Criada em 2000 pelo então governador Joaquim Roriz para ser um experimento de novas tecnologias de construção, a Vila Tecnológica mudou logo de destinação e passou a ser opção de moradia para servidores do GDF. Mas, somente nesta quinta-feira, 7 de junho, os proprietários receberam as escrituras definitivas dos seus imóveis, como parte do Programa de Regularização Fundiária do governo Rollemberg. Foram 103 documentos entregues, em solenidade com a presença do próprio governador.
A espera dos moradores pela posse definitiva vinha sendo protelada pelos sucessivos governos do Distrito Federal, mas passou a ser agilizada a partir do ano passado, quando a Associação de Moradores do Projeto Lúcio Costa (Ampluc) assumiu a intermediação do processo junto à Companhia De Desenvolvimento e Habitação (Codhab), com o apoio do deputado distrital Bispo Renato, presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Turismo da Câmara Legislativa. Em apenas seis meses, em dezembro de 2017, o processo de regularização estava praticamente concluído, faltando apenas o parecer jurídico do Ministério Público e o encaminhamento dos documentos ao cartório de registro de imóveis do Guará, que foi feito em março deste ano.

Agilidade no processo
“O que poucos acreditavam, por causa das promessas anteriores, acabou sendo concluído em tão pouco tempo, porque houve empenho de todas as partes”, comemora o presidente da Associação de Moradores, Pedro Cruz.
Nas tendas montadas na entrada da quadra, os moradores receberam as escrituras. A primeira delas foi entregue simbolicamente pelo governador Rodrigo Rollemberg à moradora Isabel Soares, servidora pública da Administração Regional do Guará, conhecida por servir cafezinho e água no gabinete do administrador regional há mais de 23 anos.
Vila Tecnológica seria um projeto experimental. Mas não foi

Em março de 2000, o governador Joaquim Roriz anunciava a criação de um projeto inovador e revolucionário para testar técnicas econômicas de construção, a ser implantado ao lado da quadra Lúcio Costa, também resultado de um experimento de habitação comunitária do governador José Aparecido.
De acordo com o projeto anunciado por Roriz, a Vila Técnológica iria testar construções em fibras vegetais, casca de arroz, cutícula de café, serragem, blocos de entulho de obras, painéis de isopor e outras técnicas em experiência no mercado. O mais promissor seria o de blocos de concreto construído com restos de obras, desenvolvido por uma empresa brasiliense. Para a execução do projeto, 14 empresas teriam se apresentando para participar da experiência.
Durante a assinatura da ordem de serviço para o início da obra, em tendas montadas onde é hoje a quadra, a então secretária de Desenvolvimento e Habitação, Ivelise Longhi lembrava que o projeto iria baratear o custo das habitações populares em até 40% e seria estendido a outros assentamentos habitacionais que o governo pretendia implantar. Pelo contrato, as 14 empresas teriam 120 dias para concluir as casas, mas apenas algumas conseguiram cumprir o acordo no prazo e outras abandonaram as obras inacabadas ou entregaram incompletas.
Projeto abandonado
Dois anos depois de anunciado o projeto inovador, que teria sido baseado em projeto semelhante desenvolvido em Curitiba, a Vila Tecnológica tinha a metade das casas construídas e outras iniciadas com as técnicas prometidas. O projeto havia em parte fracassado como foi idealizado, porque algumas construções apresentavam defeitos e apresentavam riscos aos seus ocupantes no futuro.
Como havia a promessa da casa própria aos servidores públicos, o governo resolveu entregar as casas como tinham sido construídas e permitir que cada morador fizesse as reformas como quisesse. Além das 85 casas com técnicas ecológicas, foram entregues mais 18 lotes a outros servidores.
Sem os resultados esperados, o próprio governador Joaquim Roriz e seu sucessor Cristovam Buarque abandonaram a ideia de estender o projeto de técnicas inovadoras de construção a outros assentamentos. De vila tecnológica, a quadra tem apenas a denominação.