A quase dois anos do início da obra e há um ano e quatro meses que ela foi interrompida após intensos protestos da comunidade guaraense, a parte da ciclofaixa do Guará II concluída continua do mesmo jeito,
apesar a promessa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) de promover adequações para minorar as reclamações de motoristas e pedestres. Nos últimos meses, nem se fala mais no assunto. A impressão é que o silêncio do governo é proposital até aguardar o esquecimento ou a aceitação por parte dos moradores.
A única providência de fato foi a interrupção do projeto na parte que previu interferências na via central até a QI 33, no final do Guará II. O trecho 1, já pronto, e que provocou acaloradas discussões entre governo e comunidade, continua do mesmo jeito, com o estreitamento da pista e a demarcação de estacionamento nas laterais.
Mesmo com a cobrança de uma posição da Seduh e do governo, o administrador regional Artur Nogueira afirma que não tem recebido respostas sobre as adequações prometidos no trecho pronto. “Esta semana, recebi a informação que a Seduh agendaria uma reunião conosco para discutir a ciclofaixa e as intervenções no estacionamento da Feira do Guará, mas ainda não sabemos o que vão propor”, diz o administrador.
Promessa de adequações completa um ano
Depois de várias reuniões entre representantes do governo e da comunidade, parecia que havia a intenção – por parte do governo -, de promover algumas adequações à obra, para minimizar os impactos no trânsito, provocados pela redução de uma pista da via central e aplacar a ira dos motoristas. Pelo menos foi o que ficou acordado na última reunião entre as duas partes, em agosto do ano passado, portanto, há um ano. De lá para cá, foi só “enrolação”. Desde setembro do ano passado, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), vem prometendo apresentar um projeto elaborado pelo Detran-DF com propostas de alterações ao que já foi feito, mas até agora, nada. Durante a última reunião com representantes da comunidade, em agosto passado, os representantes do governo – Secretaria de Cidades, Seduh, Administração Regional do Guará e Detran-DF – sinalizaram que estavam dispostos a rever a construção dos trechos restantes da ciclofaixa na via central do Guará II e até desmanchar parte do que tinha sido foi feito ou readaptá-lo à realidade, uma vez que o projeto foi elaborado há mais de dez anos.
A reunião foi promovida pela Secretaria de Cidades com representantes de Detran DF, Secretaria de Mobilidade (Semob), Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e Administração Regional, inicialmente para analisar as modificações propostas pelo Detran que haviam sido solicitadas pela Seduh. Mas, diante da resistência das lideranças comunitárias presentes, o secretário de Cidades, Valmir Lemos, concordou em estudar alterações mais profundas no projeto a partir das sugestões dos moradores, mas contemplando também as reivindicações dos ciclistas.
Na reunião, o secretário de Cidades garantiu a disposição do governo de ouvir as sugestões e tomar as decisões que contemplassem o que a maioria da comunidade defendia para a obra. “Mas tudo tem que ser feito com responsabilidade, respeitando os direitos de todos os lados. Uma obra foi contratada dentro de um processo legal, fruto de uma compensação urbanística, e todos os procedimentos tem que cumprir um rito legal e as normas técnicas. O mais importante é que as alterações sejam de acordo com a vontade da maioria da população”, afirmou.
O Detran propôs a redução do canteiro central, a redução dos dois gargalos no início (ao lado dos semáforos entre Guará I e II, ao lado do comércio) e no final do QI 23 (em frente ao quadradão da 4ª Delegacia), para a criação de mais uma faixa dos dois lados da via, e a abertura de baias para a parada dos ônibus sem ocupar parte da pista. Propôs também nivelamento das calçadas à pista nas passagens de pedestres, para facilitar o acesso de cadeirantes.
Os representantes dos moradores sugeriram ainda a retirada dos estacionamentos demarcados dos dois lados da via para possibilitar a abertura de mais uma faixa. Como o Detran “oficializou” as vagas de estacionamento que eram ocupadas informalmente pelos moradores, Após três horas de discussão, foi anunciada uma nova reunião para uma semana depois, quando seriam apresentadas sugestões por parte do Detran a partir das críticas e sugestões dos representantes dos moradores. Depois de fechadas as alterações em consenso das duas partes – moradores e governo – o projeto seria submetido à audiência pública, aberta à comunidade, para definir os destinos da ciclofaixa. Mas, quase um ano depois, nenhuma notícia da reunião prometida.