A música sertaneja, ou caipira, tem dois principais embaixadores no Distrito Federal: Wigberto Tartuce, o Wigão, ex-deputado distrital e dono da rádio Atividade FM, e Juarez Fernandes, o Compadre Juarez. Por longevidade, Compadre Juarez está na frente, porque são 55 anos dedicados à música de raiz no rádio e na televisão. Morador do Guará há 38 anos, esse goiano de Formosa está de casa nova, agora na Rádio Clube FM, emissora dos Diários Associados, depois de 23 anos na Rádio Atividade, com o programa de maior audiência da madrugada brasiliense.
A história de Juarez com o rádio e a música sertaneja começou aos 10 anos de idade, em Formosa, na Rádio Alvorada AM. “Fazíamos o programa ao ar livre, debaixo de um pé de pequi e sentado numa lata de tinta, porque não havia estrutura para fazer um programa ao vivo em estúdio. Depois, é que as coisas foram melhorando”, relembra o radialista. Na emissora goiana, ele foi, além de locutor, sonoplasta, redator, noticiarista e o que mais fosse necessário para tocar o programa.
Mas, Formosa foi ficando pequena para seus sonhos e ele veio para Brasília. Durante 21 anos comandou um programa sertanejo na Rádio Planalto, outros 12 anos na Rádio Globo AM, e mais 4 anos na Rádio Nacional AM. Sempre como campeão de audiência no seu horário. O sucesso do rádio levou Compadre Juarez para a televisão, inicialmente na TV Capital (Hoje Record), TV Nacional e depois na TV Brasília (Na época, TV Manchete), em boa parte dividindo o espaço com seu amigo e parceiro Clayton Aguiar.
Amigos no meio
Nesses 55 anos de carreira dos seus 65 de vida, Juarez fez inúmeras amizades no meio artístico, entre eles Amado Batista, Zé Rico (da dupla com Milionários), Ângelo Máximo, Di Paulo e Paulinho, Bruno (da dupla com Marrone) e muitos outros. Foi também o principal responsável pelo lançamento da dupla Rick e Rener. “Eu tinha um escritório no Edifício Consei, no Guará II, onde produzia os programas e recebia artistas e empresários. Lá, apareceu o Rick, que de cara vi que tinha muito talento. Mas faltava a ele uma segunda voz, quando, por acaso, um dia apareceu lá o Rener, que tinha acabado de chegar de Patos de Minas em busca de oportunidade. Foi minha mulher Cilene que descobriu nele o parceiro ideal para o Rick. Aí foi só juntar os dois”, conta.
Mas quem pensa que Compadre Juarez só ouve música sertaneja, está enganado. “Sou eclético. Sou daqueles que consideram que existem dois tipos de música: a boa e a ruim. Gosto de qualquer música. Sou fã por exemplo de Renato Russo, Paralamas e Beatles. Mas não gosto de funk, música baiana e do chamado “sertanejo universitário”, embora tenha que tocá-lo em meus programas. É uma distorção da música sertaneja – não tem poesia, só fala em sacanagem, não tem ritmo”, critica. Segundo ele, de cada 10 músicas pedidas pelos seus ouvintes, oito são de música sertaneja e apenas duas são de universitária. “É uma música glamourizada pela TV. A maioria é artista e não cantor”.
Descanso no Paraíso
Acostumado a levantar de madrugada há mais de 50 anos – o programa é de 3h30 às 6h30 de segunda à sexta -, Juarez tira o dia para as caminhadas em volta do calçadão do Guará II e para curtir os quatro netos, dos filhos Charles, Maria Rita e Juarez Filho, seu sucessor na carreira e com quem já divide seus programas. A companheira Cilene é a mesma de mais de 40 anos, também natural de Formosa, onde começaram a namorar.
Sexta, o destino é, invariavelmente um só, a chácara aos pés da Cachoeira Itiquira, em Formosa, que ele chama de “Paraiso”, onde recebe os filhos, netos e os amigos. “É lá, na natureza, que me renovo para enfrentar o batente da semana”, diz ele.