Sorridente e sempre de bem com a vida, Maria Aparecida Cruz Jesus Silva, baiana de Jacobina e morando em Brasília desde 1997, talvez nunca tenha ouvido falar do filme “De porta em porta”, de Bill Porter, que traz dicas de como o autor fez sucesso em seu negócio. Ainda assim, uma das dicas do filme foi adotada intuitivamente por Cida, como gosta de ser tratada: vender suas verduras e hortaliças de porta em porta, oferecendo conforto e qualidade à clientela. E é isso que ela faz todos os dias, logo pela manhã.
Católica de muita fé, Cida é casada com Valmir Alves da Silva há 24 anos e mãe de três filhos. Da mesma forma que o trabalho, sua família tem grande importância na sua vida. “Amo meu marido e meus filhos e juntos vencemos dificuldades, fazemos conquistas, nos ajudamos e nos divertimos”, conta ela reconhecendo o quanto o marido é parceiro em tudo. Conforme diz, é o marido que ajuda a preparar a terra da chácara próximo à QE 40, onde a família mora e planta os produtos que vende. “Todo o plantio e cada colheita tem a inspeção cuidadosa feita por nós dois”, diz ela acrescentando que a família trabalha muito, mas também seus momentos de lazer: jogar conversa fora, falar do planos para o futuro e ouvir música.
Ao comparar sua vida de hoje e do tempo em que chegou a Brasília, essa capricorniana aguerrida não tem disfarces para declarar. “Quando cheguei na Capital Federal, fiz de tudo, fui faxineira, manicure, copeira, camareira e cozinheira. Trabalhei duro e de maneira honesta. Adquiri experiência, aprendi a ver a vida sob todos os ângulos, amadureci muito. Hoje trabalho por minha conta e felizmente estou prosperando. A sensação de ter o seu próprio trabalho e viver do seu próprio esforço é gratificante”.
Fornecedora
Não é à toa que Cida, a verdureira, se orgulha da prosperidade que adquiriu ao longo da vida. Afinal, além dos contratos exclusivos com 13 restaurantes do Guará e dos vários clientes fidelizados, ela só aumenta a freguesia, mas sempre com o cuidado de não perder a qualidade do produto e do atendimento domiciliar. Por isso mesmo, todos os dias, às cinco horas da manhã, ela se levanta para colher as hortaliças e verduras que irá levar aos clientes. Esse é um trabalho que faz com absoluto prazer, conforme diz.
A chacareira tem outro importante cuidado: nunca usou agrotóxico em sua plantação. “Desde que começamos a plantar, há 21 anos, nunca fizemos uso de nenhum produto agrotóxico. Nosso único veneno é o fumo de rolo de molho na água, por quatro dias. Após isso, coamos e molhamos todas as hortas ao amanhecer e anoitecer. Temos essa mistura sempre pronta para usar no momento que for preciso. Cuidamos diariamente dos canteiros para as pragas não atacarem a plantação. O cuidado aqui é muito grande, pois temos compromisso com os nossos clientes”.