Dayane Feitosa, professora da Centro de Ensino Fundamental 5, entre as QEs 32 e 34 do Guará, concorre ao prêmio ‘’De Olho da Verdade’’, a a ser entregue no dia 12 de novembro, na Procuradoria Geral da República. O prêmio é oferecido pelo Instituto Auschwitz para Paz e Reconciliação, pelas Embaixadas da Suécia e Finlândia e pelo Ministério Público. A ideia é identificar e disseminar práticas educativas dialógicas que promovam a conscientização dos estudantes por meio da participação de suas professoras e seus professores estudantes do curso Cidadania e Democracia desde a Escola.
A professora participou do curso, mesmo dando aula para alunos mais novo. “Apesar do material atualmente ser pensado para alunos de séries mais avançadas, adequamos o conteúdo a idade e passamos a discutir os temas em sala de aula”, explica. Portanto, no 4º ano, ou com nove anos, os alunos passam a discutir temas que já fazem parte do dia a dia deles, mas não são abordados adequadamente.
Em 2018 o projeto foi aplicado em uma fase piloto em sete escolas públicas – duas em Brasília-DF e cinco em São Paulo – em colaboração com as Secretarias de Educação de ambos os estados. Durante 2019, o Instituto estima envolver um total de até 70 professores e coordenadores, 25 escolas, e um número ainda indeterminado de estudantes, como ponte para expandir o projeto a outros estados do país em 2020.
No Guará
A classe de Dayane é de integração inversa’, onde alunos com necessidades especiais aprendem junto a todos. As aulas foram preparadas de acordo com o estágio de aprendizado dos estudantes. Nas aulas preparadas pela professora, os pequenos discutiram sobre a própria identidade, sobre como a população brasileira foi formada e como é diversa; sobre preconceito e racismo, trabalho infantil, direitos humanos, igualdade de gênero, democracia, cidadania, e até mesmo sobre Fake News. Temas que deveriam ser discutidos diariamente na escola, para que a formação dos alunos seja mais completa e prepare as crianças a viver pacificamente em sociedade.
Maria Eduarda Bertunes de Sousa, 10 anos, representante da turma eleita durante uma das atividades sobre democracia, conta que ”a turma aprendeu a respeitar as pessoas pelo que elas são, independentemente do gênero, cor, preferência de música, filme, dança, times, entre outros. Estudamos também sobre a lei Maria da Penha e aprendemos que agressão contra a mulher é crime”. Heitor Santos de Lima, 10 anos, outro estudante da classe, completa ” na aula sobre a Maria da Penha aprendemos que a violência contra a mulher pode ver verbal, física ou psicológica. Por isso devemos respeitar as meninas desde cedo, inclusive no futebol.”
Davi do Prado Braga, 10 anos, se mostrou interessado pelas temáticas e eixos transversais trabalhados. Sua aula preferida foi sobre o racismo, já que pratica futebol e sempre vê nos campos xingamentos relativos à cor e características físicas dos seus oponentes. ”Discriminar as pessoas é algo muito feio. A nossa cor vem dos nossos pais e devemos ter orgulho da nossa família. Gostaria que todos fossem respeitados e não houvesse racismo no mundo. Quem pratica racismo também pode ir para a cadeia.”
Em outra atividade, os estudantes leram a obra ”Malala e seu lápis mágico” e a partir dela conheceram a realidade das meninas no Paquistão e sua luta pelo direito aos estudos. Isadora de Albuquerque, 9 anos, ressalta que ”Malala é um grande exemplo de mulher que luta pelos seus sonhos e direitos. Ela pensou em todas as meninas do seu país e queria que todas mudassem de vida. Arriscou sua própria vida pela educação. Conheci essa história nas aulas da Tia Dayane.”
Agora, a turma segue ansiosa para a premiação final do projeto, no auditório da PGR. Weverton Lima e Silva, 11 anos, diz que ”estamos concorrendo com os alunos maiores, do Ensino Médio e do Fundamental II. A tia Dayane sempre nos disse isso, mas acreditou na gente. Fizemos uma revista com notícias Fake News, uma caixa bem legal e temos certeza que vamos ganhar o primeiro lugar porque merecemos e trabalhamos juntos.”