nunes, 25 anos, em 16 de janeiro de 2022, na avenida contorno do Guará II na altura da QE 30, foi cancelado pelo desembargador Esdras Neves, da Vara Criminal do Fórum do Guará, um dia antes, no dia 7 de maio.
A defesa de Vinícius Couto Farago, o atropelador, 35 anos, apresentou laudo técnico com supostas provas de que Matheus não estaria na faixa de pedestres, conforme alega a acusação, e que, por isso, o atropelamento teria sido inevitável. De acordo com o laudo, “a vítima teria ingressado na via de forma inesperada, em horário noturno, oriunda de área verde com vegetação densa, comprometendo por completo a visibilidade do condutor”.
Para um dos advogados da defesa de Vinícius, Handerson Roberto de Sousa, “o laudo técnico é categórico ao afirmar que, mesmo com todos os esforços possíveis, seria impossível evitar a colisão, afastando, assim, qualquer hipótese de dolo eventual”. Ele reclama da suspensão do julgamento a pedido do Ministério Público e da acusação, que segundo ele, “foi desnecessária e ilícita, e de forma aparentemente parcial”. O advogado diz que o magistrado responsável pelo caso teria retirado do processo documentos encaminhados pela defesa e, mesmo depois de liminar do TJDFT para o retorno deles, o desembargador Esdras Neves preferiu cancelar o julgamento, que será remarcado para data ainda não informada.

Vinícius Farago teria consumido bebida alcóolica, de acordo com fotos e vídeos
recebidos pela polícia. Carro dele ficou com as marcas do atropelamento


Acusado estaria embriagado
Vinícius Couto Farago responde por homicídio doloso, porque, de acordo com as investigações, ele dirigia embriagado e em alta velocidade quando atropelou Matheus na faixa de pedestres, com um Volkswagen New Beetle.
Testemunhas relataram à polícia que outros veículos haviam reduzido a velocidade para Matheus atravessar, mas Vinícius, que estava na faixa do meio, não parou. Após o impacto, ele fugiu do local sem prestar socorro, abandonando o carro pouco depois. Matheus foi socorrido pelo Samu e levado ao Hospital de Base, onde permaneceu internado por três dias, mas não resistiu aos ferimentos.
A identificação da vítima levou dias, pois Matheus não portava documentos no momento do atropelamento. Sua família registrou o desaparecimento e percorreu hospitais em busca de informações, descobrindo apenas dias depois que ele havia falecido.
As investigações da 4ª Delegacia de Polícia do Guará revelaram que Vinícius estava consumindo bebida alcoólica um bar do Núcleo Bandeirante, antes de atropelar Matheus. Outro vídeo, gravado por uma testemunha, flagrou o acusado saindo do local com uma garrafa de cerveja na mão, o que, segundo a polícia, poderia ter sido uma tentativa de encobrir a embriaguez, alegando que havia bebido após o acidente.

Histórico de
outros crimes
Além do atropelamento fatal, Vinícius Farago tem um histórico de envolvimento em crimes. Em 2022, meses após a morte de Matheus, ele foi preso na Operação Huracán, que desarticulou uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar por meio de rifas ilegais de carros de luxo. O esquema criminoso movimentou cerca de R$ 20 milhões em dois anos e meio. Entre os presos estava o influenciador digital Kleber Morais, conhecido como “Klebim”, apontado como líder do grupo.
Vinícius era sócio de Klebim em diversas páginas de rifas de carros rebaixados e de luxo, utilizadas para captar dinheiro ilegalmente. Durante a operação, a polícia apreendeu vários veículos de alto valor, como uma Lamborghini Huracan e uma Ferrari 458 Spider, além de sequestrar uma mansão no Park Way avaliada em R$ 4 milhões.