A notícia assustou inicialmente os eleitores e amigos da deputada distrital eleita Dayse Amarilio. Única moradora da cidade entre os eleitos nas eleições deste ano, ela teve suas contas inicialmente reprovadas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), que, entretanto, uma semana depois voltou atrás e aceitou os argumentos da defesa da deputada, mas com ressalvas. Mesmo assim, o caso ainda será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TER-DF) antes da diplomação dos eleitos, com posse marcada para 1º de janeiro.
Antes de ser submetida à julgamento, Dayse Amarílio esclareceu os questionamentos do MPE em relação aos valores citados com atividades de campanha. A defesa dela pediu a aprovação das contas e teve o parecer deferido pelo procurador regional eleitoral Zilmar Antônio Drumond.
Depois de analisar os argumentos da defesa, o procurador afirmou que, “após a especificação da parlamentar sobre os gastos na campanha, não se vislumbra concentração de despesas visando subcontratações ou pagamentos de gastos não declarados ou ocultos. Percebe-se a atuação de boa-fé da prestadora de contas ao obter manifestações diretas das pessoas contratadas depois do encerramento das eleições, demonstrando ainda manter controle sobre o pessoal contratado e guarda efetiva dos elementos documentais mínimos para conferir transparência aos gastos de campanha e utilização de verbas públicas a si confiadas”.
Zilmar Drumond havia pedido a desaprovação das contas da campanha de Dayse alegando que a ex-presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF) teria utilizado verbas do Fundo Eleitoral (FEFC) para executar despesas de serviços de militância, e que “os documentos anexados na prestação não foram suficientes para demonstrar o detalhamento da efetivação do trabalho dos contratados”.
Pagamento de militantes
A área técnica do MPE avaliou que o recurso foi usado para pagamento de militantes, mas a documentação apresentada na prestação de contas “não foi suficiente para demonstrar os locais de trabalho, as horas trabalhadas, as especificações das atividades executadas e a justificativa do preço contratado”. O MPE também apontou haver discrepância dos valores pagos para os cabos eleitorais, que variam de R$ 1 mil até R$ 15 mil, apesar de os contratos terem “características idênticas ou assemelhadas”.
De acordo com a deputada eleita, os possíveis erros na prestação de contas aconteceram apenas por inexperiência dela e principalmente do contador e do advogado que cuidavam da campanha. “Nenhum dos dois profissionais tinham experiência com campanha eleitoral e por isso deixaram de detalhar algumas despesas por entenderem que não seriam importantes. Mas, já contratei os serviços de profissionais especializados e respondemos todos os questionamentos da Justiça Eleitoral. O importante é que provamos a boa fé na prestação das contas”, afirma.
Dayse foi a única guaraense eleita
À semelhança do que aconteceu em 2018 com a eleição da desconhecida Júlia Lucy, por coincidência, também moradora do Guará, Dayse Amarilio Diniz, 45 anos, é outra outsider (pessoa pouco conhecida do meio) entre os novos 24 distritais eleitos para os próximos quatro anos. Mesmo tendo sido criada e continue morando na cidade, Dayse era, até então, desconhecida da comunidade guaraense – a votação dela veio majoritariamente dos seus colegas da enfermagem. Ela era presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e se licenciou para participara da campanha política.
Por ter sido a única parlamentar eleita entre os moradores da cidade, Dayse pode ser considerada a partir de 2023 a principal líder política do Guará com a saída de cena do deputado distrital Rodrigo Delmasso, que não conseguiu se reeleger. Ela ocupa o espaço também do ex-deputado distrital Alírio Neto, que não se elegeu deputado federal.
Eleita pelo PSB, favorecida pelo quociente eleitoral, com 11.012 votos, Dayse é moradora do Setor Iapi, depois de ter morado em várias quadras do Guará, onde foi criada. Como enfermeira, é servidora da Unidade Básica de Saúde 2, licenciada para atuar no Corem e na campanha polícita.
Na UBS 2, foi coordenadora do serviço de Agentes Comunitários de Saúde e atuava nas ruas visitando e fazendo cadastros de moradores. Ela também coordenava grupos de encontros de diabéticos, hipertensos e gestantes. Foi também professora de cursos particulares de enfermagen.
Como presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Dayse Amarilio se destacou pela luta dos enfermeiros e profissionais da saúde durante a pandemia da Covid.