Novos rumos para o centro de ensino fundamental 10

Disciplina, compromisso com a educação e ajuda da comunidade, CEF 10 começa a ver sinais de mudança

O centro de ensino fundamental 10 (CEF 10) da QE 44/46 no Guará 2 completa 20 anos em 2017, e após uma maré de turbulências, fama de violenta e má reputação conhecida em toda cidade, a escola se prepara para comemorar os bons resultados de uma direção comprometida com a educação de qualidade, rigor na pontualidade do horário para o aluno chegar à escola, e até mesmo a obrigatoriedade do uniforme. Pode parecer exagero, mas todos estes cuidados tem auxiliado a direção do CEF 10 a escrever uma nova história.

A escola tem mais de 700 alunos na faixa etária entre 10 e 17 anos matriculados e frequentando as aulas nos períodos matutino e vespertino. No período matutino do 6º ao 9º ano, e no período vespertino apenas o 6º e 7º ano. Dos 700 alunos, 33 são especiais, já que o CEF 10 é uma escola inclusiva e recebe com todo carinho e atenção as crianças e jovens deficientes da cidade, contando com o apoio de educadores sociais que acompanham o aprendizado destes alunos e auxiliam nas suas peculiaridades.

Além do ensino regular, o CEF 10 promove vários projetos extracurriculares e acaba de ser beneficiada com um borboletário, que será construído nas dependências da escola e auxiliará nas atividades da matéria de Ciências, onde os alunos poderão aprender na prática o contato com a natureza e a biodiversidade existente nela. Na matéria de História, eles podem aprender mais no projeto Jogos da História, através dos jogos de tabuleiros, dominó e dardos, sempre remetendo a temas históricos. Em Educação Física, a abordagem é em torno da nutrição e melhor qualidade de vida, os alunos são acompanhados pelo professor, aprendem como se alimentar melhor, e são medidos e pesados periodicamente, ganhando pontos quem seguir a orientação (de perder ou ganhar peso, dependendo da necessidade de cada aluno). E outro projeto de muita importância na nova fase de mudanças que a escola vem passando é a Cultura da Paz, onde o foco é o combate às drogas e ao bullying (termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica intencionais como intimidar, xingar ou ridicularizar o próximo).

A diretora Elizabeth Caetano Neves conta que a escola tinha uma baixa popularidade e era conhecida pelos atos de violência que aconteciam dentro e fora das aulas, assaltos, vendedores de drogas e brigas eram comuns. Mas desde que os alunos da Estrutural foram encaminhados para escolas na sua própria cidade, o cenário começou a mudar. Com alunos da apenas do Guará, ficou mais fácil fechar o cerco contra a venda de drogas na região, e o auxílio do batalhão escolar na ronda tem sido de grande importância para dar mais segurança não só aos alunos, como também para toda a vizinhança. São raros casos de roubo e assalto nas redondezas.

Com o forte intuito de mudar os rumos e o rótulo negativo do CEF 10, a nova direção tem pensado em diversos métodos para fazer com que isso aconteça o quanto antes. O primeiro passo é um canal livre para a conversa entre pais, escola e alunos, só assim todas as partes poderão ser ouvidas e também ouvir as necessidades e obrigações que cada um tem a desempenhar. Os professores estão mais comprometidos e motivados a desempenhar projetos que estimulam o desenvolvimento dos alunos, e não ficam presos ao ensino tradicional, as aulas estão mais dinâmicas. Um sistema de palestras foi implantado com temas que abordam a valorização da vida, o malefício das drogas, esclarecimentos sobre sexualidade, abuso sexual, e nesse tema a escola participou da caminhada organizada pelo Conselho Tutelar do Guará e Ministério Público no dia 18 de maio, dia nacional de combate a exploração sexual de crianças.

Outro sinal de mudança foi que há muitos anos a escola não se apresentava no desfile em comemoração ao aniversário da cidade, e este ano participaram abordando o tema relacionado ao uso consciente da água, os alunos ficaram muito felizes com a proposta. Uma novidade que tem motivado ainda mais os alunos é a gincana que está acontecendo de maio a julho. Todo desempenho dos alunos/participantes vale ponto, atividades, competições, bom desempenho em sala, pontualidade, arrecadação de itens para o bazar, cuidado com o uniforme, tudo é levado em conta.

Os moradores das quadras em volta já tem percebido a melhoria no CEF 10 e como incentivo à transformação, no começo do ano dezenas de pessoas doaram seu tempo, dinheiro e objetos utilizados na pintura da escola. E ao longo do ano, pais de alunos que trabalham como eletricista, encanador, pedreiro se oferecem para fazer pequenos reparos e não cobram pelo trabalho. “Fazemos muitas coisas na escola sem verba do governo, tudo é com o apoio  dos pais, é uma ajuda imensa”, diz a diretora.

Shailane Cristina O. Maciel, 12 anos, é aluna do 8º ano, mas estuda no CEF 10 desde o 6º, para ela a principal mudança foi a rigidez com que a direção tem insistido, “antes a gente podia chegar atrasado e entrava pra segunda aula, agora não; se a gente chega atrasado, nem pode entrar na escola, tem que ir embora, está todo mundo preocupado em não se atrasar mais”, declara a estudante. Ancleydson Sousa, 14 anos, cursa o 8º ano, já reprovou em outra série, e agora se diz motivado a vir pra escola, “eu tinha muita preguiça de estudar, achava muito sem graça, estou gostando muito do novo sistema que os alunos é que mudam de sala, e o professor fica fixo na sala dele, fica mais legal assim, da uma movimentada também né”, elogia Ancleydson. A transformação tem sido tão real que a escola que antes era rotulada negativamente, atualmente tem uma lista de espera de alunos aguardando vagas.

O conselho escolar e os pais decidiram juntos adotar um sistema inovador, é o Escolar.pro um sistema eletrônico que registra o horário de chegada e saída dos alunos através de uma carteirinha de uso pessoal, ao passar pelo leitor, fica registrado os dados e os pais podem acompanhar pelo aplicativo no celular. Esse sistema não anula o ritual da chamada em sala de aula, ele apenas envia dados aos pais e responsáveis, que assim podem acompanhar a frequência dos filhos e garantir a segurança do mesmo. É um sistema particular que os pais decidiram pagar e não tem nada a ver com a Secretaria de Educação.

O CEF 10 prepara para o dia 08 de julho a partir das 16h uma grande festa julina aberta a toda população, com comidas típicas, muita dança, um bazar com itens a preços bem acessíveis.