A saga é a mesma que acompanha a maioria dos empresários que vieram do interior, principalmente do Nordeste, e venceram na vida às custas de muito trabalho e determinação. Inconformado com as dificuldades de continuar vivendo com dignidade na pequena Várzea Nova (Bahia), Edson Amaro Soares resolveu tentar a vida em Brasília. Juntou a coragem e vontade de vencer e veio, de mala e cuia. Mais cuia do que mala.
O primeiro emprego foi no grupo Pão de Açúcar, onde ficou um ano e meio. De lá, foi ser office boy na Metal Forte, loja de materiais metalúrgicos, por dois anos. Convidado
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por um amigo, foi ser gerente da antiga Embraco, outra loja do ramo que existia na QE 30. Assim, foram nove anos. Com o conhecimento adquirido no ramo e a determinação, ele resolveu criar seu próprio negócio. Juntou as economias, arranjou um sócio, foi á luta e abriram uma loja na QE 40. Nove anos depois, o sócio saiu e ele passou a tocar o negócio sozinho, ou melhor, com a ajuda do irmão Silvon, seu gerente da loja até hoje. Em dezembro, a Guará Produtos Metalúrgicos está completando 20 anos.
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Com o crescimento da cidade, o negócio também cresceu. Da uma pequena loja alugada na QE 40, a Guará Produtos Metalúrgicos mudou-se para um prédio próprio na quadra ao lado, e hoje é a maior do ramo no Guará, referência para a maioria absoluta dos serralheiros que trabalham na cidade. Nem a concorrência das grandes metalúrgicas no SIA incomodam, porque os preços são competitivos e a facilidade do transporte para compras menores também, sem contar a relação próxima com os clientes.
Relação de amizade
“Fizemos uma grande clientela, que se tornou numa grande amizade e confiança. Conhecemos provavelmente todos os serralheiros do Guará e não deixamos de vender a ninguém, mesmo se algum deles não tenha como pagar na hora. Sabemos quem é quem”, garante Edson.
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A demanda cresceu e com ela a necessidade de ampliar o mix de serviços para não perder a clientela da cidade. Há seis anos, Edson resolveu investir numa indústria de corte, dobra de ferro e manufatura de outros produtos de serralheria até três metros, num galpão próximo à loja, no condomínio Bernardo Sayão. Também próprio.
E vem mais. “Adquirimos equipamentos para a montagem de uma fábrica de telhas galvanizadas, que será montada em breve, mas não no Guará, porque não encontramos aqui área suficiente”, conta Edson Amaro. “Adquirimos” é pronunciado por ele no plural, porque a empresa se tornou familiar, com a participação da mulher, dois filhos, o irmão e um primo no negócio.
Outro segredo do crescimento é que todo o investimento é feito com recursos próprios, sem qualquer financiamento. Pelos seus cálculos, por alto, Edson prevê ter investido cerca de R$ 6 milhões no negócio até agora. Muito, para um rapaz que deixou o interior da Bahia só com o dinheiro da passagem e 29 anos depois tornou-se um dos mais prósperos empresários do Guará.