Governo Rollemberg retirou os chacareiros, mas PARQUE DO GUARÁ CONTINUA QUASE ABANDONADO

Mais um governo que não consegue implantar o projeto de ocupação da área, embora tenha avançado na desocupação

O segundo mais antigo parque ecológico do Distrito Federal – foi criado oficialmente em 1998, mas existe há mais de 40 anos – o Ezechias Heringer vai chegar aos 60 anos de Brasília e aos 50 de Guará sem ser utilizado pela comunidade – os únicos ocupantes nesse período foram os chacareiros, retirados somente no início deste ano. Tratado como uma das prioridades pelo então candidato a governador Rodrigo Rollemberg, o parque chega ao final de mais um governo sem avanços na implantação do seu plano diretor.
Entra governo e sai governo e os moradores continuam vendo o parque à distância, sem poder usufruí-lo, com exceção da área próxima à sede administrativa, onde existe um parque infantil, equipamentos de ginástica, quadras poliesportivas e uma trilha asfaltada. Bem mais jovens, os parques de Águas Claras e o Olhos D`água, na Asa Norte, foram dotados de boa infraestrutura e são bem utilizados pelos moradores. O do Guará, nada.
O que não teve nesse período, foram promessas de governadores de entregar o Parque do Guará desocupado e com muitas atrações para os frequentadores. Mas, todos eles, com exceção de Rollemberg, esbarraram na falta de vontade ou de força política para retirar os mais de 70 chacareiros que ocupavam a maior parte da área de 306 hectares. Todas as vezes que o governo anunciava uma operação de desocupação, recebia pressão de parlamentares e recuava.
A primeira tentativa de desocupação do parque aconteceu no segundo Governo Roriz, quando foi acordada com os chacareiros uma indenização pecuniária pela área que ocupavam, mas a negociação esbarrou na Justiça – na época ainda não havia Ministério Público – que alegou que não cabia compensação a quem ocupava área pública, principalmente de reserva ambiental. A única exceção foram as indenizações aos chacareiros que ocupavam a área onde foi construída a linha do metrô.
A segunda tentativa aconteceu no Governo Arruda, quando ficou acertado que parte dos chacareiros receberia lotes rurais na Fazenda Monjolo, próxima do Recanto das Emas, onde poderiam continuar com suas plantações, e outra parte receberia lotes urbanos através da Codhab. Depois do acordo firmado, os chacareiros desistiram porque a área oferecida não tinha energia e nem água. O Ministério Público também ameaçava minar o acordo, sob o mesmo argumento da negociação anterior. E sem a desocupação, nada poderia ser feito.

Só Rollemberg conseguiu desocupar
Mas, pelo menos o Governo Rollemberg teve “peito” para retirar os chacareiros de uma vez e sem compensação, graças à coragem da presidente da Agência de Fiscalização (Agefis), Bruna Pinheiro, com o respaldo do governador. Sem ligar para pressões de parlamentares e do chororô das famílias dos chacareiros, Bruna mandou passar os tratores em todas as construções, sem piedade. Mas parou aí. Nada mais foi feito. Aliás, foi, mas para beneficiar o próprio governo, com a retirada de parte da área do Parque, a 28-A, ao lado do Parkshopping, para ser vendida à iniciativa privada.
Há quem diga que houve pouca vantagem na retirada dos chacareiros, porque a área ficou completamente abandonada. Em alguns locais, passou a ser ocupada por traficantes e outros tipos de marginais, para esconder produtos de roubos, furtos e drogas, como reclamam os moradores da QE 46 em relação às chácaras desocupadas nas proximidades da Saída Sul. A fiscalização praticamente não existe, porque até o antigo Batalhão Florestal, que cuidada do parque, foi desativado no governo passado.
A esperança da comunidade guaraense é que o Governo Ibaneis consiga avançar na implantação da parte recreativa e permitir a ocupação do parque. Pelo menos está recebendo a área desocupada. Não se viu, entretanto, qualquer referência ao assunto durante a campanha do então candidato a governador. Muito menos depois, embora ainda não tenha começado o governo. É cedo para cobrar, mas pode ficar tarde se a comunidade não se mobilizar pela recuperação do maior parque do Distrito Federal.