O Guará tomou a rua

Rota 156 reforça o seu status de evento mais querido do guaraense ao levar milhares de famílias à avenida central da cidade no último domingo

Fotos de Richard Silva

As famílias chegavam de todos os cantos. Boa parte dos prédios que margeiam a avenida, mas muitos de longe, mesmo de outras cidades do Distrito Federal. Crianças com bicicletas, skates patinetes, gente correndo logo cedo, e casais passeando. A cada trecho da avenida, uma atração diferente reunia o público em volta. Todas as gerações reunidas em centenas de atividades diferentes. Sem os carros e ônibus, a avenida central do Guará II transformou-se em um parque urbano temporário. Um encontro que culminou em um bonito show durante a noite, na ponta do trecho fechado aos carros, em frente à 4ª Delegacia de Polícia.

Esta foi a edição especial da Rota 156: Guará na Rua, organizada pelo Coletivo 156 desde 2015, que deu origem à lei que indica a realização de ruas do lazer em todas as cidades do Distrito Federal. Logo na entrada do trecho fechado ao trânsito, na QI 25, o SESC recebia a comunidade com um kart movido a pedal para as crianças. No terreno ao lado, onde aconteceriam os shows à noite, durante todo o dia artesãos e pequenos empreendedores do Guará expunham seus produtos. Mais à frente, brincadeiras, brinquedos infláveis, pintura de rosto, oficinas e contação de histórias na tenda, sempre lotada, Se Essa Rua Fosse Minha. A estação voltada para as crianças era a mais concorrida.

Ao longo da avenida, espaço para exercitar-se, aulas de dança, capoeira, DJs, expositores, trajetos para skate, batalhas de rima e muita gente. Mais de 10 mil pessoas passaram pela avenida ao longo de todo o dia. Apesar do número, a sensação não era de aglomeração, já que eram quase dois quilômetros de avenida fechada nos dois sentidos.

Empresas da cidade decidiram apoiar e participar da festa, encontrando ali uma forma de conversar com seus clientes, como a Brasal, que está comercializando novos apartamentos na cidade, a Nex Telecom, que trouxe a internet por fibra ótica ao Guará II, os corretores da Remax e o complexo Wanda Horta, oferecendo serviços de qualidade de vida a quem passava. A sociedade civil também se organizou para complementar o evento, como o movimento feminista Mulherau, que levou shows, microempreendedores, debates e um sarau para a avenida, o Sindicato do Reggae, com uma exposição sobre Bob Marley, e a Guará News, com música e serviços para a população.

O dia correu tranquilo, com apoio maciço da polícia militar, dos bombeiros, do DF Legal, da Administração do Guará e dos organizadores, que contrataram brigadistas, seguranças particulares e agentes de limpeza, graças ao fomento do Fundo de Apoio à Cultura.

Show

Na praça Alcateia: onde os Lobos se Encontram estavam reunidos os artesãos e os foodtrucks, em torno do palco que homenageou o saudoso produtor cultural guaraense Ricardo Retz. Montada ao lado do condomínio Sargento Wolf, a praça recebeu os shows de Flor Furacão com seu forró jazz e o hardrock da Trost, ambas bandas guaraenses selecionadas através de concurso no perfil do Instagram o evento. Depois deles tomaram o palco as mais renomadas bandas guaraenses: o blues brasileiro Brazilian Blues Band, o Pé de Cerrado com sua ciranda contagiante, e os punks d’Os Cabeloduro. Centenas de pessoas acompanharam os shows, encerrando o evento às 22h.

 

Futuro

A edição especial, organizada pelo grupo pioneiro Coletivo 156, ainda não tem data para se repetir. O grupo é a inspiração da lei distrital Nº 5.630/2016, que determina a eventual interrupção do tráfego de veículos em trechos de vias públicas de cada Região Administrativa do Distrito Federal para realização de atividades de lazer e recreação (lei de autoria dos então deputados distritais Professor Israel e Júlio Cézar). Portanto, cabe apenas boa vontade do poder público para cumprir a lei e fechar o trecho da avenida ao menos uma vez por mês.

 

 

Capivara Brass Band encantou

Uma das maiores atrações da Rota 156, durante o dia, foi o cortejo da Capivara Brass Band, que é um movimento musical que vem tomando as  ruas, palcos e festivais da cidade com um gruve potente e dançante. O coletivo, formado por instrumentos de sopro, bateria e o peso do baixo, impressiona por onde passa e proporciona uma experiência musical única para quem assiste.

Formada em dezembro de 2017, a Capivara Brass Band levanta a bandeira da arte urbana de forma muito livre e direta. Levando a música, tanto na rua, quanto em casas de shows e festivais. Seja pelos cortejos no meio da galera, interações durante o show e até mesmo pela formação instrumental nada convencional.