ACIDENTE ANUNCIADO

Erosão progressiva no córrego Guará provoca rachadura e ameaça de desmoronamento na via EPTG. Parte da pista é interditada. Problema foi detectado em 2010

A queda de parte do viaduto sobre a Galeria dos Estados na semana passada pelo menos serviu de alerta para outros riscos de acidentes por falta de manutenção de equipamentos públicos no Distrito Federal. Coincidência ou não, menos de uma semana depois, por pouco um dos lados da pista da via EPGU (Guará-Zoológico) quase ruiu depois de apresentar rachaduras numa das laterais logo após uma sucessão de chuvas fortes. Na segunda-feira de Carnaval surgiram fendas no asfalto na pista do lado direito no sentido Guará – Eixão Sul, assustando os motoristas que trafegavam pela via.
Semelhante ao que aconteceu no viaduto do Eixão Sul, o acidente da EPGU era questão de tempo e o problema já era de conhecimento dos órgãos públicos que cuidam da área ambiental e da rodoviária. A erosão no leito do Córrego Guará aumenta a cada período chuvoso, se aproximando rapidamente da pista. Os riscos de desmoronamento da ponte foram previstos no Plano de Manejo do Parque Ezechias Heringer, o Parque do Guará, elaborado em 2010, portanto, há sete anos. De acordo com o documento, a erosão vem sendo provocada pelo choque das águas das chuvas sobre as laterais do leito do córrego logo após a ponte e cita a necessidade de medidas emergenciais. Mas nada foi feito para impedir o aumento da erosão e nem para reforçar a base da ponte. O problema pode também ter sido agravado pela escavação de buracos na lateral da ponte para a instalação da rede de alta tensão da CEB há duas semanas.

Riscos podem aumentar
Logo após o surgimento das rachaduras, uma das faixas da Estrada Parque Guará (EPGU) foi interditada pelo Departamento de Estrada de Rodagem (DER-DF), sob a alegação de haver “risco de movimentação de terra”. E que será feita uma análise do solo para ver qual a melhor solução para recuperar o asfalto, com segurança para os veículos.
As rachaduras chegaram a 41 metros na faixa, com larguras de até 40 centímetros, mas foram cobertas nesta quinta-feira com massa asfáltica, o que, entretanto, não garante a liberação da via, que ficará parcialmente interditada até a conclusão dos estudos.
Quem passa pela EPGU percebe facilmente o aumento da erosão no leito do córrego Guará ao lado da ponte. Durante os últimos dez anos, o curso das águas foi desviado cerca de 50 metros, aumentando sua proximidade com a ponte de forma perigosa.

A erosão no leito do Córrego Guará avança perigosamente sobre a base da ponte

A interdição aumenta o transtorno para os motoristas que usam a EPGU nas horas de pico. “Se já estava difícil o gargalho que se formava até o viaduto da Epia, agora ficou pior ainda. É um absurdo que o governo tenha deixado chegar a essa situação”, reclama Josmar Andrade, que usa a via todos os dias de manhã para ir trabalhar. “Como essa seria uma obra que não traria visibilidade e vantagem eleitoral, foi sendo adiada até chegar a essa situação. O descaso do governo, aliás, de todos os governos do DF durante o período do problema, dá nisso. Sobra pra nós”, critica Maria das Dores Ferreira, moradora do Guará.