Artista plástico do Guará à frente de vários movimentos culturais da cidade, o ativista foi nomeado esta semana gerente de Cultura da Administração Regional do Guará. Será o responsável nesta gestão por guiar os projetos para área na cidade e tem a missão de recuperar os equipamentos públicos abandonados nos últimos quatro anos.
Como é sua relação o Guará? Em especial com a comunidade cultural da cidade?
Sou nascido e criado no Guará, especialmente na QE 38, tenho um profundo carinho e envolvimento por esta cidade. Sou cria das ruas do Guará, conheço cada beco e viela dessa cidade, o que me levou a me envolver em diversos projetos não só culturais, mas também em questões ambientais, como a implementação do Parque do Guará, projetos educacionais, de capacitação profissional, lazer e esporte, mas sempre com o viés artístico, por entender que todos os saberes se conectam. Meu envolvimento maior com a cena cultural começou com a produção da FICA, a Feira de Incentivo a Cultura e a arte, evento que realizamos por quase dez anos, esse evento sacudiu a cidade no início do século e reascendeu a veia cultural da cidade, que desde os lazeres nas praças durante a década de 80, transitava entre o rótulo de “Cidade Dormitório” e “Caldeirão Cultural”.
Os espaços culturais do Guará devem voltar a serem plenamente utilizados?
É preciso facilitar a utilização dos espaços culturais do Guará, por produtores da cidade e por produtores de fora. Inicialmente procurando projetos que melhor de adequem à realidade do Guará, em especial de arte-educação. A prioridade é a criação da biblioteca pública do Guará, mas enquanto isso não é solucionado precisamos de um lugar melhor para que ela funcione, assim como um lugar melhor para as oficinas de arte, música e outras linguagens.
Os espaço públicos do Guará podem e devem te uma ampla utilização. Por isso precisamos desburocratizar e fornecer capacitação, além da formação de público. Mas primeiro é preciso fazer um diagnóstico e buscar recursos públicos para reformas. Novos espaços podem ser criados, a exemplo da biblioteca, mas é preciso um amplo diálogo com a comunidade cultural sobre a viabilidade e a necessidade da criação de novos equipamentos.
E nossos alunos, estão previstos nos seus planos?
A educação e a cultura são irmãs inseparáveis. Já desenvolvi diversos projetos neste sentido, onde artistas da cidade se organizavam de forma voluntária para oferecer oficinas em escolas do Guará, de forma muito feliz. E queremos ter um diálogo muito amplo entre a gerência de cultura e a coordenação de ensino.
Ao longo desses quase 20 anos de arte de rua tenho usado a arte para dialogar com os diversos segmentos da sociedade e para defender nossas bandeiras de igualdade, as questões ambientais, a qualidade da escola, a qualidade de vida, a redução da criminalidade e o que pretendo é continuar fazendo isso, mas desta vez com o poder público.