Os CUIDADOS com a SECA no DF

Considerado um dos melhores climas do país, sem frio ou calor intensos, períodos chuvas sem tempestades, Brasília sofre por outro lado com a estiagem no meio do ano, que chega a quatro meses de duração em média. Como consequência, além das queimadas a população sofre com doenças respiratórias, principalmente idosos e crianças. A umidade do ar chega a níveis de deserto, com até 11%, quando o recomendável para o corpo humano é no mínimo 50% de umidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Este ano a seca no DF pode ser uma das mais severas, de acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que prevê no mínimo 110 dias sem chuvas por aqui. Segundo o órgão, a estiagem começou mais cedo no DF em 2024. Houve chuvas significativas nos primeiros quatro meses do ano, mas, em maio, a seca derrubou os índices de maneira expressiva.
Para reduzir os riscos de incêndios em áreas verdes, a Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Ambiental (Sema-DF) investiu no aumento da prevenção, com a contratação de 150 brigadistas; em educação ambiental, com ações junto à comunidade; e em capacitação para os servidores que atuam no setor.
De acordo com a pasta, em 2023, a área destruída pelo fogo no DF diminuiu 70% em comparação com o ano anterior. O secretário Gutemberg Gomes destaca as ações do governo e o papel da população nas ações de combate às queimadas como medidas que contribuíram com a redução do índice. “As blitze educativas são fundamentais para aumentar a conscientização ambiental e promover um impacto positivo duradouro na prevenção dos incêndios florestais. É uma oportunidade para ensinar e aprender, fortalecendo a nossa comunidade na luta contra essas queimadas desastrosas”, afirma Guto.
Em 2024, 46 ocorrências de incêndios foram registradas até este mês de julho. Ao todo, cerca de 180 hectares foram destruídos. O presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, defende que um serviço adequado de combate à devastação causada pelo fogo também passa pela valorização dos profissionais na linha de frente. “Os brigadistas florestais são essenciais para nos prepararmos para esse momento crítico. Eles contribuem por meio das práticas de aceiros, coroamento, roçagem, reforço nas práticas de educação ambiental, entre outras atividades. Ano passado conseguimos diminuir em 70% as queimadas devido ao nosso esforço de contratação antecipada. Acredito que neste ano teremos ainda mais sucesso”, destaca.
A população também tem um papel fundamental a partir de cuidados simples, porém decisivos, quando se trata de incêndios florestais. Em meio às condições climáticas desfavoráveis, é importante que cada morador esteja atento aos impactos negativos das queimadas.
No apoio contra as queimadas, o Corpo de Bombeiros está promovendo, desde abril, rondas em áreas de preservação e ações de capacitação para comunidades rurais, para que os próprios moradores contribuam com o combate a pequenos focos de incêndio. “Existe a possibilidade de aumento do número de queimadas neste ano e assim, consequentemente, o aumento também do número de chamadas ao Corpo de Bombeiros. É de suma importância que a população nos apoie tendo a consciência de não realizar queimadas sem o devido apoio do CBMDF, não colocando em risco nossa fauna e flora, nossas vidas e nossos bens patrimoniais”, reforça o coronel Sandro Gomes, Comandante-Geral do CBMDF.

Beber muita água

Para compensar a baixa umidade no Distrito Federal, o recomendado por especialistas é beber muita água. Em média, um adulto precisa beber 2 litros de água por dia – mas não tem uma fórmula única para todo mundo: a quantidade pode variar conforme o peso ou se a pessoa faz algum esporte, por exemplo. Para fazer um cálculo individual é preciso multiplicar 35 ml pelo peso do seu corpo.

Como se manter hidratado?

Quem não tem o hábito de beber água com frequência precisa adotar táticas ao longo do dia para se manter hidratado. Uma delas já é velha conhecida: manter sempre uma garrafinha de água por perto. “O que você não consegue medir, você não consegue quantificar nem qualificar”, diz a nutróloga Mariana Carvalho que indica aos pacientes o uso de uma garrafa. Segundo ela, a garrafinha serve para nos policiar, incentivar e metrificar a quantidade de água que estamos bebendo.

Dicas para se proteger na seca

O otorrinolaringologista Stênio Pontes Dias dá dicas para prevenir problemas respiratórios. Evitar o uso do ar condicionado e usar umidificador ou usar bacia com água à noite, além de beber muita água. “Você estando hidratado, o seu organismo tende a ter uma resposta imunitária muito maior, porque a célula está preparada”, diz o médico.

Doenças respiratórias

Essa combinação de clima seco e tempo frio potencializa as doenças respiratórias. Isso porque as vias aéreas costumam ficar ressecadas, tirando a proteção natural da mucosa nasal e facilitando a entrada dos vírus. “A perda dessa proteção natural causa a proliferação de germes virais e bacterianos”, afirma a referência técnica distrital colaboradora de pneumologia da Secretaria de Saúde (SES), Andrea Rodrigues.
Os sintomas mais comuns neste período do ano são coriza nasal, espirros e secreção amarelada ou esverdeada, características de doenças como resfriado, rinite alérgica e sinusite bacteriana, respectivamente. “Ademais tem as laringites, faringites, traqueítes e, em última instância, a inflamação da via aérea inferior que é a bronquite viral e alérgica, com tosse, falta de ar e chiado no peito”, informa.

Como se cuidar

A hidratação é a melhor forma de prevenção das enfermidades respiratórias. “Tanto a hidratação oral, ingerindo bastante líquido, quanto hidratar a via aérea nasal com muito soro. Faz muita diferença, porque hidrata e umidifica as vias aéreas, tentando reestruturar a barreira natural”, explica a especialista. Além disso, Andrea Rodrigues destaca alguns aprendizados da pandemia da Covid-19, como a higienização das mãos e até o uso de proteção de via aérea superior em ambientes mais aglomerados.

 

Há risco de dengue na seca, sim!

Equipes da Vigilância Ambiental continuam percorrendo as residências em busca de focos
do mosquito transmissor e orientando os moradores sobre os cuidados a tomar

Diferente do que muitos pensam, o risco de dengue não é somente no período chuvoso. Na seca também. Por isso, o governo continua com medidas de prevenção ao mosquito transmissor e aos focos da doença no DF. Equipes da Vigilância Ambiental de todas as regiões administrativas continuam percorrendo residências fazendo varreduras e orientando os moradores.
“As visitas que fazemos não ocorrem somente em momentos de epidemia. No decorrer de todo o ano a gente realiza as inspeções para combater os focos do mosquito, além de orientar a população. O trabalho continua em todos os meses do ano”, informna o subsecretário de Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos.
Além das visitas nas residências e comércios, os agentes fortalecem as estratégias de monitoramento nessa época do ano. Por meio de armadilhas, chamadas de ovitrampas, é possível identificar quais locais estão com maior ocorrência do Aedes para que outras iniciativas possam ser traçadas.
“Temos, atualmente, 1.900 armadilhas e, até o final do ano, a expectativa é de instalar mais 6 mil ovitrampas em pontos estratégicos do DF. Além disso, o trabalho de mobilização também continua no período de seca. As equipes percorrem escolas, setores internos e externos da SES e administrações regionais”, acrescentou o subsecretário Fabiano dos Anjos.
De acordo com o agente de vigilância ambiental do Guará, José Aparecido Miranda Oliveira, o trabalho de conscientização é reforçado no período de estiagem: “A vigilância é contínua. Por mais que na residência a gente não encontre nenhum foco, nós orientamos e reforçamos a importância de se manter sempre alerta, porque é possível ter dengue também na seca”, explica.