Helen Cristina Caldeira Deluque é mãe de dois adolescentes e divide as preocupações domésticas com seu trabalho como professora de crianças com autismo na Escola Classe 6 do Guará. Aos 48 anos, consegue dividir a intensa rotina com uma atividade ainda mais intensa: a ultramaratona. “Sou corredora há uns 7 anos, tenho na corrida minha paixão, minha terapia, minha válvula de escape da correria do dia-a-dia”.
Atleta da seleção brasileira de ultramaratona, no dia 27 de julho participou do Continental de Ultramaratona de 100 km em Bertioga, São Paulo. Era a única mulher de Brasília na seleção e trouxe para a capital a medalha de ouro. “Fui para essa prova, com o objetivo de completar a prova e representar bem o Brasil e Brasília. Nunca imaginei ganhar uma prova como essa, mas consegui completar os 100 km e ser a campeã”.
Treinamento puxado
A rotina de um atleta amador não é fácil, exige disciplina, dedicação, superação diária, alimentação saudável e equilibrada. “Tenho que conciliar o trabalho de professora, mãe, dona de casa, esposa com o de atleta. São treinos longos com horas de duração, sendo preciso sacrificar os filhos para realizar os treinos. Mas, quando fazemos o que amamos, mesmo com as dificuldades, falta de patrocínio, vamos em busca dos nossos sonhos”, conta a professora.
Desenvolvimento gradual
“A corrida entrou na minha vida como uma forma de lazer e saúde. Comecei correndo provas de 5 km, 10 km. Via outros atletas correndo meia maratona (21 km) e maratona (42 km) e achava aquilo fora do normal. Como uma pessoa pode colocar seu corpo numa situação de desgaste tão grande? ”.
Por insistência do marido e de amigos, fez a primeira meia maratona e se apaixonou. Depois, veio uma maratona completa. “Foi quando me encontrei na corrida. Achei uma experiência incrível, o prazer de cruzar a linha de chegada era imenso. O sentimento de superação e conquista pessoal era maravilhoso”.
Em 2015, entrou na assessoria de corrida Elite Multisports em Águas Claras quando, sobre a orientação do treinador Júlio Ventura, resolveu fazer uma ultramaratona de 60 km da Volta do Lago. “Para minha surpresa e alegria, fui campeã da prova. Realizei os 60 km da Volta do Lago nos anos seguintes: 2016 e 2017 e fui três vezes campeã. Em busca de novos desafios, em 2018 resolvi fazer os 100 k da Voltado Lago. Pensava apenas em completar a prova e cruzar a linha de chegada, mas para minha alegria, fui campeã. Essa prova me deu índice para fazer parte da Seleção Brasileira de Ultramaratona e competir no Mundial de Ultramaratona na Croácia, que aconteceu em setembro do mesmo ano. Foi uma conquista imensa para mim, pois nos meus 47 anos, jamais imaginei representar o Brasil em uma competição”. Helen é a atual campeão dos 100 km da Volta do Lago e já voltou à sua rotina como professora na Escola Classe 6 do Guará.