As escolas públicas do Guará e da Estrutural continuam sob a batuta do professor Afrânio Barros. Atuante na educação há 25 anos, ele foi diretor do Centro Educacional 04 do Guará e ocupou diversos cargos na Secretaria de Educação antes de assumir a coordenação das escolas guaraenses em 2015. Agora, se prepara para mais uma gestão com metas bem definidas, entre elas a melhoria da qualidade do ensino na cidade. Afrânio foi escolhido de uma lista tríplice, após passar pelo processo que previa a eleição pelos seus pares, análise curricular e apresentação de projeto para a Coordenação. Hoje, responde por mais de 22 mil alunos, distribuídos em 28 escolas.
Entre 2015 e 2018, seu primeiro ciclo à frente da Coordenação Regional de Ensino do Guará, os índices do IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, melhoraram em 80% das escolas da cidade que fizeram a avaliação. Outro desafio conquistado neste período foi a correção da distorção idade-série a partir do Programa para o Avanço das Aprendizagens Escolares no Ensino Fundamental. Houve ainda um aumento de 248 turmas na Educação Básica e 1.300 novos estudantes passaram a ser atendidos nas escolas vinculadas à CRE. Vários projetos foram iniciados, como o “Cuidando De Quem Cuida”, formação destinada aos funcionários da limpeza, o projeto “Chef na Escola” e o “Alimentação Saudável”, desenvolvido pela equipe de nutricionistas da UNIAE em parceria com instituições privadas.
Qual a situação das escolas do Guará em comparação ao restante do DF?
O Guará tem uma educação pública de qualidade. O trabalho que está sendo realizado pelos gestores e professores, além do apoio e acompanhamento sistematizado da coordenação regional, está resultando numa melhora, ano após ano, da aprendizagem. Não se encontra, ainda, no ritmo que desejamos. É preciso intensificar, é preciso enfrentar desafios, como a violência nas escolas, o uso de drogas. Precisamos das famílias mais próximas da escola. Na Educação Infantil (creches) ainda temos o desafio de universalizá-la pois atualmente a demanda é maior do que a oferta. Nós conseguimos universalizar a educação a partir dos 4 anos. Todas as famílias que nos procuram conseguem uma vaga em uma de nossas escolas, talvez não na que a família deseja, mas será matriculada. Fazer o mesmo para atender às crianças de 0 a 3 anos é o nosso principal objetivo nos próximos anos.
E existe previsão de construção de creches?
Existe esta previsão no Plano de Obras da Secretaria de Educação. Nele está previsto a construção de creche na Estrutural, que impacta muito na oferta de vagas no Guará, e creches aqui na cidade também. Essas demandas foram acrescentadas no planejamento e esperamos que sejam executadas logo.
Como está a estrutura física das escolas do Guará?
As nossas escolas do Guará datam dos anos 70 e 80. Por isso foram construídos sem pensar na demanda que temos hoje, sobretudo de comunicação e computadores. Há salas de aula com apenas uma tomada, por exemplo. É preciso melhor a parte elétrica e reformar toda a parte hidráulica. As escolas têm se empenhado em fazer os reparos e a Secretaria de Educação em fazer as obras de maior natureza, mas esse trabalho ainda é insuficiente. Sabemos que é preciso muito ainda para fornecer um serviço na qualidade que almejamos.
Haverá aumento da verba repassada diretamente para as escolas e gerida pelo Conselho Escolar?
O PDAF, instituído por lei, estabelece dois repasses anuais diretamente para as escolas. Assim o dinheiro é melhor executado, pois os diretores deliberam com a comunidade escolar a melhor forma de investir, principalmente fazendo pequenos reparos nas escolas e a compra de insumos. Há que se evidenciar que essa verba não é para resolver os problemas estruturais nas escolas. Esperamos sim um aumento, principalmente através de emendas parlamentares, como aconteceu nos últimos anos, com apoio do deputado Rodrigo Delmasso. A partir de 2019 os deputados podem indicar as emendas ao orçamento diretamente para as escolas. O deputado distrital Delmasso já nos informou que provisionou este recurso para as escolas do Guará no orçamento vigente.
O Centro de Línguas ainda funciona em um local improvisado. Tem previsão de quando ele vai receber sua sede definitiva?
O Centro de Línguas do Guará, desde a sua criação, funciona em um bloco do CEF 02 do Guará e atende 3400 estudantes em apenas 12 salas. Hoje, graças ao esforço de seus professores, é uma referência. O aluno sai ao final do curso falando fluentemente o idioma. Nos próximos dois anos queremos construir a sua estrutura definitiva. Temos o terreno e já foi solicitado à Novacap a elaboração do projeto. A previsão é que ele seja ao lado do CEPAG (Escola Técnica) e do Centrão, transformando aquela área em um grande campus escolar. Queremos ter ao menos 20 salas de aula para atender até 5 mil estudantes na cidade. Precisamos construir também outra sede para a Coordenação Regional de Ensino, que possibilite a formação continuada dos professores. O terreno onde a Regional funciona hoje pode receber uma creche, para atender ao público da QE 38, IAPI, Polo de Moda e quadras próximas. É uma área que tem grande demanda por educação até os quatro anos de idade. E a regional iria para um terreno próximo ao Posto de Saúde da QE 17.
Vocês esperam greve de professores este ano?
A greve é um direito constitucional assegurado a toda categoria. Em nossa esfera, sempre conversamos com o sindicato, estamos abertos ao diálogo. A decisão do início ou término de uma greve não é uma questão da regional de ensino. Se os professores decidirem por um movimento, vamos respeitar e trabalhar para minimizar os transtornos causados à população. Procuro, na medida do possível, atender a todos e mediar os conflitos. Particularmente, acredito que o governo nos próximos meses deverá apresentar uma proposta para os professores o que possibilitará, caso ocorra, um ano letivo sem interrupções.
Quais as principais propostas / desafios para as escolas do Guará nos próximos anos?
Queremos oferecer formação continuada em serviço para os diretores, docentes e servidores, ampliar a oferta na Educação Profissional, atendendo estudantes da rede e comunidade, com ocupação total das dependências do CEPAG (EscolaTécnica). É preciso, ainda, diversificar a oferta da EJA para o 2º e 3º Segmentos, com a criação de um Polo de Educação de Jovens e Adultos na modalidade Educação à Distância. Reduzir a evasão escolar, em parceria com o Conselho Tutelar, e a reprovação são preocupações constantes. Queremos muito ampliar a oferta na Educação Infantil, com a construção de novas salas de aula e, a partir de parcerias, convênios e execução de plano de obras. E, é claro, melhorar ainda mais os índices do IDEB atingindo ou superando a meta atribuída para cada escola, sendo uma gestão cujo o foco é a plena e efetiva aprendizagem dos nossos estudantes.