REDE DE VIZINHOS PROTEGIDOS

Polícia Militar traz para o Guará projeto de proteção mútua entre moradores da mesma rua, condomínio ou quadra

Na proporção inversa do aumento da população, os efetivos dos órgãos de segurança da cidade – Polícia Militar e Polícia Civil – vão sendo reduzidos por conta das aposentadorias e baixas e pela falta de recursos para a reposição de quem sai. Nesse vácuo, aumentam os índices de criminalidade em todo o Distrito Federal. De acordo com as ocorrências policiais registradas na 4ª Delegacia de Polícia, em 2018 aconteceram 218 casos de flagrante de crimes no Guará, com 752 pessoas detidas, 53 armas de fogo apreendidas e 90 veículos recuperados. Disparado o pisca alerta da insegurança pública, a Polícia Militar quer dividir a ações contra a bandidagem com os próprios moradores, através do projeto Rede de Vizinhos Protegidos, criado em Belo Horizonte e estendido para outras regiões do País e já em funcionamento nos Lagos Sul e Norte e agora no Guará.

O projeto foi apresentado ao primeiro grupo de moradores nesta quinta-feira na QE 46

Nesta quinta-feira, o projeto foi apresentado ao primeiro grupo de moradores e líderes comunitários, no Centro de Ensino Fundamental 10, na QE 46, pelo 4º Batalhão da Polícia Militar do Guará para começar a ser implantado na cidade. O projeto é simples e se baseia na solidariedade entre os vizinhos, que podem se organizar em grupos de redes sociais para denunciar possíveis casos de assaltos, furtos, roubos, ou qualquer outro tipo de crime na sua rua ou condomínio, com o apoio e um canal direto com a Polícia Militar.
O projeto não tem custo nem para os moradores nem para os órgãos de segurança. Basta apenas um grupo de WhatsApp ou Facebook de vizinhos, que se alertam quando perceberem algum movimento estranho ou presenciem alguma ameaça ou crime nas proximidades, e acionam a polícia. Uma placa, cujo modelo e arte é fornecido pela PM, é afixada nos muros ou grades das residências da rua ou quadra, informando que os moradores estão protegidos pelo projeto, com os números de contato da Polícia Militar em casos de emergência. Além do canal direto com a PM, os vizinhos podem utilizar também um apito, mas desde que todos eles saibam que aquele é um sinal de alerta.

“Já havíamos pensado em implantar um projeto semelhante em nossa quadra e agora ficou bem mais fácil com o respaldo da Polícia Militar. É uma forma também de fortalecer a amizade entre os moradores”.
WANDIR MORAIS
Prefeito Comunitário da QE 42

Redução drástica da criminalidade
Com a implantação do projeto na cidade, a previsão é reduzir em cerca de 30% as ocorrências policiais no Guará. “A maioria dos crimes registrados pela 4ª DP e pelo 4º Batalhão da PM, é de roubo e furto a pedestre, a residências e em veículos (objetos retirados de dentro de veículos). São crimes mais fáceis de serem denunciados pelos moradores”, explica o capitão Renan Arakaki, coordenador da Rede de Vizinhos Protegidos no Guará.
A iniciativa de implantação da rede na vizinhança terá que partir dos próprios moradores, que, depois de organizados em grupos de redes sociais, pedem o apoio da Polícia Militar. “Estamos disponíveis para a explicar o projeto a qualquer grupo, basta agendar conosco”, explica o coordenador, que é também subcomandante do 4º Batalhão da Polícia Militar.
Onde foi implantada, a Rede de Vizinhos Protegidos reduziu a criminalidade em até 40%, como é o caso de Belo Horizonte, e está se aproximando disso nas regiões onde já está em funcionamento no Distrito Federal. Além de Belo Horizonte, o projeto já alcançou mais 1 mil bairros em todo o estado de Minas Gerais, de acordo com levantamento da polícia militar mineira, com previsão de atingir cerca de 200 mil pessoas até o final de 2019 no estado.

“Esse projeto chegou em boa hora. Além da proteção, é uma forma também de aumentar a interação entre os vizinhos, que estão se dispersando cada vez com o advento da Internet”.
GICILEIDE FERREIRA
Prefeita Comunitária da QI 22

Divisão de responsabilidades
“Os moradores precisam se conscientizar que segurança pública não pode continuar sendo atribuição somente da polícia. Tem que haver uma parceria entre os dois elos”, afirma Renan Arakaki. Segundo ele, os vizinhos tem mais condições de verificar algum movimento ou pessoa estranha nas proximidades de sua casa, o que facilitaria o trabalho da polícia na abordagem.
“A ideia do projeto é que cada morador seja uma “câmera viva”, ou seja, os olhos da Polícia Militar naquela localidade e acionando a PM caso seja necessário, e proporcionando também, uma aproximação entre a polícia e a comunidade”, explica o coordenador.
Além do 190, os moradores podem se comunicar direto com os militares, o que agiliza o atendimento. “Sabendo utilizá-las, as novas tecnologias são muito úteis entre os vizinhos, porque oferecem a possibilidade de as pessoas se conhecerem e estabelecerem vínculo para proteção umas das outras”, diz o subcomandante do 4º Batalhão, que alerta sobre o surgimento de projetos semelhantes na cidade mas com interesses financeiros, patrocinados por empresas de segurança com o objeto de vender serviços de monitoramento. “O projeto Rede de Vizinhos Protegido não tem qualquer vínculo com esse tipo de comércio. Se por acaso nos grupos que solicitarem o apoio da Polícia Militar surgirem empresas querendo vender seus produtos, não vamos participar, porque não há necessidade. Se bem organizada, a rede funciona muito bem, sem necessidade de custos”, alerta.

“Temos uma rede semelhante na QE 46. Formamos um grupo de WhatsApp com todos os moradores, que dividem os alertas de qualquer movimento estranho na quadra. Com o apoio da Polícia Militar, fica muito mais seguro”.
CÉLIA CAIXETA
Prefeita Comunitária da QE 46

COMO SOLICITAR A REDE

O primeiro passo é organizar os vizinhos num grupo de rede social e depois solicitar uma visita dos coordenadores do projeto para explicar o funcionamento da rede.

Contato 991670891
Capitão Arakaki