A história de uma cidade pelas páginas de um jornal

Jornal do Guará apresenta exposição de exemplares contando parte dos 50 anos do Guará, no saguão da Administração Regional a partir deste final de semana

Entender a importância da história de uma cidade é vital para sua comunidade. Foi com base nesse pressuposto que os responsáveis pelo Jornal do Guará se empenharam para colocar à disposição dos seus leitores mais de 900 edições digitalizadas do Jornal do Guará, o periódico mais antigo do Distrito Federal, fundado em março de 1983.
É um acervo que retrata cada um dos personagens e fatos que fizeram o que o Guará é hoje. Está tudo lá, sem intermediários.
A cidade foi construída nos anos 1970 e consolidada lentamente ao longo dos anos 80. O Jornal do Guará documentou a construção dessa comunidade, suas particularidades e seus símbolos. O veículo, mesmo com as dificuldades e carências iniciais, foi narrador e protagonista da construção de uma das cidades mais bem equipadas e com melhor qualidade de vida do DF, posicionando-se com a comunidade em torno de questões que atingiam a cidade diretamente, como as mudanças arquitetônicas, a consolidação do parque ecológico, o desenvolvimento local, a gestão política e a visão cultural.
Ao longo desse tempo, o processo artesanal para montagem de um jornal mudou. Os fotolitos, as montagens, a datilografia, as revelações são agora obsoletos. O JG está hoje na rede mundial de computadores e chega à casa de qualquer pessoa em segundos, assim que a notícia acontece. A edição impressa, semanal, se mantém forte. Mas, a versão digital ou nas redes sociais, chega a milhares de leitores em segundos. A essência do jornalismo é a mesma, assim como a essência do JG, um modesto jornal comunitário que sobreviveu à massificação dos meios de comunicação.

Pertencimento
Jornalismo é a história contada no exato instante em que acontece. Folhear o JG, desde a sua primeira edição, é entender a história da cidade, compreender os fatos que levaram à sua fotografia atual. É reviver a importância da missão de criar as condições para que uma comunidade, ciente de sua história, tenha orgulho de passado e presente. Aflora em uma população bem informada a sensação de pertencimento a uma comunidade e, por consequência, suas capacidades de desenvolvimento social e econômico são potencializadas. Assim, a trajetória do jornal confunde- se constantemente com a trajetória do Guará e ambas são escritas na voz futura. Ao relermos o passado contado como a novidade incrível, como o que está para acontecer, lida-se com o ápice da incerteza dos dias que virão.
Em cada edição desses anos, o JG contou os acontecimentos e, principalmente, revelou os planos de nossos cidadãos e governantes. Tornou públicos os projetos de desenvolvimento, as ideias dos guaraenses, as aspirações políticas, as indagações das lideranças e as previsões para um futuro que passou. Ou seja, as notícias que relatavam há anos os projetos vindouros agora são história. Alguns projetos, previsões e ideias nunca aconteceram. Outros se tornaram o que nos orgulhamos de hoje chamar de Guará. O JG, baseado no que sabia, fez também suas previsões. Quantas vezes aspirou desvendar o nome do administrador antes do anúncio oficial, ou tentou entender os próximos investimentos do Estado, ou como nossos cidadãos se comportariam. Acertou algumas vezes. Mas errou muitas e provavelmente continuará a errar. Essa futurologia lógica, esse historiar o presente é que faz do jornalismo peça fundamental no desenvolvimento de qualquer povo. Traz à tona a grandeza de tornar público o que é privado, de dar a todos o poder da informação.
Em busca da história da cidade podemos agora nos deparar com a narrativa da consolidação de uma cidade no Brasil. Um fato raríssimo, possível no Distrito Federal por conta da sua recente fundação. Quando a primeira edição circulou, a cidade do Guará tinha apenas 14 anos. Imagine quantas vezes isso foi possível. Um veículo de comunicação narrar o crescimento de uma cidade inteira desde os seus primeiros anos. Percebe-se que as páginas guardadas das edições antigas do JG continham o passado narrado em tempo presente, uma perspectiva diferente de se olhar o passado. É uma ferramenta para os estudantes e, principalmente, para os líderes e os governantes, para que conheçam bem o passado a fim de compreender os problemas presentes.

Aplicações da história
Ainda que se trate de um compêndio de edições físicas, facilitando sua categorização por dados numéricos, é na subjetividade do seu conteúdo que reside o material a ser estudado. Por isso, o caso a ser apresentado é o conteúdo do acervo de edições e seus desdobramentos sociais.
O propósito não é analisar minuciosamente os documentos componentes do acervo do Jornal do Guará, mas criar a possibilidade de outros terem acesso a essas informações. E a partir daí encontrar coletivamente análises da história da cidade, do percurso do JG e, principalmente, encontrar finalidades práticas para a documentação histórica dos anos fundamentais de uma cidade, quando se afirmou como tal e consolidou suas principais características. É entender a importância da história de uma cidade para sua comunidade.
Propõe-se a partir da abertura deste acervo, a construção coletiva de finalidades para o mesmo. Sejam elas para entender a formação do Guará, a evolução do jornalismo comunitário nos últimos anos ou para rever decisões que deram forma à nossa comunidade de maneira isenta dos preconceitos formados pelo tempo. É um meio de analisar as ideias passadas quando ainda eram frescas, as que deram certo e as que falharam.

 

Você pode encontrar as edições passadas do Jornal do Guará em:

https://issuu.com/jornaldoguara/stacks