Aquela fruta que os moradores do cerrado brasileiro conhecem e apreciam, descoberta desde os tempos de criança, mas que outros brasileiros de outras regiões nem experimentam ou experimentaram e não gostaram, pode ser matéria prima para pratos saborosos e exóticos. Não somente os frutos, mas as folhas também. É o que está provando e promovendo o chef guaraense Vinicius Rossignolli, considerado hoje o maior pesquisador e divulgador da gastronomia do Cerrado.
Morador do Guará há 30 anos – está agora com 35 anos de idade -, Vinícius recebeu na sexta-feira mais um prêmio por sua atuação e defesa da gastronomia do Cerrado, durante o festival promovido pelo Instituto Multidisciplinar, que incentiva o empreendedorismo profissional e a consciência cidadã nas áreas de gastronomia, cultura, turismo e cidadania, em todo o país.
Durante o encontro, realizado na semana passada em Belém aconteceu o Festival Enchefs Brasil, que reuniu os chefs indicados ao Prêmio Nacional Dólmã, chefs embaixadores, coordenadores dos enchefs estaduais, chefs locais, estudantes, empresários, gestores de entidades públicas e privadas e também apreciadores da gastronomia de todo o país. Durante o evento, foram realizadas intervenções gastronômicas, aulas show, encontros científicos, palestras e degustações.
Mas esse foi apenas mais um reconhecimento ao chef Vinicius. Somente em 2021, ele recebeu o prêmio Personalidade do Ano no DF na Gastronomia, Chef Embaixador do DF, da Secretaria de Turismo.
Programas de TV
Vinícius Rossignolli é conhecido também do público que acompanha programas gastronômicos na TV, por ter apresentado o programa Sabores, na Rede TV DF, e por ter sido o representante brasiliense que mais avançou de etapas no programa Masterchef, da Rede Bandeirantes, em 2018. Participou ainda da seletiva do Enchefs estadual e foi indicado pela Chef Otávia para concorrer ao título de “embaixador da gastronomia do DF”. Ele conta que já recebeu convites de três países para participar de eventos internacionais com foco na valorização do cerrado.
Por causa da pandemia, Vinícius teve que interromper as atividades presenciais, quando participava de eventos corporativos com sua culinária do cerrado. “Durante a parada forçada, aproveitei para ampliar as pesquisas de matéria prima e a criação de novos pratos. Nessas pesquisas, tenho a ajuda do maior pesquisador do bioma do cerrado no país, o botânico Marcelo Kuhlmann, que tem cerca de 8 mil espécies de planta do cerrado catalogadas, e dos departamentos de pesquisas da UnB e da Embrapa. Foi muito enriquecedor”, conta o chef guaraense, que promove experimentos com plantas e frutos que podem ser consumidas, sem risco para a saúde. Ele cita o marmelo do cerrado, um primo do café, que depois de torrado acrescenta aroma e sabor a alguns pratos.
Abrir seu próprio restaurante
Além das pesquisas e experiências, Vinicius Rossignolli pretende abrir seu próprio restaurante, com a participação de um empreender amigo. “Estamos vendo um ponto de preferência no Pier 21”, adianta o chef, que já trabalhou com a alta gastronomia no Restaurante Sal, do Chef Fogaça, em São Paulo.
“Esse ano estamos retomando os trabalhos presenciais e o mundo está aberto a conhecer com mais profundidade o que temos em nosso bioma. Muito além da gastronomia, o trabalho foca em mostra toda a cadeia produtiva, incluindo o turismo, para apresentar os sabores da nossa terra”, conclui.