Gabriel Dionísio Cravo venceu muitas barreiras que se interpuseram em seu caminho para traçar uma trajetória acadêmica. Apesar dos empecilhos, ele passou pelas dificuldades com tanto esmero que conseguiu expressar seu talento ao escrever um livro. Estudante da rede pública de ensino do Distrito Federal, ele é atendido na Sala de Recursos do Centro de Ensino Médio 01 do Guará (CEM 01) porque é diagnosticado como pessoa com TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Com o apoio da escola, dos(as) professores(as) e da família, Gabriel superou limitações e, no auge de sua adolescência, com seus 16 anos, escreveu seu primeiro livro, intitulado “Simulacra – O livro”. Com 139 páginas, a história é baseada em jogo homônimo da websérie de Rafael Lange (Cellbit). Na obra, o estudante do 3º Ano do Ensino Médio trabalha com os gêneros literários terror e suspense de investigação.
Conta a história de uma personagem principal que encontra um celular de alguém na porta de seu apartamento e resolve olhar o conteúdo do telefone. Com isso, depara-se com um vídeo estranho por meio do qual descobre que o celular pertence a uma mulher cujo nome é Ana e que ela manda uma mensagem estranha, pedindo para não irem ao encontro dela.
Isso desperta a curiosidade da personagem principal, que passa a acessar os aplicativos do aparelho para encontrar pistas sobre o local em que Ana se encontra e outras informações sobre ela. “Ana é personagem secundária, porém, é ela que dá mote à história. Ela traz toda a temática da perseguição e da descoberta de todos os dados”, explica a professora Rita de Cássia de Almeida Rezende, a Ritinha, professora de português, que revisou a obra.
Mestra e doutoranda em Educação, a professora Ritinha colaborou com a produção de Gabriel e conta que o objetivo do conteúdo é proporcionar o prazer da leitura e o gosto pelo desvendamento de mistérios. “Gabriel é brilhante, sabe se posicionar sobre os assuntos do mundo e tem uma criticidade gigantesca. Como TEA, ele tem suas limitações, mas estas não o impediram de escrever um livro. Ele gosta também da parte técnica das produções de filmes e séries”, conta.
Ritinha afirma que a escola pública do DF representa papel preponderante nesse enredo de vida de desafios de Gabriel Dionísio porque “a escola pública é acolhedora e valoriza as potencialidades dos estudantes de um modo geral e, quando são atendidos nas Salas de Recursos, o trabalho feito com os estudantes ajuda, ainda mais, o desenvolvimento deles e delas”.
A mãe de Gabriel tentou fazer uma vaquinha para promover a publicação do livro. Mas não conseguiu. Atualmente, a escola e a família do estudante procuram parceria para a publicação da obra.
Fonte: SINPRO-DF