Depois do Governo Arruda, o Governo Ibaneis é o que mais tem investido em obras de infraestrutura no Distrito Federal, fruto da combinação do aumento da arrecadação, redução de despesas e boa gestão, um cenário bem diferente dos dois governos anteriores de Rodrigo Rollemberg e Agnelo Queiroz, que sofreram as consequências de desequilíbrio do orçamento e pouco conseguiram deixar de legado nesse segmento.
Principalmente nos últimos dois anos, tem pipocado lançamento de grandes obras em várias regiões do Distrito Federal, menos no Guará. Desde o início do governo Ibaneis, em 2019, a população guaraense vem ouvindo promessas como a construção de um grande hospital, de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de um complexo escolar e da duplicação da via Guará -Núcleo Bandeirante, mas nenhuma delas tinha saído do papel até então. Mas, em apenas um mês a cidade é contemplada com o lançamento de um pacote de obras para as quadras novas, o anúncio do lançamento do edital para a construção do Hospital Ortopédico da Região Centro-Sul, e da duplicação da via. A construção da UPA também está no forno, de acordo com informações da Secretaria de Saúde.
Em meados de março, o governador Ibaneis Rocha veio à cidade para lançar um pacote de obras para as novas quadras (QEs 48 a 58 e QEs 38 e 42), no valor de R$ 15,6 milhões em infraestrutura, principalmente asfalto e drenagem.
As obras envolvem a pavimentação das QEs 44, 56 e 58, e também concluir, nas QEs 38, 44, 48, 50, 52, 54, 56 e 58, os estacionamentos previstos no projeto urbanístico e a drenagem pluvial com ramais de ligação e captação (bocas de lobo).
As obras na parte que corresponde aos lotes distribuídos pelas cooperativas habitacionais, entre as QEs 54 e 58, estavam previstas desde 2022, mas sofreram atrasos por conta de contestação da licitação pelo Tribunal de Contas do DF e depois pelo atraso na liberação da licença ambiental por parte da Secretaria de Meio Ambiente.
Retomada licitação para duplicação da via Guará-Núcleo Bandeirante
Certame havia sido paralisado por determinação do TCDF. Investimentos previstos na obra são de R$ 12 milhões. Obra deve ficar pronta até o final deste ano
A licitação para a contratação de empresa responsável pela duplicação de trecho de 1,2 km da via de ligação entre o Guará e o Núcleo Bandeirante será retomada nos próximos dias. A autorização para a continuidade do processo licitatório foi concedida pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) na sexta-feira passada, 31 de março.
“Esta licitação deveria ter sido realizada no dia 1º de dezembro do ano passado, mas acabou adiada a pedido do Tribunal de Contas”, explica o secretário de Obras, Luciano Carvalho. “Esta parceria com o órgão de controle é muito bem-vinda, pois nos permite executar contratos com a certeza de que todas as etapas foram devidamente cumpridas, sem erros e sem atropelos.”
A obra de duplicação da via prevê serviços de pavimentação, drenagem, meios-fios, calçadas e sinalização horizontal e vertical. Além disso, haverá a implantação de uma ciclovia e a construção de uma ponte sobre o Córrego Vicente Pires. A previsão é que sejam investidos R$ 12 milhões, recursos da Caixa Econômica Federal repassados por emendas parlamentares da bancada do Congresso Nacional – deputados federais e senadores.
“Esta é mais uma obra que estava engavetada por gestões anteriores”, pontua Luciano Carvalho. “O projeto foi atualizado por nossa equipe e, agora, vamos colocar mais uma obra essencial para a mobilidade urbana do DF em marcha. É uma demanda antiga atendida.”
A via de ligação Guará- Núcleo Bandeirante tem 3,4 km de extensão e conecta a Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) à Avenida Contorno, na altura da QE 38 do Guará II. O trânsito no local é intenso, principalmente nos horários de pico, pois, além da concentração de comércio e moradia na vizinhança, a via é rota para quem trafega pelas regiões do Guará, Park Way, Bernardo Sayão, Águas Claras e Núcleo Bandeirante.
Expectativa pela obra se arrasta há 15 anos
Considerada essencial para resolver um dos gargalos de trânsito mais problemáticos do Distrito Federal, a duplicação da via entre o Guará e o Núcleo Bandeirante foi considerada uma das prioridades de quatro sucessivos governos do Distrito Federal. Mas não saiu do papel, em parte por intercorrências técnicas do projeto, como a troca de um viaduto sobre a linha térrea por um túnel, ou por dificuldades na liberação da licença ambiental.
Faltou também vontade política de secretários e de governadores para agilizar a obra, considerada relativamente barata se comparada aos custos de outras obras menos relevantes executadas no Distrito Federal nesses 17 anos.
A duplicação votou a ser prometida em 2020, num pacote de obras que seria destinado ao Guará, o que não aconteceu sob a alegação de exigências ambientais e falta de previsão de recursos no orçamento do governo.
Previsto inicialmente em R$ 40 milhões no último governo Roriz, em 2006, o orçamento da duplicação foi reduzido para R$ 33 milhões no governo Agnelo e para R$ 29 milhões no governo Rollemberg, e agora para R$ 13 milhões. As reduções tinham a intenção de ajudar na obtenção dos recursos necessários, mas o projeto não conseguiu sair do papel, mesmo depois das alterações técnicas para a redução dos custos.
A obra esteve muito próxima de ser executada no governo Rollemberg, depois que a Novacap concluiu o projeto, mas a exigência de mudanças de cálculos do viaduto previsto, por parte do ABNT, abortou as providências. Com a troca de comando do Palácio do Buriti e da Novacap desde o início de 2019, o projeto voltou para a gaveta e não foi incluído em nenhum pacote de obras nos dois primeiros anos do governo Governo Ibaneis, até que uma reportagem de capa do Jornal do Guará em agosto de 2021 despertou o assunto. O pedido para a retomada da duplicação foi feito pelo então deputado distrital Rodrigo Delmasso, morador da cidade, ao secretário de Infraestrutura e Obras, Luciano Carvalho, ao presidente da Novacap, Fernando Leite, e ao então secretário de Economia, André Clemente.
Um dos fatores que ajudou no convencimento ao governo foi a lembrança da reportagem do JG de que o assentamento de cerca de 10 mil pessoas na Expansão do Guará (QEs 48 a 58) nos próximos dois anos iria aumentar consideravelmente o gargalo da travessia, que hoje chega a 40 minutos entre 18h e 20h, em menos de dois quilômetros.
Planejada há quatro governos
A duplicação começou a ser planejada no último dos três governos de Joaquim Roriz, mas ficou parada no governo Cristovam Buarque. O projeto voltou a andar no governo Arruda, quando o Distrito Federal recebeu a maior quantidade de investimentos em obras de sua história. Entretanto, a duplicação da via não foi contemplada, mas, desta vez por culpa de entraves na licença ambiental impostos pela Secretaria de Meio Ambiente.
O governo tampão que o sucedeu, de Wilson Lima, e depois o de Rogério Rosso sequer se interessaram pela obra, que voltou a ser discutida efetivamente no governo Agnelo. O governo Rollemberg foi o que mais se interessou e avançou no projeto de duplicação da via, mas esbarrou numa outra exigência, desta vez da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que havia alterado os cálculos de concretagem de viadutos e pontes. Por causa dessa alteração das normas, o projeto teve que ser novamente readequado, mas como a Novacap não tinha estrutura para fazê-lo por conta própria, teria que contratar uma empresa externa para executá-lo, mas não houve tempo para a contratação.
Ibaneis anuncia licitação do Hospital do Guará para abril
Governador fez o anúncio na semana passada, durante festividade de aniversário do Siduscom-DF. O hospital será especializado em ortopedia e terá 200 leitos
Como o Jornal do Guará informou no início de março em primeira mão, o governador Ibaneis Rocha confirmou na sexta-feira passada, 31 de março, a licitação para a construção do Hospital Ortopédico do Guará ainda em abril. Ibaneis anunciou também a construção de mais dois grandes hospitais no DF, o do Recanto das Emas e o de São Sebastião. O do Guará será especializado em ortopedia e terá cerca de 200 leitos, sendo 98 para cirurgia ortopédica, 48 para clínica médica, 20 para UTI e outros 24 com ocupação ainda não definida.
O Hospital Ortopédico do Guará será construído no mesmo terreno previsto para o Hospital da Região Centro-Sul, ocupado pela Unidade Básica de Saúde 2, ao lado da via contorno e em frente às QEs 17 e 19 do Guará II. O terreno inclusive já está sendo cercado.
O Hospital Ortopédico do Guará tem previsão de custo de R$ 216 milhões, recursos provenientes do Orçamento da União, por emendas parlamentares da bancada do DF no Congresso Nacional, mais a contrapartida do Governo do Distrito Federal. A previsão é que a obra da construção do novo hospital seja iniciada até gosto e concluída em dois anos depois, ou seja, no primeiro semestre de 2025.
Mudança de projeto
A decisão de substituir o projeto do Hospital da Região Centro-Sul pelo Hospital Ortopédico atende à decisão do Governo Ibaneis de descentralizar os serviços de atendimento médico nas regiões administrativas e reduzir a demanda do Hospital de Base e do Hospital do Paranoá, localizado na região norte do DF, os únicos especializados em atendimento ortopédico da rede pública.
E os serviços de emergência de pronto-socorro para os guaraenses serão atendidos pela UPA, que será construída na QI 23 do Guará II, em frente à Estação Guará do Metrô, com início de obras previsto para os próximos meses e entrega até o primeiro semestre de 2024.