A Copa do Mundo Feminina começa na próxima sexta-feira, dia 7 de junho. São 552 jogadoras de 24 seleções, jogando, na França, em busca do louro máximo do futebol. A seleção Brasileira, que nunca conquistou um título, estreia no grupo C, entre Austrália, Itália e Jamaica.
O Brasil, com toda a sua tradição no futebol, nunca priorizou as categorias femininas. Enquanto as mulheres dos países nórdicos, oceânicos e os Estados Unidos tem grande tradição no esporte, o Brasil investe, e torce, muito pouco nas jogadoras. Apesar de termos a melhor jogadora do mundo e outras tantas igualmente talentosas, o lugar delas nunca foi garantido em campo. Sempre foi preciso brigar, discutir, persistir e treinar, até escondido, para conseguir trilhar o caminho do futebol feminino no Brasil.
Guará pioneiro no Futebol feminino
Mas, se hoje a situação é bem ruim para as mulheres neste esporte, imagina há 36 anos atrás. Com um mundo ainda mais machista, com questões de gênero ainda mais encrustadas na sociedade, poucas mulheres desafiavam o status quo para jogar futebol. Nem amadoramente, imagine profissionalmente. Felizmente, o Guará é uma exceção neste cenário. O Clubes de Regatas Guará, mais antigo time de futebol do Distrito Federal, já contava com seu esquete de mulheres, que jogavam em partidas preliminares durante o campeonato candango.
Em 1983, o então administrador Francisco Brandes solicitou aos dirigentes do Clube de Regatas Guará que montasse um time feminino para atuar em um jogo comemorativo do aniversário da cidade. CR Guará e América Mineiro se enfrentariam, mas antes, as meninas deveriam entrar em campo. Para a preparação física, foi convocado Lia Samara, que na época organizava desfiles, bailes e peças de teatro. Juntou-se um time coeso, reunindo talentos avulsos de toda a cidade. A mais nova delas era justamente a melhor jogadora, como revela a reportagem do Jornal do guará da época. Leni Silva, aos 14 anos, era a sensação aquele time.
“Eu não gostava de jogar entre as meninas porque não tinham qualidade técnica e machucava-nos demais. Jogava sempre na rua, ou perto de casa, com os meninos. Depois daquele jogo inicial, com a matéria no Jornal do Guará e depois em outros jornais e rádios, continuamos a jogar”, conta Leni, hoje Josilene Fernandes Monteiro.