Perigo no caminho para o Parque do Guará

Para ter acesso ao Parque do Guará, pedestres e ciclistas precisam atravessar a mais movimentada avenida da cidade. Cansados de testemunhar acidentes, moradores pedem uma passarela

Maria do Amparo Rocha da Silva organizou abaixo-assinados e enviou ofícios ao governo, sem resposta, nos últimos 10 anos

Na entrada do Guará, a avenida contorno divide as casas, o calçadão e a ciclovia, do Parque Ezechias Heringer. Para chegar ao parque é preciso atravessar a pista, e apenas uma faixa de pedestres ajuda os pedestres e ciclistas. Os carros que vêm da EPGU, tem a visibilidade à frente reduzida por conta da subida e entram no Guará a 70 km/h, velocidade máxima na via. Os motoristas que saem do Guará II, estão prestando atenção ao pardal e à curva à frente. O resultado são acidentes frequentes.

“Quase todo dia tem acidente aqui na frente. Pelo menos duas vezes por mês acontece um com vítima. Os carros não param para os pedestres e quando param, vem outro por trás e bate. Moro nesta rua há 30 anos e com a reforma do parque, com as pessoas indo mais para lá, tem piorado”, conta Maria do Amparo Rocha da Silva, moradora do primeiro conjunto da QE 19, bem em frente à travessia. “Já reunimos a comunidade, encaminhamos ofícios e abaixo-assinados ao Detran e ao DER e nada é feito”, completa.

Uma das vítimas da faixa de pedestres foi o líder comunitário Raimundo Formiga, morador da QE 32 e frequentador do parque. Em julho de 2015, ele saiu de casa para correr no parque, no fim da tarde. Ao atravessar na faixa de pedestres, dois carros pararam, mas uma moto passou direto e o pegou em cheio. “Fiquei 21 dias no hospital, e mais de um ano me recuperando. Até hoje carrego as cicatrizes e uma placa de metal na perna. Tudo porque decidi correr no parque da minha cidade”, lamenta Formiga. “Deveriam ao menos colocar um semáforo de travessia aqui, enquanto não se constrói uma passarela. Como existe no Cave, no Posto de Saúde, na QE 38, na QE 40. Por que só aqui, na entrada do Parque do Guará não tem?”

Raimundo Formiga foi atropelado na faixa de pedestre por uma moto

O ambientalista e educador Adolpho Fuíca mora bem em frente e relata que sempre é preciso socorrer alguém ali. “O pior é que há uma parada de ônibus de um lado e do outro, para quem precisa ir ao outro sentido, há apenas uma plaquinha. Sem recuo, sem abrigo, sem nada. Além de ser obrigado a atravessar sob riso, é mais arriscado ainda pegar o ônibus em frente ao parque”.

Fuíca reclama do perigo que é também pegar um ônibus no local. Mesmo com espaço de sobra, não há recuo na pista

Passarela

Josinete Alves e sua mãe Odete: novas frequentadores do parque elogiam a estrutura, mas reclamam do acesso perigoso

Uma solução prática e segura seria a construção de uma passarela para pedestres sente ponto. A construção permitiria o acesso ao Parque do Guará sem complicar o trânsito no local, já bastante movimentado. No ano passado o governo inaugurou melhorias no Parque do Guará, com a reforma dos banheiros, parquinhos, quadras e trilhas. Novos frequentadores passaram a visitar o parque, como Odete Alves de Oliveira e sua filha Josinete Alves. “Caminhamos pelo Guará, usamos os equipamentos de ginástica e agora passamos a ir ao parque, que tem uma estrutura muito boa, mas realmente, atravessar esta rua com uma idosa é muito arriscado, mesmo com a faixa de segurança”, conta Josinete.

Um projeto para a passarela no local foi doado à cidade pelo premiado escritório de arquitetura Sidônio Porto. O escritório paulista é o vencedor do concurso para o projeto do Parque Central e Parque Sul de Águas Claras. Com quase 50 anos de história, o estúdio tem tradição em projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo para centros administrativos, parques industriais, parques, praças e espaços urbanos, públicos e particulares em várias cidades e locais do Brasil e do exterior.