Na esteira da crise que afeta boa parte das escolas particulares, reflexo da perda do poder aquisitivo da classe média, a cidade está perdendo mais uma escola particular, além do Maxwell. Depois de cinco anos na cidade, como sucessora do antigo Colégio Dimensão, na QI 6 do Guará I, o Alub também está fechando as portas. Os motivos, entretanto, em parte são diferentes do fechamento do Maxwell, porque, além do momento financeiro do brasiliense que está retirando alunos da rede particular, o problema foi provocado pelo controlador da rede Alub, o empresário Arthur Pinheiro Machado, que foi preso em uma das fases da Lavajato, acusado de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção por meio de fraudes nos fundos de pensão. Na asfixia financeira dos seus negócios por causa da condenação, a escola foi diretamente atingida.
Também como o Maxwuell, a crise vinha batendo na porta do Alub há algum tempo. Os pais já sabiam que o balão estava prestes a estourar, mas esperavam que fosse demorar mais ou que a crise pudesse ser revertida.
A quase extrema unção do Alub aconteceu nesta segunda-feira, 28 de outubro, quando uma reunião que deveria oficializar a rescisão dos professores terminou em impasse. De acordo com o Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), os funcionários da Contabilidade e de Recursos Humanos da escola se negaram a fornecer documentos da rescisão dos professores, porque também estão com seus salários atrasados.
“Mas, quando os professores chegaram no setor administrativo da escola, os funcionários não quiseram realizar os procedimentos combinados. Disseram que só vão fazer os termos de liberação depois de receber os seus salários em atraso também”, explica Rodrigo de Paula, presidente do Sinproep.
A tentativa de acordo havia sido agendada na quinta-feira passada, 24 de outubro, no Ministério Público, quando foi costurado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), em que a direção do Alub faria a demissão dos profissionais sem “justa causa” e homologaria as rescisões com assistência do Sinproep-DF. A medida garantiria a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do pagamento do Seguro-Desemprego, concedido apenas para quem trabalha há pelo menos um ano na escola. De acordo com o MPDFT, as Promotorias de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) e de Defesa do Consumidor (Prodecon) atuam para garantir que os estudantes consigam concluir o ano letivo de 2019.
No acordo, o Alub se comprometeu a entregar as declarações escolares para a transferência dos alunos; rescisão contratual sem multa rescisória para os consumidores; cancelamento da cobrança das mensalidades de outubro, novembro e dezembro nos contratos anuais; direito de não pagamento das mensalidades de outubro, novembro e dezembro nos contratos inferiores a um ano. Para a assinatura do TAC, ainda falta definir o prazo para a entrega dos históricos escolares pela rede de ensino. De acordo com o Manual Escolar da Secretaria de Educação, o prazo é de até 30 dias.
Professores pararam. Pais lamentam
As aulas das seis escolas da rede foram interrompidas logo após o Dia do Professor, 15 de outubro, com a greve dos professores pelo pagamento dos salários atrasados há três meses. A paralisação provocou uma debandada de alunos, transferidos pelos pais para outras escolas particulares a tempo de concluírem o ano letivo.
A crise, embora não tenha havido surpresa, provocou transtornos aos pais e alunos. “Meu filho já vinha muito preocupado com a situação da escola. Meu sobrinho era professor lá e saiu em julho ao sentir que situação iria piorar”, conta Gleice Soares, mãe de um aluno do Alub do Guará I. “Além do prejuízo curricular, há o emocional da criança por causa da mudança brusca de escola nessa época”, completa. Mãe de dois alunos da unidade do Guará I, Eliane Azevedo diz que lamenta muito o fechamento da escola, que, segundo ela, “era excelente, tanto no aspecto pedagógico como na atenção aos alunos. Ficamos muito tristes e choramos muito, mas tivemos que procurar outra alternativa”.