Chegou a hora de os moradores do Guará colaborarem com o planejamento de pesquisas públicas elaboradas pelo Governo do Distrito Federal por meio da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios Ampliada (Pdad-A) 2023. Os resultados obtidos com o questionário vão direcionar ações mais assertivas e eficientes para a população do DF. A partir desta quinta-feira (7), os pesquisadores deram início à coleta de dados em domicílios do Guará. A expectativa é visitar aproximadamente 400 casas em cerca de 30 dias.
“Esse trabalho é muito importante porque é o momento de as pessoas relatarem quais são as suas dificuldades. Se não nos recebem ou se repassam as informações com insegurança, nós não teremos uma base de dados confiável e segura para traçar as políticas públicas”, afirmou a diretora de Estatística e Pesquisas Socioeconômicas (Dieps) do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), Dea Fioravante.
Apesar de as festas de fim de ano estarem se aproximando, o trabalho dos pesquisadores não será afetado. A coleta de dados seguirá durante todo o mês de dezembro, exceto nos feriados de Natal e Ano Novo. O objetivo é cumprir o cronograma da pesquisa antes do previsto. “A expectativa é que a gente consiga concluir a pesquisa de casa em casa antes de seis meses. Mas esse cronograma depende das condições climáticas e da aceitação da população também”, pontuou a supervisora de campo do Pdad-A 2023, Suely Nóbrega.
Nesta edição, a pesquisa foi ampliada para a zona rural do DF e municípios de Goiás que integram o Entorno. Uma das dificuldades encontradas pelos 60 pesquisadores é a falta de aceitação de alguns moradores, principalmente dos que residem nas regiões que fazem fronteira com o DF.
“A gente nota que há uma relação econômica e cultural dos moradores do Entorno com o DF. Eles também aquecem nosso mercado. Então, o objetivo em incluí-los na nossa pesquisa é para entender quem são essas pessoas para que as políticas públicas atendam também esse público”, defendeu Dea Fioravante.
Nesta edição, a pesquisa foi ampliada para a zona rural do DF e municípios de Goiás que integram o Entorno
Neste mês de dezembro, outras nove regiões administrativas serão visitadas pelas equipes de pesquisadores. Além do Guará, Águas Claras, Jardim Botânico, Lago Sul, Lago Norte, Núcleo Bandeirante, Plano Piloto, SCIA/Estrutural, Sudoeste/Octogonal, Taguatinga e os municípios goianos de Formosa e Padre Bernardo estão na escala.
De porta em porta
Todos os dias, a pesquisadora Elynne Gomes faz a mesma coisa: levanta às 7 horas e vai para campo. Para não incomodar os moradores tão cedo, o trabalho de casa em casa se inicia por volta das 9 horas. São aproximadamente seis domicílios, escolhidos por sorteio, que ela precisa visitar. Se não tiver sorte, a pesquisadora precisa ir a mais três ou quatro residências caso haja recusas de moradores.
Depois de percorrer aproximadamente oito quilômetros, o dia da pesquisadora Elynne chega ao fim. De acordo com ela, o sentimento é de orgulho em fazer parte do processo da pesquisa, mas alguns momentos são difíceis quando a população rejeita a visita de quem trabalha na coleta de dados.
“É muito gratificante, mas tem muitas dificuldades no meio do caminho com as recusas dos moradores. É um trabalho que, a longo prazo, tem um ótimo resultado para a sociedade. Se todos soubessem da importância dessas pesquisas, jamais diriam ‘não’ para um pesquisador”, revelou. “Eu peço aos moradores que aceitem a nossa pesquisa. Estamos todos seguramente identificados com uniforme, crachá e QR Code. Não precisa ter medo, podem nos receber com segurança”, concluiu.
Moradores responsáveis
Consciente da importância de responder o questionário, o músico Wander Lacerda, 49 anos, não hesitou em receber as pesquisadoras em casa. Em menos de 15 minutos, ele já havia concluído o seu dever. “É uma entrevista boa e necessária porque fala das questões da sociedade, do que a região está precisando e se a infraestrutura que tem aqui atende as necessidades básicas de uma pessoa”, defendeu.
A aposentada Neura Elena de Souza, 66, também fez questão de receber a dupla de pesquisadoras para participar do Pdad-A. “É assim que a gente procura melhorias. Se você falar realmente o que está acontecendo, de livre espontânea vontade, a gestão pública vai funcionar melhor”, ressaltou.