Mesmo com as campanhas de conscientização para os riscos da proliferação da doença, os casos de dengue tem aumentado no Guará e no Distrito Federal. Em fevereiro, a região sob responsabilidade da Vigilância Sanitária do Guará, registrou 10 casos confirmados na cidade e outros 20 na Região da Estrutural. Em março foram 24 casos, com a morte de uma grávida de 23 anos. No total de 2019 foram 90 pacientes identificados com a doença na região, quatro vezes mais do que no primeiro trimestre de 2018.
De acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde, divulgado em 1º de abril, a quantidade de ocorrências de dengue tinha aumentado 32% em apenas uma semana e, até 16 de março, foram confirmados 4.339 casos de dengue no primeiro trimestre de 2019, contra 2.463 casos registrados em 2018. Se comparada ao primeiro trimestre do último ano, a diferença é maior ainda: entre janeiro e março de 2018, foram 542 casos, número 665% menor proporcionalmente a 2019. A quantidade de mortes é seis vezes maior do que o período relativo a janeiro a março de 2018, quando aconteceu apenas uma morte por dengue no Distrito Federal.
Embora os números da Região do Guará sejam relativamente pequenos em relação ao DF, eles são muito maiores do que os casos na cidade em 2018.
Mas não é somente o descuido dos moradores a causa do aumento dos casos de dengue no Distrito Federal. Segundo o médico sanitarista da Fiocruz, Cláudio Maireovictch, fatores climáticos tem influenciado bastante na proliferação. “Todo ano temos período de chuvas e secas, mas a questão é que, quando as chuvas se intercalam com o sol, facilitam que o mosquito complete o ciclo”, explica. De acordo com números do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva caiu com menos abundância no DF neste ano. Enquanto nos três primeiros meses de 2018 o índice de precipitação foi de 664,9 milímetros, entre janeiro e março de 2019, choveu apenas 492mm. “Quando você tem chuva o tempo todo, todos os recipientes expostos são lavados naturalmente, então as larvas morrem”, completa Maierovitch.
Mobilização no Guará
O aumento da incidência da dengue na região está mobilizando toda a equipe da Vigilância Ambiental do Guará. Mesmo com uma equipe pequena em relação ao recomendável pelos órgãos de saúde, a chefe do núcleo,
Isabel Lana, conta que o esforço para combater o mosquito tem ido ao limite.
Segundo Isabel, todos os dias as equipes percorrem os pontos mais críticos, conversando com moradores e empresários e verificando se há focos de dengue. No caso do Guará, a preocupação das equipes é principalmente com o Setor de Oficinais (Área Espceial 2A), QE 40/Polo de Moda e QI/QE 12/14, por causa das carçacas de veículos e pneus, e áreas verdes mal cuidadas.
Além da conscientização dos moradores, a Secretaria de Saúde está investindo no velho método do fumacê, aqueles carros que borrifam inseticida nas áreas mais vulneráveis. “Mas, é preciso lembrar que o inseticida só abate o mosquito e não a larva, que pode ficar incubada durante algum tempo para
depois eclodir em novo mosquito”, explica Isabel.
Para ajudar no combate, o governador Ibaneis Rocha anunciou na semana passada o apoio do Exército, inicialmente com a participação de cerca de 1 mil militares nas ruas no trabalho de conscientização dos moradores.
Multa aos donos de imóveis com foco
Outra frente definida pelo governo no combate à dengue no DF é a promessa de cobrança de multa aos donos ou ocupantes de imóveis do Distrito Federal que sejam focos de infestação do mosquito Aedes aegypti. A multa pode chegar a R$ 2 mil .
De acordo com a legislação, quem for negligente com os cuidados em casa pode ser advertido ou até mesmo multado. “A saúde pública faz o seu papel na prevenção e na educação, apontando os cuidados que devem ser tomados para evitar a proliferação do mosquito. Cabe à população cumprir sua parte”, afirma o diretor de Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde, Manoel Silva Neto.
A infração está prevista no Decreto nº 37.078/2016, que estabelece a responsabilidade compartilhada pela adoção de medidas para evitar a proliferação do inseto. Nos locais em que forem identificados potenciais criadouros de vetores, havendo resistência ou inércia na adoção das medidas eficazes para eliminação de focos ou ausência de um responsável pelo local no momento da inspeção, o fato será encaminhado ao respectivo Núcleo de Inspeção Ambiental da região.
Desde a publicação do decreto, mais de 100 autos de infração foram aplicados pela Vigilância Ambiental do DF, alguns gerando multa. O dinheiro arrecadado é investido em ações de conscientização na Saúde.
“Quando o agente identifica o problema, é aberto um processo contra o morador, relatando o fato e dando um prazo para a defesa. Caso o processado não se manifeste ou sua justificativa não seja aceita, ele recebe a infração. A penalidade vai de advertência à multa mínima de R$ 2 mil”, explica Manoel Silva Neto.